Após 23 anos comandando com mão de ferro a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira pediu demissão em caráter definitivo nesta segunda-feira (12). Em entrevista coletiva realizada na sede da CBF para comunicar a renúncia de Teixeira, o novo presidente da entidade, José Maria Marin, leu a carta de despedida do ex-dirigente.
Com um mandato marcado por polêmicas, denúncias de corrupção e recebimento de propina, CPIs que revelaram suspeitas de sonegação fiscal e evasão de divisas, dois títulos mundiais e a escolha do Brasil como sede da próxima Copa do Mundo em 2014, Teixeira preferiu se posicionar como vítima e injustiçado em seu último ato à frente do futebol brasileiro.
“Fiz, nestes anos, o que estava ao meu alcance, sacrificando a saúde, renunciando ao insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias. Mas isso é muito pouco, pois tive a honra de administrar não somente a Confederação de Futebol mais vencedora do mundo, mas também o que o ser humano tem de mais humano: seus sonhos, seu orgulho, seu sentimento de pertencer a uma grande torcida, que se confunde com o país”, afirmou Teixeira, dando a entender que a partir de agora dedicará mais tempo à família e à própria saúde, pois sofre de diverticulite.
Teixeira encerra a carta colocando-se à disposição da CBF, desejando sorte ao sucessor e agradecendo à torcida brasileira e aos presidentes de clubes e federações estaduais que lhe apoiaram nas últimas duas décadas.
“Agradeço de maneira especial aos presidentes de clubes e das federações estaduais, aos dirigentes e colaboradores da CBF, amigos leais em quem sempre encontrei apoio incondicional para o desempenho de meu trabalho. À torcida brasileira, meu muito obrigado. Nunca me esquecerei das taças sendo erguidas. Elas estão no coração de cada um de nós. Elas são um pedaço do Brasil."
Romário – A saída de Teixeira da CBF foi celebrada com particular ênfase pelo deputado federal e ex-jogador Romário, desafeto antigo do ex-dirigente máximo do futebol nacional. Em sua conta no Facebook, Romário disse que a renúncia representa o extermínio de um “câncer do futebol brasileiro”.
Campeão mundial em 1994, Romário lembrou que, apesar da comemoração, é preciso estar alerta em relação à administração de José Maria Marin e recordou o episódio em que o atual presidente da CBF foi flagrado embolsando uma medalha durante a premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano.
Confira na íntegra a opinião do deputado federal sobre a saída de Teixeira:
Boa tarde, Galera!
Hoje podemos comemorar. Exterminamos um câncer do futebol brasileiro. Finalmente, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF. Espero que o novo presidente, João Maria Marin (sic), o que furtou a medalha do jogador do Corinthians na Copa São Paulo de Juniores, não faça daquele ato uma constante na Confederação. Senão, teremos que exterminar a AIDS também.
Desejo boa sorte ao novo presidente e espero que a partir de hoje (acho muito difícil e quase impossível) a CBF dê uma nova cara para o nosso futebol.
Estou muito feliz em saber que participei deste momento de vitória e de mudança para o futebol brasileiro. Não só acredito, mas também espero, que uma limpeza geral seja feita na CBF. Só então, definitivamente, poderemos ficar tranquilos de que a mudança acontecerá em todos os sentidos.
