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Fatos & pitacos: Profissional multicarreira: Vida pessoal em segundo plano

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Se dividir entre vários talentos e vivenviar o seu propósito de vida. Esta é a rotina de Gabriela Pessoa  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 26/12/2023, às 07h00 - Atualizado às 09h10   Bruna Varjão


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Se dividir entre vários talentos e vivenviar o seu propósito de vida. Esta é a rotina de Gabriela Pessoa: professora, psicopedagoga, empresária, fotógrafa, escritora, bailarina, irmã, amiga e filha. Há mais de 20 anos trabalhando com educação, Gabriela ministra aulas de língua portuguesa em uma escola internacional, faz atendimento psicopedagógico à domicílio com crianças que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem, estuda e pratica fotografia, ensina balé para crianças de dois e três anos e ainda está escrevendo um livro. Aos 40 anos, quase 41, ela dividiu com a Fatos&pitacos as dores e delícias de ser uma profissional multicarreira.

Dores e delícias

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“Ainda não tenho marido e filho, mas não penso nisso agora"

Realizar diferentes atividades, com públicos diferentes, exige uma dedicação quase integral. Para isso, escolhas precisam ser feitas e, sobretudo, manter viva a certeza de que não se pode ter tudo. E é, justamente, por causa destas escolhas que Gabriela deixou a vida pessoal, temporariamente, em segundo plano. “Ainda não tenho marido e filho, mas não penso nisso agora porque eu confio nos planos de Deus. Enquanto Ele (Deus) não atende a minha expectativa, e talvez ele não atenda, eu vou vivendo nessa multitarefa, me articulando, melhorando como pessoa, mulher, amiga, filha, professora. Eu prefiro investir no que eu posso ser agora”, disse. Apesar de não priorizar a vida pessoal, Gabriela relaciona o fato de ter se tornado uma profissional multicarreira à condição de estar solteira e sem filhos. “Jamais teria tempo para desempenhar tantas tarefas se tivesse as demandas da maternidade ou de um casamento”, afirma.

Cansaço e falta de tempo

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Apesar de desfrutar do tempo livre proporcionado pela solteirice, Gabriela confessa que driblar o cansaço e administrar o tempo são os maiores desafios

O profissional multicarreira geralmente é aquele que possui conhecimentos em diferentes áreas, o que o obriga a estar em constante aprendizado, sobretudo para lidar com públicos variados. Para Gabriela, este é um dos pontos positivos da carreira, além de poder contar com diferentes fontes de renda, garantindo, assim, segurança financeira. Mas, apesar de desfrutar do tempo livre proporcionado pela solteirice, Gabriela confessa que driblar o cansaço e administrar o tempo são os maiores desafios. “Eu queria ver o pôr do sol, mas tenho clientes para atender. Essa semana cheguei em casa cedo e finalmente conheci a jovem que limpa a minha casa. Parece louco, mas é assim. Acontece também de meus amigos estarem em um barzinho e eu não poder ir. Às vezes choro, extravaso, mas sei que esse é meu propósito de vida. Vale a pena”, garante.

Estabelecendo limites

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Para driblar a ansiedade e a frustação, é necessário estar ciente de que é impossível dar conta de tudo

A cobrança diária de quem exerce múltiplas funções é maior do que a de quem trabalha em uma única atividade. Para driblar a ansiedade e a frustação, é necessário organizar as tarefas diárias, manter a disciplina e estar ciente de que é impossível dar conta de tudo. Gabriela sabe que este é o segredo do bem-estar. “Sou uma mulher que não paro, mas abraçar o mundo não dá. Eu prefiro fazer menos com muita qualidade a tudo mal feito”, garante. Por atuar em uma unidade de ensino de alto padrão de exigência, Gabriela ressalta que “se educou” a entregar uma performance profissional de excelência. “É um padrão de colaboração com o que há de melhor, com o que você tem de melhor a oferecer”, afirma.

O sentido das coisas

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Ter opções de renda é fundamental para estabilidade, mas acreditar no propósito da ação pode ser libertador

Apesar das renúncias, Gabriela garante que sente-se plena e realizada. “Eu vejo o meu propósito de vida se cumprir quando eu ajudo uma criança”, garante. Ter opções de renda é fundamental para estabilidade, mas acreditar no propósito da ação pode ser libertador. É na gratidão das mães e na alegria das crianças que atende que Gabriela percebe o sentido das coisas. “Algumas pessoas criticam porque não tiro férias, mas eu sei que tem uma criança precisando de mim. Ao final, percebo que não perdi férias, eu ganhei. E preciso continuar”, diz.

A liberdade de ser quem é

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“No dia que tudo isso não fizer mais sentido, é hora de repensar”

Dividir-se entre os limites pré-estabelecidos pela rotina da CLT e as atividades de um profissional multicarreira geralmente resulta em uma rotina apertada. Apesar disso, Gabriela aponta que o prazer de fazer as próprias escolhas é visto como sinônimo de liberdade. “Sou livre no sentido de fazer minhas escolhas, mas presa no sentido de atender a burocracia. Minha única certeza é que sou feliz e grata pelas minhas escolhas. No dia que tudo isso não fizer mais sentido, é hora de repensar”, afirma.

Classificação Indicativa: Livre

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