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CA19: 'Minha história não podia acabar assim’

Imagem CA19: 'Minha história não podia acabar assim’
Relacionado para jogo contra Nova Iguaçu, Carlos Alberto vê partida como recomeço no Vasco  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 15/04/2012, às 16h39   Redação Bocão News


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Não dá para apagar o passado. Carlos Alberto nem quer isso. Como ele mesmo classifica, todos estão sujeitos à chuvas e trovoadas. Por isso, encara a oportunidade que terá neste domingo como um recomeço. Um ano depois, ele está relacionado para um jogo pelo Vasco. Fica no banco de reservas contra o Nova Iguaçu.
A ansiedade pelo retorno é grande. Tanto que chegou ao clube na manhã deste sábado já com a mala pronta para a concentração, sendo que o time iria para o hotel somente à noite. Ele mesmo ri da situação. Mas é compreensível.
– Não aguentava mais ter de ficar o fim de semana vendo os jogos pela TV – disse o apoiador.
Carlos Alberto garante ter aprendido com as críticas e com o tempo afastado. Admite que cometeu falhas. Em entrevista ao LANCENET!, revelou, entre outras coisas, que, no fundo, sabia que sua história pelo Vasco ainda não havia terminado. Um novo capítulo começa a ser escrito neste domingo...
Rodrigo Ciantar: Muitos já não o viam mais com a camisa do Vasco. Quando ficou afastado, chegou a pensar que sua história pelo clube já havia terminado?
Carlos Alberto: Não, cara. Eu via a demonstração do torcedor, vivemos uma história muito bonita em 2009. No fundo, eu falava: não posso sair do clube desta forma, tenho de dar continuidade nisso e escrever novos capítulos nessa história de amor que a gente já viveu. Quando voltei e ficava treinando separado, as pessoas do clube, funcionários, diziam que eu tinha de voltar. Isso foi me animando, me senti amparado, cuidado. Aí percebi realmente que seria questão de tempo. Não tinha escolha melhor a ser feita do que permanecer aqui no Vasco. Minha história não podia acabar assim.
RC: E como foi esse tempo afastado, treinando sozinho?
CA: Naquele momento, eu vinha de uma contusão também (problema no púbis). Muita coisa se falou em relação a isso, mas tudo bem. Eu encontrava com os funcionários no clube e só recebia carinho. Isso me dava certa paz. Mas quando chegava fim de semana, ver o jogo pela TV realmente era angustiante. É uma situação que não quero mais para mim. Por mais que se tenha outras atividades, de entretenimento, com a família, o combustível para o atleta é o jogo. Não escondi de ninguém que fiquei muito triste. Mas agora está tudo resolvido. Pensar em coisas bacanas que virão por aí. As coisas ruins ficam para trás.
RC: O primeiro passo para o retorno foi a conversa com Roberto Dinamite. Como foi esse encontro que selou a paz entre vocês?
CA: Primeiramente tenho de agradecer ao Roberto, por ter me recebido e a gente ter se acertado. Minha maior preocupação era transmitir que era do fundo da alma, sincero. Que nossa conversa não era para barganhar uma situação, que ele poderia decidir que eu não voltaria. Mas, pô, a gente conversou, ele me tratou bem, me deu um abraço carinhoso. Foi muito bom. No outro dia, nos encontramos na fisioterapia e ele já estava preocupado, perguntando se eu já estava bom. Ver essa preocupação é bacana. Aumenta seu comprometimento, de estar em forma, sempre jogando.
RC: Aprendeu com esse tempo afastado, com as críticas?
CA: A gente aprende... A Maria Helena está aqui do meu lado sabe disso (Maria Helena é psicóloga do clube e acompanhou de perto toda a entrevista). Chegou um momento que eu estava tão abalado, tão fragilizado com tudo, que não conseguia ouvir mais nada. Se pudesse, arrancava as orelhas (risos). Mas faz parte. Hoje vivo bem quanto a isso. Quando me abordam, sobre erros e acertos, acho interessantíssimo, debater, ouvir. Acrescenta bastante.
RC: Lembro que, na pré-temporada do ano passado, em Atibaia, durante uma entrevista que fizemos, você disse algo parecido com: esse será meu ano e do Vasco, quem tiver olhos que veja...
