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Shopping Barra expulsa vendedor

Publicado em 30/07/2011, às 14h42   Milene Rios


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Gregório vendia acarajé na frente do shopping


Gregório do Acarajé, dono de um dos mais tradicionais pontos deste típico prato, em Salvador, está impossibilitado de desenvolver seu trabalho porque foi expulso do local onde atuou por mais de 20 anos, no shopping Barra.

Há mais de um ano o shopping iniciou obras para reforma e pediu que Gregório se retirasse durante este período, no entanto, mesmo com o fim das obras o comerciante não poderá mais voltar. Gregório já foi informado que perdeu o espaço e não venderá mais seu tradicional acarajé. “Nem houve conversa, a única posição que me deram é que não vou mais voltar, nem mesmo depois da obra”, disse.

À procura de um outro espaço, Gregório sofre com a falta de ponto para trabalhar e sente não poder mais atuar no local onde ficou por tanto tempo, ele pensou até em desistir da profissão. “Foram 21 anos me dedicando, conquistei uma boa clientela fazendo um bom trabalho. Estou abatido, pensei em não vender mais acarajé, pensei em trabalhar pra alguém, já fui até aos políticos pedir emprego, tive até problemas de saúde”, lamenta.

Com tantos anos no mesmo lugar, o bom trabalho que exercia, e o nome tradicional que construiu, Gregório esperava um diálogo com algum representante do shopping, que apenas lhe deu uma ordem que deixasse o local e não mais voltasse. "Não fiz nada ao shopping Barra e estão me tratando mal, só me comunicaram... só falaram e pronto”, fala em tom angustiado pelo tratamento que recebeu do estabelecimento.

Gregório espera agora encontrar  um novo espaço em Salvador, que possa vender seu tradicional acarajé.

Já no imbuí, um caso parecido vem acontecendo com a baiana Maria de Lourdes, 58 anos, mais conhecida como Lurdinha do acarajé. Atuando desde janeiro deste ano, quando a praça do Imbuí foi reformada, ela recebeu esta semana uma notificação da Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) para deixar o local.

Segundo ela, trabalha no bairro há muitos anos e na época da transferência das barracas que ficavam na Rua Alcino Ferreira, um funcionário da Sesp lhe permitiu abrigar um dos quiosques e lhe garantiu permanência no local, só que o acordo foi apenas verbal. “Trabalho aqui há 31 anos e sempre fui regularizada. Estou aflita, me deram 72 horas, mas, vou continuar porque sou teimosa” disse Lurdinha.

A baiana alega que o órgão não lhe deu se quer uma justificativa válida para retirá-la, mas como alternativa sugeriram a transferência dela para outro local, voltando para  aruá de onde saiu, ou se quiser ficar, deixar o quiosque que se apossou. “Falaram pra eu voltar para o antigo lugar, onde não tem movimento, ou colocar um sombreiro na praça. E o quiosque vai servir pra que?”, indagou.

Lurdinha também não quer deixar o Imbuí
Os moradores do bairro discordam com a decisão da Sesp e se mobilizaram para garantir a permanência de Lurdinha na praça do Imbuí. Está circulando um abaixo-assinado para ser levado até a prefeitura, que já consta com cerca de mil assinaturas.

Lurdinha é de São Gonçalo dos Campos e chegou à Salvador aos nove anos para trabalhar como doméstica. Hoje, como seu próprio negócio, ela emprega oito funcionários, que também lamentam serem forçados a deixar o local.

Classificação Indicativa: Livre

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