Esporte

Renato Gaúcho blinda filha, elogia Walter e alfineta Cristiano Ronaldo

Publicado em 26/01/2014, às 18h06   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


FacebookTwitterWhatsApp

Tirar os óculos escuros dele é difícil. Mas, com ou sem óculos, Renato Gaúcho é sempre extrovertido, brincalhão, espontâneo e dono de ótimas tiradas. De volta ao Fluminense para sua quinta passagem como treinador, o autor do gol de barriga de 1995, embora mais amadurecido, mostra que continua o mesmo. Em entrevista exclusiva ao Esporte Espetacular, proporcionou respostas divertidas ao comentar sobre a forma física do atacante Walter, recém-contratado pelo Tricolor e que teria se apresentado pesando 106 quilos, e ao reiterar que jogou muito mais do que o português Cristiano Ronaldo.

Eles ficam ironizando porque sabem que o Fluminense incomoda. E vamos incomodar mais"
Renato Gaúcho

Porém, Renato também falou sério. Foi firme ao defender a permanência do Fluminense na Série A do Brasileiro e ao elogiar o comprometimento do atacante Fred. Mostrou preocupação com o excesso de lesões dos jogadores em 2013 e relembrou passagens marcantes nas Laranjeiras. Em 2007, conquistou seu único título como treinador ao conduzir a equipe ao troféu da Copa do Brasil, enquanto em 2008 perdeu a decisão da Taça Libertadores.

Sem graça só ficou mesmo ao falar sobre a filha, Carolina Portaluppi, de 19 anos e que faz sucesso entre os homens. Mulherengo, o treinador até começou a suar mais do que o costume ao comentar o assunto e afirmou que a proibiu de posar nua.

Leia a entrevista na íntegra:

É mais difícil ser treinador de um clube onde já foi ídolo como jogador?

- É. É bem mais difícil. Por que? Porque, às vezes, num período de trabalho, você pode colocar tudo a perder, todos esses anos que você conquistou no clube. Não sei se todo mundo teria essa confiança, entendeu, para treinar o clube onde foi um grande ídolo, mas eu não tenho medo, não. Pelo contrário, eu confio muito no meu trabalho.

renato gaucho time treino Fluminense (Foto: Fernando Cazaes/Photocamera)renato gaucho time treino Fluminense (Foto: Fernando Cazaes/Photocamera)

Como lidar com a ironia dos rivais ao ver o Fluminense na primeira divisão?
- Isso é coisa de torcedor e a gente tem que entender. Mas eles ficam ironizando porque sabem que o Fluminense incomoda. E vamos incomodar mais. Agora, tem que colocar na cabeça o seguinte: e se fosse o clube deles? O que eles iriam falar? Nada. O clube deles estaria com a razão, como o Fluminense está com a razão. A CBF não virou a mesa, o Fluminense não virou a mesa. Infelizmente para a Portuguesa está pagando o preço, o Fluminense não tem culpa de nada, está dentro da lei. 

Preocupação dentro de campo? Fluminense tem apenas um ponto em dois jogos do Carioca. Perdeu para o Madureira e empatou com o Bonsucesso, no Maracanã.
- O problema do Fluminense hoje é o problema de todos os grandes brasileiros, é a pré-temporada, uma semana só. E o clube ainda tem um problema a mais. Jogadores muito tempo no departamento médico, muito tempo sem jogar. O Fred, por exemplo, estava cinco meses sem jogar, o Elivélton fazia quase dois anos que não jogava uma partida, o Carlinhos e o Buno ficaram três meses sem jogar. O Diguinho e o Valencia, quando eu cheguei, pensei até que nem estivessem mais no Fluminense. Mas estavam lá. Por isso que eu falo, o Flu lá na quinta, sexta rodada, será outro time. Outro time de encher os olhos. Pode me cobrar isso. Agora, no início tem que ter um pouco de paciência.  

Acho que você está magro, né? Acho que você sofreu um acidente de automóvel e engoliu os quatro airbags, não é possível!" 
Renato Gaúcho

E Fred, como está?
- O Fred está feliz, está afim, emagreceu. O primeiro jogo que ele ficou de fora e queria jogar alguns minutos e eu não deixei. Ele é fominha, a coisa que ele mais quer é jogar e tem se empenhado bastante nos treinos. Todo mundo pode ficar tranquilo que quem mais está querendo isso é ele. 