CA: Lembro disso. E nunca mais prometo algo assim, pois depois as pessoas cobram. Até brincaram comigo, dizendo: você acertou que era ano do Vasco, mas esqueceu que não era o seu (risos). Hoje tenho minhas metas, meus sonhos, mas não tenho necessidade de expor essas coisas. Mentalizei isso para mim, guardo isso e vou trabalhando. Claro, vão cobrar para caramba, mas, com serenidade, com muito trabalho, as coisas vão acontecer. Tenho coragem para enfrentar tudo isso.
RC: É realmente um recomeço para você? Desta forma que você encara esse retorno?
CA: É um recomeço. E sei que isso não será nada fácil. A gente, às vezes, toma umas porradas. Tem de fazer uma reflexão. Ninguém é perfeito. Todos estamos sujeitos às falhas, estou sujeito às chuvas e trovoadas. Mas nunca fiz nada para prejudicar ninguém, nunca fui de caráter duvidoso. Disso podem ter certeza.
RC: Você era chamado de CA19, mas não vai poder utilizar a camisa 19 desta vez...
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CA: Não tem problema. Está bem servida. O Nilton está representando bem. Na verdade não houve um pedido da minha parte nem retaliação por parte deles. O Daniel (Freitas) falou: só tem um problema, não vou poder dar a camisa que você tanto gosta. Mas falei que, nesse momento, o que menos tinha importância era a camisa. Nunca tive essa vaidade. Lógico, é um número que gosto, que me identifico. Mas podendo usar a 84 também... É o ano que eu nasci, não estamos dizendo que esse meu retorno é uma espécie de renascimento? Então, espero que traga sorte.
RC: Você volta ao time pelo Carioca. Mas e a expectativa por ser inscrito na Libertadores?
CA: Até porque a Libertadores é um título que não tenho ainda. O Vasco já tem, mas eu, não. Vários desse grupo não tem ainda. Só Juninho, Felipe, Alecsandro... Tive até a oportunidade de jogar um Mundial. Fiz esse caminho pela Europa, pelo Porto. Agora tenho a oportunidade de fazer esse caminho por aqui. O foco maior, para quem está fora, é a Libertadores. mas aqui somos cobrados por todas as competições. Hoje, se você pegar o elenco do Vasco, está entre os cinco mais fortes do país. Tem condições de brigar por todos os títulos. Já provou isso no ano passado.
RC: Quando se falava do seu retorno, alguns amigos vascaínos me diziam que você tinha tanta estrela que ainda faria o gol do título da Libertadores, na final...
CA: (Risos) Já me falaram isso também. Já pensou que coisa mais bacana? Então, mas tenho de trabalhar, deixar esse sonhos lá pra frente. Sei que, se eu fizer tudo direitinho, jogo a jogo, vai dar para realizar. É possível. Estou com uma felicidade tão grande por voltar que vou conquistar coisas boas.
RC: Em 2009 você aceitou o desafio de ser o principal astro da equipe na Série B do Brasileiro. O desafio, agora, é muito maior?
CA: É um grande desafio. Não sei. Talvez fique mais marcado por ser uma competição muito mais, como vou dizer... significativa. Mas momentos de vitória, não tem como comparar. Cada uma tem sua importância. Agora é uma nova história. Começo a escrever uma nova história, um novo capítulo no Vasco. Vou conquistar coisas boas.
RC: E, nesse retorno, encontra um grupo diferente...
CA: Encontrei também muitas pessoas que já conhecia. Aqui já tenho um carinho grande. Sempre fui bem tratado e sempre tratei bem todo mundo. Minha pré-temporada não foi como a dos outros. Tenho na minha cabeça que vou sofrer um bocado ainda, até readquirir o mesmo ritmo dos demais. Depois, vai embora. O Vasco tem um grupo de mais qualidade hoje. A dificuldade seria maior se não tivesse isso. Jogar com Juninho, Felipe, Diego Souza, Eder Luis, Alecsandro, Fagner, Eduardo Costa, Fellipe Bastos, Dedé, que subiu muito de produção... A bola não queima no pé deles. Acredito que, quanto ao entrosamento, não vou ter dificuldade.
RC: O que esperar desse primeiro jogo, contra o Nova Iguaçu
CA: Não dá para esperar que vai dar tudo certo, que eu farei as melhores jogadas. Esse começo será de sofrimento. Mas vou crescer.
Entrevista do Lancenet

Classificação Indicativa: Livre

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