Nesta quarta-feira, 7 de setembro, cerca de 6 mil pessoas se reuniram na Avenida Sete para celebrar o 189º Dia da Pátria ou mais conhecido como Dia da Independência. Além dos tradicionais desfiles militares e civis, a novidade deste ano foi o desfile dos soldados do Exército Brasileiro que estavam no Haiti. Os 46 soldados baianos, que desfilaram com boina azul, ficaram por setes meses recrutados no país da América Central para dar suporte à missão de paz comandada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Às 9h, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), inciou a cerimônia oficial. Chegando num Impala conversível, o governador acenou e foi aplaudido pelas milhares de pessoas que aguardavam ansiosas pelo desfile que viria a percorrer 2km - iniciado no Corredor da Vitória e terminando nas imediações da Praça Castro Alves.
E às 9h30, o hasteamento das bandeiras. Rotina diferente para os moradores do edifício Bermudas, cujo mastro das bandeiras estava instalado bem na frente da garagem do prédio. Todos se debruçaram nas janelas para acompanhar o hino nacional.
Após a coletiva de Wagner concedida à imprensa, aplausos fortes puderam ser ouvidos e chamaram a atenção, inclusive, do embaixador da Nigéria, Vincent Amerib-Okun Okoedion, que estava no Palanque oficial. O motivo das palmas eram os garis, que após a saída do carro oficial começaram a varrer a pista. "Nunca fui aplaudido em minha vida", conta orgulhoso o gari Jaime Moreira de Brito, há 30 anos na profissão. Mas, ao ver a equipe do Bocão News, o amigo de Jaime não perdeu a oportunidade. "O governo tem que melhorar o salário do trabalhador", afirma Dionísio Silva, 57 anos, gari há mais de 30.
Além deles, quem aproveitou para chamar a atenção das autoridades e da sociedade com faixas que pediam justiça, foi a família do policial militar Jurandir Santana, que se trancou numa jaula, há mais de uma semana."Ele é inocente e vamos provar", diz Mariluce Santana de Jesus, irmã do PM. Na sequência, a programação oficial. Começam a desfilar representantes do Estado-Maior Geral, ex-combatentes, Força áerea e Marinha, Grupamento da PM, Corpo de Bombeiros, Salvamar, Guarda Municipal, Maçons e alunos de colégios Estaduais e Municipais. O destaque este ano foi para o Grupamento Garra - que fez uma apresentação inédita. Em três motocicletas, dez homens se equilibraram e formaram uma pirâmide humana. Motivo de animação e aplausos do público.
Durante o desfile, além de quem acompanhava tudo bem de perto, estava Adilson Souza Lima, 25 anos, que tentava dividir as atenções entre o carrinho de pipoca e os carrões da Força Militar. "Tento me divertir neste dia", diz o pipoqueiro, que há mais de 10 anos realiza as vendas no dia 7 de setembro. Adilson diz que neste dia a renda aumenta e chega a faturar até R$ 250. Questionado sobre qual a importância desta data, ele surpreende: ""Eu quero é que o 'rapa' me dê a independência".
Pipoqueiro Adilson, que está há mais de 10 anos na profissãoMas, aos 94 anos, dona Maria de Lourdes Matos expõe o sentido da festa. "É uma maravilha. Uma data a ser comemorada todos os dias", afirma. Madrinha dos 7º e 8º Batalhões do Exército e viúva de ex-combatente, Dona Maria deixa o recado: "Os políticos têm que ter mais consciência, dar mais tustão aos pobres e diminuir o preço do feijão", completa.
As crianças também não ficaram de fora desta festa. "Quero ensinar a ele desde cedo a nossa cultura", diz o analista logístico Lúcio Costa, que levou o filho Jonh, de 5 anos, para ver a festa. O garoto, pintado no rosto com as cores da bandeira nacional, quando perguntado sobre o que faria quando o desfile passasse, não hesitou: "Vou gritar Brasil".
Desfilaram este ano na Avenida 2.227 pessoas - entre civis e militares. Já no percurso entre o Porto da Barra e o Farol de Itapuã, nove navios da Marinha realizaram um desfile como parte das comemorações.