O jogador Renato sempre gostou de sair, era visto como mulherengo e polêmico. Você cobra o contrário dos seus jogadores?
- Não, claro que não. A primeira coisa que eu cheguei e falei para eles no primeiro dia: “olha só, o jogador não é escravo, não. Ele é ser humano. Ele tem que viver a vida deles, mas tem regras”. Do portão para fora, a vida é deles. Agora, do portão para dentro do clube, é comigo. Se o cara quiser fazer lá fora o que acha que pode fazer e tem condições de fazer, mas chegar no dia dos treinamentos e dos jogos, e se garantir (bate palma em forma de parabéns). Mas se ele for fazer lá fora o quer fazer, depois chegar e não se garantir, ele vai sair.  

Você já foi para treino virado?
- Muitas vezes, mas eu me garantia! Então, o jogador tem que se garantir. O jogador de futebol ele ganha bem, está em um grande clube, de torcida de massa, usa roupa da moda, tem carro do ano, e eu vou ser babá de jogador de futebol? Pô, você está de brincadeira comigo. 

O Renato brincalhão é firme nas cobranças?
- É lógico que no trabalho eu estou um pouco mais sério, com o tempo você vai ficando mais experiente. Não que eu não goste de brincar, mas muita gente confunde uma brincadeira com o fato de não estar levando o trabalho a sério. 

A recepção do novo atacante Walter
Renato contou que teve uma conversa com Walter e disse que no Fluminense as coisas seriam diferentes.  

- Em relação a tudo, mas principalmente ao peso dele. Ninguém vai emagrecer o Waltinho. O Waltinho chegou com 106 quilos, estava acostumado a jogar com, sei lá, 100 quilos. A gente vai tentar é baixar ao máximo o peso dele. Ele está sendo profissional, está comendo o que a nutricionista manda, se cuidando, treinando como nunca treinou. Então, a gente vai tentar enxugar ele. Ninguém faz 13 gols no brasileiro jogando no Goiás, é muito difícil. Ele fez 13 gols, se destacou. Eu votei nele como o melhor atacante do Campeonato. 

Walter Fluminense banana (Foto: Fernando Cazaes / Photocamera)Walter comendo banana chegando ao Fluminense (Foto: Fernando Cazaes / Photocamera)

O que você disse a ele quando chegou ao clube com 106 kilos?
- Acho que você está magro, né? Acho que você sofreu um acidente de automóvel e engoliu os quatro airbags, não é possível! Eu falei pra ele. 

No Grêmio você estipulou uma multa de R$ 500 por quilo para jogadores que estivessem acima do peso. Vai fazer isso com o Walter?
- Bom, se eu fizer isso com o Waltinho, ou a gente quebra ele ou ele vai pagar para jogar no Fluminense (risos). Eu já falei para o grupo que o Waltinho é uma exceção! Com 16 anos ele já tinha 94 quilos. Eu volto a repetir que ele não vai ficar magro. É mais fácil o mar secar, o mar virar água doce, do que o Waltinho secar. Secar ele não vai conseguir, mas vai secar alguns quilos pra jogar melhor. 

Com funciona a caixinha com os outros jogadores, custa quanto por quilo?
- Acho que R$ 600 ou R$ 500 por quilo. Todo dia você pesa. Se está acima, vai deixar um dinheirinho. Eu levo para qualquer clube que eu for. Você só tem controle com jogador se mexer no bolso deles.

Memória: classificação para Libertadores
Aos 47 minutos do segundo tempo, Thiago Neves cobrou escanteio e Washington cabeceou no ângulo de Rogério Ceni, garantindo contra o São Paulo a classificação inédita para semifinal da Libertadores. Renato isolou-se na comemoração. 

 - Aquele jogo quem não tinha um coração bom ia para o espaço, né? Porque foi o gol do Washington de cabeça, aos 47 minutos, que deu uma classificação histórica. Eu pedi para meu grupo ir comemorar com a torcida. Então, quando o grupo foi, não que eu não gostaria de estar ali, mas aquele era o momento dos jogadores. Então, eu procurei me afastar no sentido contrário, fiquei sozinho vendo a festa da torcida com os jogadores e pensando, passando milhões de coisas na cabeça. Uma delas, sem dúvida nenhuma, a proporção da felicidade que nós poderíamos propor a nossa torcida, as nossas famílias, se a gente conquistasse aquele título, entendeu.

Renato Gaúcho Fluminense 2008 (Foto: Agência AP)Renato Gaúcho na beira do campo em partida do Fluminense em 2008 (Foto: Agência AP)

O Fluminense derrotou o Boca Juniors, mas caiu na final diante da LDU Quito, do Equador. Era o inesperado acontecendo no que era inédito. Renato marcou o nome na classificação, mas também na derrota. 
- É lógico que eu fiquei muito sentido, muito triste.  

