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Fatos e Pitacos: driblando a ansiedade

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Coluna Fatos & Pitacos vai ao ar toda terça-feira no site BNews, por Bruna Varjão  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 25/07/2023, às 07h00 - Atualizado às 11h09   Bruna Varjão


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Insuficiência financeira e falta de propósito profissionalAna Cláudia Andrade venceu a ansiedade, a fibromialgia e conquistou a tão sonhada independência

Em busca de propósito profissional e estabilidade financeira, a administradora e microempreendedora no ramo da confeitaria Ana Cláudia Andrade, de 47 anos, venceu a ansiedade, a fibromialgia e conquistou a tão sonhada independência. “Eu vivia nos altos e baixos da vida. A gente (eu e meu marido) saía da casa de meu pai, ia morar de aluguel e voltava por não conseguir pagar as contas. Vendi brigadeiro, Mary Kay, Contém 1g e nada dava certo. Eu cheguei a pesar 153kg”, lembra. Ana precisou buscar forças na dor da perda do pai para conseguir reagir, trocar de emprego e descobrir novas paixões. “Eu precisava conciliar as dores no corpo com o trabalho”. Para isso, ela decidiu abandonar a estabilidade de um emprego no Estado e se arriscar na venda de lanches. Com o tempo, investiu no ramo da confeitaria e se encontrou ao passar a ajudar outros empreendedores. “Foi exatamente quando comecei a ter resultados reais do meu trabalho. Me apaixonei por conhecer histórias diferentes a cada dia”, conta. A rotina agitada, ajuda do marido e cabeça ocupada mostraram que, apesar de todas as dificuldades, Ana estava feliz, descobrindo a sua realização em ajudar outras pessoas, e não mais precisando de tratamento para a dor. “Hoje eu não faço mais tratamento em clínica. Conheço os meus limites, meu corpo e sei identificar a chegada de uma nova crise”, garante.


Separação e insatisfação profissional"Mudei a minha essência para me moldar e conviver com essa pessoa”, conta Elane Maciel

A designer e especialista em marketing, Elane Maciel, 42 anos, viu sua vida desmoronar por causa de um relacionamento amoroso. “Eu sempre fui muito sonhadora e realizadora e quando comecei a me relacionar com o meu parceiro, me tornei uma pessoa muito ansiosa. Mudei a minha essência para me moldar e conviver com essa pessoa”, conta. Elane também passou a ficar insatisfeita no campo profissional por não concordar com o estilo de gestão do grupo para qual trabalhava. “Eu tive que me adequar e fazer muitas coisas que eu nem sempre concordava, o que também me gerou uma ansiedade muito forte. Praticamente surtei”, lembra, ressaltando que ganhou peso, perdeu a vaidade e, em seguida, deu início à terapia, voltou a frequentar um centro espírita e se separou. “Aprendi que a gente não pode responsabilizar o outro pela nossa felicidade e nem terceirizar a nossa felicidade. Eu sempre me importei muito com o que o outro pensava, sempre busquei essa validação. Aprendi que o que você pensa de mim é um problema seu”.


Separação dos pais e afastamento do mercado de trabalho“Na minha cabeça, casamento é para sempre", enfatiza a jornalista Taiane Barbosa

A falta de aceitação, a idealização e o esforço para mudar algo que não está ao seu alcance podem ser fatores determinantes para um mergulho na ansiedade. A jornalista Taiane Barbosa, de 33 anos, passou por momentos difíceis até aceitar a separação dos pais. “Na minha cabeça, casamento é para sempre. Por um bom tempo vi meu pai e meus irmãos tristes. Eu tive que lidar com as minhas emoções e ajudá-los. Todos falavam que eu era forte, mas por dentro eu estava arrasada. Chorava escondido”, lembra. Com uma personalidade marcante e sem filtro para se expressar, Taiane teve que aprender a controlar a impulsividade e gerenciar as emoções. Os anos se passaram, ela se casou, engravidou e se manteve distante do mercado de trabalho, o que gerou novamente ansiedade e preocupação sobre o futuro. “Há 3 anos, comecei a fazer terapia e a me conhecer melhor. Penso antes de falar, sou mais observadora e escuto as pessoas. Sigo aproveitando minha família e na certeza de que tudo tem seu tempo”, afirma.‌


A volta por cima: superar sentimentos desagradáveis e diminuir o ritmo“Em alguns momentos as coisas não vão sair como gostaríamos e sentimentos difíceis vão chegar", explica o psicólogo Gustavo Siquara

O psicólogo Gustavo Siquara ressalta que as mulheres enfrentam uma carga avassaladora de expectativas. Segundo ele, existe uma constante busca por controle e a autocondenação quando as coisas não saem como planejado, levando a atitudes impulsivas. “Para enfrentar uma sociedade que valoriza a produtividade e a positividade tóxica, é essencial acolher nossas emoções, validar nossos sentimentos e reconhecer que haverá momentos difíceis”, explica. O especialista ainda aponta que é importante entender que nem sempre o ser humano dará conta de tudo. “Em alguns momentos as coisas não vão sair como gostaríamos e sentimentos difíceis vão chegar. Vamos precisar diminuir o ritmo e tudo bem. É, justamente, essa busca desenfreada por um produtivismo, uma resolução das coisas, que faz com que as pessoas fiquem ansiosas. Reconhecer que nem tudo está sob nosso controle é libertador. No entanto, essa mudança muitas vezes vem acompanhada de sofrimento, pois aprendemos a lidar com a ansiedade e repensar a forma como a sociedade funciona”, alerta.


A volta por cima: conhecer os nossos valores é fundamental

Estar atento às nossas atitudes e refletir sobre como desejamos lidar com os desafios da vida é um caminho para buscarmos mudanças significativas. “Valorizar o presente é essencial para nos conectarmos ao aqui e agora, praticando o autocuidado e priorizando nosso bem-estar. Consciência emocional e conhecimento de nossos valores são elementos fundamentais para enfrentar a ansiedade com mais eficácia”, pontua Gustavo Siqueira. O psicólogo ainda destaca que estes valores podem mudar ao longo do tempo. “Eles podem ser atualizados à medida que vamos mudando, também. E para exercitar os valores, é preciso tentar elaborar quais as ações e comportamentos que te aproximam a eles”, explica.

Classificação Indicativa: Livre

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