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Ex-goleiro do Vitória faz relato emocionante sobre tragédia no Sul: “Cena de guerra”

Lucas Uebel/Grêmio
Goleiro do Grêmio tem ajudado pessoas que estão desabrigadas e ilhadas em Porto Alegre  |   Bnews - Divulgação Lucas Uebel/Grêmio
Marcelo Ramos

por Marcelo Ramos

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Publicado em 06/05/2024, às 09h22 - Atualizado às 09h25



O goleiro Caíque Santos, cria da base do Vitória e atualmente no Grêmio, fez relato emocionante sobre a tragédia climática que tem assolado o Rio Grande do Sul. 83 pessoas já morreram e 111 estão desaparecidas em razão dos temporais que atingem o estado. 

Em entrevista ao apresentador Zé Eduardo, na rádio Metrópole, na manhã desta segunda-feira (6), o jogador detalhou o caos vivido pelas pessoas. Segundo ele, a situação se parece com uma "cena de guerra".

“Acho que as pessoas que estão de fora não imaginam como está aqui. Eu estava em casa e vendo os vídeos não imaginava a situação real. Parece guerra, cena de guerra. Criança chorando, pessoas sem locomoção. Pra se ter ideia do nível da água, a água estava acima do teto de um posto de gasolina. A dimensão do prejuízo vai ser quando essa água abaixar e as pessoas virem a destruição, tudo que perderam. Fora as pessoas que perderam seus entes queridos. É muita gente morta. Um amigo foi olhar uma casa, tinha dois corpos lá dentro”, afirmou.

Caíque contou ainda que se disponibilizou para ajudar pessoas que estão desabrigadas e ilhadas em Porto Alegre.

“Uma situação muito complicada. Estava na rua ontem para ajudar. Não é o Caíque atleta, é o Caíque ser humano. Me coloquei à disposição como uma pessoa normal que eu sou. Não queria mídia, nada, só estar lá ajudando. Tá difícil. Gente com barco, jet-ski, canoa. Chegou num limite das pessoas ficarem desesperadas. Infelizmente, mantimento, água, energia, estão difíceis. Então a gente está ajudando essas pessoas. Graças a Deus, ontem não choveu mais. Hoje também não. Porém a água dentro da cidade vai demorar muito de descer”, relatou.

Perguntado sobre a situação do Grêmio, Caíque afirmou que os atletas estão sem treinar. Ainda segundo eles, muitos funcionários do clube foram afetados pelas enchentes.

“O CT do Grêmio é do lado do rio Guaíba. De sexta pra sábado, a água do rio atravessou o CT e estava chegando no teto do ônibus. Inundou tudo. Não tem como treinar, não temos cabeça pra treinar. Muitos funcionários nossos tiveram as casas destruídas, perderam tudo. Uma situação muito complicada. Os meninos da base recebendo alimentação por helicóptero porque não têm como sair. O mais difícil é que tem gente assaltando, saqueando lojas, em meio a esse caos. Eu creio que essa semana as coisas vão melhorar, com o sol abrindo. Estamos tentando ajudar o máximo de pessoas”, concluiu.

SITUAÇÃO CRÍTICA

O número de mortos devido aos temporais que atingem o Rio Grande do Sul subiu para 83, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil na manhã desta segunda. São investigadas outras 4 mortes. Além disso, há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.

Ainda de acordo com o levantamento, são 141,3 mil pessoas fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (nas casas de familiares ou amigos). Ao todo, 345 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.

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