O que representou pra você aquela derrota pra LDU?
- Está engasgada ainda aqui, entendeu. Outro dia mesmo, no reencontro nos amigos do Bebeto contra os do Ronaldo, eu falei inclusive sobre isso com o Washington. É uma coisa que mais cedo ou mais tarde, a gente vai recuperar essa Libertadores para o clube. É lógico que eu fiquei muito sentido, muito triste...Até hoje, imagino. Levei tempo para voltar para meu normal depois daquela Libertadores. Quando eu vejo os jogos ou estou disputando Libertadores por algum clube, eu sempre lembro. Mas um dia ela vai vir. 

Copa do Mundo de 1986. Você foi dispensado por um atraso em concentração. Como treinador, você faria o mesmo que o treinador daquela época fez?
- Não, nunca, jamais! Eu aprendi muito com o Telê Santana, foi um grande treinador, tinha um modo de trabalhar. Eu fui ajudar um amigo. Eu sou amigo dos meus amigos, dificilmente deixou alguém na mão. Com todo respeito, eu hoje como treinador, jamais vou agir dessa forma. Eu vou punir o jogador, sim, se chegar atrasado, mas não vou me punir, não vou punir o clube e muito menos a Seleção Brasileira. Aquele jogador vai fazer falta. Então eu vou punir, vou multar. Cortar ele não, porque eu vou precisar dele.

Tem coisas que eu não vou deixar ela fazer. Tirar roupa para uma revista ela não vai tirar, ser modelo, nada contra"
Renato Gaúcho

O que aconteceu naquela noite?
- Nós estávamos em 10, 12. Nós estávamos do lado da concentração. Na hora de ir embora, estava estourando o horário. A gente estava até com a roupa da CBF. Só que a gente estava fazendo uma festa num apartamento de um amigo nosso. E aí, na hora de ir embora, o Leandro tinha bebido um pouco mais. E aí não queria mais voltar para concentração.  Eu falei pra todo mundo. “Vamos arrastar ele”. Mas ele sumiu. E sai do quarto do cara com roupa... Essa roupa de mauricinho que voc?Ê tá aí, mais ou menos, calça, camisa... Aí, ele queria ir pra boate e estava meio alto. Aí, todo mundo começou a ir embora e eu falei. Não ia deixar o cara ir assim. Chegamos atrasados, só que naquela noite, oito chegaram atrasados, mas os oito pularam o muro. E ele não tinha condições de pular o muro, aí eu tive que entrar pela frente com ele e o segurança viu.  

Como você trata o assunto Copa do Mundo?
- Nesse sentido, eu fico um pouco triste por não ter tido a oportunidade de disputar uma Copa do Mundo. Ter ido e não ter jogado. Aquela em que eu poderia ter jogado, eu fui cortado. 

A FilhaCarol Portaluppi. Como é que é para um homem que sempre fez sucesso com as mulheres, ver a filha agora fazer sucesso com os homens? 
- Ué, é a lei, não? É a sequência da vida, do homem, da mulher. Cuido dela, mas também ela tem que viver. Eu não posso ficar 24 horas em cima dela. Ciumento eu vou ser sempre, é minha filha. Você não tem filha. Você deve estar rindo, mas quero ver sentir na própria pele. Ciúmes eu tenho, lógico. É minha única filha, mas eu cuido bastante. 

Renato Gaúcho e a filha Carol Portaluppi (Foto: Reprodução/Instagram)Renato Gaúcho e a filha Carol Portaluppi (Foto: Reprodução/Instagram)

Já chamaram para posar pelada?
- Já, mas não vai fazer, não vai, não vai... Não vai (respira fundo). Tem coisas que eu não vou deixar ela fazer. Tirar roupa para uma revista ela não vai tirar, ser modelo, nada contra.  

Renato Gaúcho foi melhor que Cristiano Ronaldo?
- Fui! Joguei mais do que ele. 

Por que você acredita nisso?
- Ué. Porque eu joguei mais do que ele. Vamos fazer o seguinte? Aproveita que você está fazendo para o Brasil todo. Pega os principais jogos dele e pega meus principais jogos e coloca lá as jogadas e os gols. Bota lá. E outra coisa, joga muito, mas joga na Europa, joga no Real Madri, eu queria ver ele vir aqui e disputar uma Libertadores para ver o que é bom pra tosse. Vir até aqui para disputar um brasileiro. Mas me joga lá no Real Madri e vem aqui também e me joga naquela mordomia toda lá. 

Fonte: Globoesporte.com

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp