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Fatos & Pitacos: Empoderadas, mas submissas aos parceiros

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Coluna Fatos & Pitacos vai ao ar toda terça-feira no site BNews, por Bruna Varjão  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 16/05/2023, às 07h30 - Atualizado às 08h09   Bruna Varjão


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Empoderadas, mas submissas aos parceiros

Muitas vezes a imposição é psicológica

O machismo estrutural é uma condição que impacta mesmo as mulheres empoderadas. A observação é de Sara Gama, promotora de justiça e coordenadora do NEVID - Núcleo de enfrentamento às violências de Gênero e Defesa dos Direitos das Mulheres. Ela conta que muitas mulheres de sucesso, fortalecidas profissionalmente, acabam se colocando numa posição de submissão quando o assunto é relacionamento. “Quando eu procuro saber se foram induzidas, percebo que não há imposição pela força, mas uma influência psicológica. Para ‘segurar’ a relação, muitas vezes as mulheres sexualizam comportamentos, se transformam, quando no fundo não desejam isso”, explica. Hoje, a violência virtual acentua isso. Existe o medo da exposição, já que os parceiros, geralmente, possuem fotos, vídeos e mensagens que podem cair na rede, caso o relacionamento chegue ao fim. “Se a mulher tiver um suporte psicológico, ela rompe o relacionamento com medidas protetivas para evitar a exposição. Se elas não têm, o que é uma realidade para a maioria, pedem as medidas, mas transformam completamente suas vidas e rotinas, em razão do medo”, afirma a promotora. Ela avalia que a submissão persiste de outro ponto de vista. “A verdade é que ainda somos submissas, entretanto mudou o padrão. Agora, deixamos de ser ‘do lar’ para sermos das academias e clínicas de estética”, conclui.


Alcoolismo: a família também adoece

Estabelecer limites é essencial

A rede de apoio para quem enfrenta o alcoolismo é mais eficaz quando existe participação da família. Entretanto, a psiquiatra Patrícia Gidi relata que muitos familiares sentem uma enorme sensação de impotência e abandono por não conseguirem, muitas vezes, ajudar. Segundo ela, o adoecimento de parentes é frequente. “O ambiente de uma possível violência, uma vez que o álcool está associado a comportamentos mais impulsivos e agressivos, gera uma sensação de perigo iminente”, afirma. Há ainda o medo, a vergonha o isolamento, além da frustração e desgaste emocional. Em alguns casos, reforça a psiquiatra, é importante que os familiares se tratem, na tentativa de evitar um adoecimento mental. “Sugiro que, independente do indivíduo aceitar ou não tratamento, o familiar procure ajuda, geralmente através de psicoterapia”. É importante lembrar que dar limites é essencial. A psicóloga Elisangela Aquino explica que há, no processo, o desenvolvimento de uma relação de co-dependência com o adicto de maneira que a família se sente extremamente responsável pela situação ao ponto de não estabelecer os limites saudáveis do cuidado. “Acredito que os limites são colocados no momento em que eu percebo que o processo do outro começa a causar impacto na minha própria vida”, afirma.


Autismo: as famílias querem inclusão, mas não organizam a própria casa

O excesso de proteção não ajuda

O acompanhamento de crianças autistas deve começar com a organização da própria casa. Quem afirma é a presidente da AMA - Associação Amigos dos Autistas da Bahia, Rita Brasil, que observa que muitas mães buscam por métodos eficientes, as melhores terapias, mas esquecem de se organizar como família. A começar por um dado da própria associação, que aponta que 85% das mães da AMA não tem o apoio do pai. “Muitas delas me trazem queixas das escolas. O que eu digo às mães é: vamos organizar a nossa casa primeiro?”. Segundo ela, é importante dar autonomia à criança. O excesso de proteção não ajuda e a inclusão deve começar dentro de casa. “O meu propósito na AMA foi mostrar a essas mães que é possível capacitar a criança.  Se essa mãe não sair desse lugar, ela vai viver um eterno luto. Não será saudável para o filho autista e para família”, afirma. A AMA conta com dois psicólogos que trabalham com as famílias e que buscam mostrar para essas mães que, mesmo sozinhas, elas têm capacidade de cuidar da criança e se organizar. “É muito raro que essas crianças tenham rotina e a gente na AMA vai ensinando as mães a trabalharem isso com o filho”, conclui Rita.


Relação mal resolvida entre mãe e filha

O que fazer?

O último domingo foi dedicado às mães, com muitas homenagens nas redes sociais, almoços em restaurantes ou nas casas das famílias. Mas é claro que essa não é uma regra para todos. E o que fazer quando há uma relação mal resolvida entre mãe e filha? O psicoterapeuta Léo Costa explica que esse tipo de relação pode ter uma causa no que ocorreu na infância da mãe, com os desejos que ela não realizou. “É possível que essa mãe projete sua experiência na filha, muito mais do que descontar no filho homem. O que normalmente acontece é que a mãe espera que a filha seja o que ela não conquistou, sem enxergar a sua própria identidade”, afirma. Uma mãe que tenha dificuldade de se relacionar com a filha, prossegue o psicoterapeuta, pode ter tido na sua infância dificuldade de ser vista, amada, respeitada. “Geralmente, vemos também um conflito dessa mãe com a sua própria mãe. E se a gente investiga ainda mais atrás, é possível ver que a avó teve problema com a bisavó e isso vai se passando de geração em geração”, pontua. Não cabe ao terapeuta dizer o que deve ser feito, pois é preciso que se realize um trabalho direcionado a uma autonomia. O diálogo deve existir se houver espaço, mas não deve ser uma regra, explica Léo Costa. “Na terapia, a regra é sempre ajudar o paciente a se sentir seguro o suficiente para ganhar capacidade de decisão”, aponta.


Pressionados a postar

Hoje, são cerca de 200 milhões de criadores de conteúdo no mundo

O jornalista e mentor Jorge Grimberg compartilhou, em uma live, no dia 11 de maio, sua visão sobre o futuro do trabalho e o mercado das redes sociais. Hoje, são cerca de 200 milhões de criadores de conteúdo no mundo, número que quadriplicou durante a pandemia. “A sociedade está doente, isolada, competitiva. As pessoas ficam 6h online, buscando uma fama digital, como se isso fosse proporcionar um futuro profissional de qualidade, bem remunerado e que isso representasse o futuro do trabalho. Mas será?” Jorge ainda explicou que por um lado, existem muitos profissionais que estão loucos para entrar nesse sistema de gravar vídeos e produzir reels. Mas, também existe um grupo de pessoas que se questiona. “Será que eu preciso aparecer para ser relevante e seguir no mercado?” Ainda segundo ele, não é somente sobre ser influente. É preciso usar a plataforma para criar produtos e serviços. “Esse é o grande desafio”.

Classificação Indicativa: Livre

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