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Fiscal da Sesp saca arma e ameaça banhista

Imagem Fiscal da Sesp saca arma e ameaça banhista
A cena foi testemunhada por centenas de pessoas na praia do Farol de Itapuã, neste domingo   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 07/11/2010, às 16h37   Ivana Braga




Bate boca, agressão e até armas apontadas na cara de banhistas, além, evidentemente, de mercadorias e equipamentos apreendidos. Esse foi o saldo da Operação Ordem na Casa realizada neste domingo (7) pela equipe da Secretaria de Serviços Públicos (Sesp). Iniciada na Barra, a fiscalização do comércio irregular nas praias de Salvador chegou até ao Farol de Itapuã.

Foi justamente neste ponto onde as cenas de agressão foram flagradas pela reportagem do Bocão News. Na praia do Farol de Itapuã, banhistas se revoltaram com a apreensão do material de ambulantes e de um freezer repleto de garrafas de cervejas, alimentado por um gato.

O equipamento estava em cima da carroceria da Ford Ranger de placa JQT-3064, de Lauro de Freitas, de propriedade de Carlos Eduardo Silva Andrade, 30, ex-barraqueiro da área. Para alimentar o freezer com energia elétrica, o ex-proprietário da barraca Angola puxou um gato do poste.

Os fiscais desligaram o gato e apreenderam o freezer. Os banhistas presentes não gostaram da forma como Carlos Eduardo foi tratado e começaram a fazer manifestações em favor do comerciante, velho conhecido da área, onde por mais de 12 anos manteve a barraca Angola.

Os banhistas mostravam-se indignados com a ação dos fiscais da Sesp. O comerciante José de Jesus Seixas de Meireles, 48, que estava na praia com a família, decidiu registrar as cenas com o seu celular. Um fiscal da Sesp (que não  foi identificado pela reportagem) não gostou da atitude do comerciante e o mandou “filmar a mãe”.

Sentindo-se ofendido, José Meireles revidou no mesmo tom, retrucando que ele (o fiscal) mandasse  filmar a “puta que o pariu”. Foi a deixa para que o fiscal sacasse um revólver calibre 38 e, após empurrar o comerciante, meteu a arma em sua cara, gritando ser policial e mandando que tirassem o comerciante dali se não ele matava.

Outros dois que o acompanhavam, também mostraram suas armas (cada um portava uma pistola 380, segundo um oficial da Marinha que presenciou a senha e pediu para não ter sua identidade revelada). Neste momento, um tenente da reserva da Marinha (que também não quis se identificar) reclamou da ação, considerando “absurdo” servidores municipais portar arma e ainda sacá-las em público. “Quem saca uma arma quer atirar”, argumentou ele.

A cena revoltou todos que a presenciaram e os protestos foram inúmeros. “Isso é um absurdo, uma agressão a nós contribuintes. Essa foi uma cena ridícula que poderia ter terminado em tragédia”, reclamou Caroline Souza. O servidor da Sesp foi retirado do local e nenhum preposto da operação quis comentar o assunto.

Quando parecia que as coisas haviam se acalmado, nova discussão surge entre um banhista e outro fiscal da Sesp, que não gostou de ouvir de Manoel da Silva Vilas Boas, funcionário de uma empresa do Pólo Petroquímico de Camaçari, o comentário de que as mercadorias apreendidas poderiam sumir.

De forma agressiva, o servidor municipal meteu o dedo na cara do banhista pedidndo explicações. Manoel Vilas Boas disse que não lhe devia explicações, porque ele era um simples funcionário da prefeitura que cumpria as ordens de um “prefeito irresponsável”, culpado por toda a bagunça que se instalou nas praias.

O bate boca dava sinais de continuar, quando integrantes da operação, inclusive o coordenador de Licenciamento e Fiscalização da Sesp, Paulo Viana, retirou o funcionário do local, o que não calou a boca dos banhistas que se diziam indignados com mais essa demonstração da falta de preparo dos prepostos da prefeitura.

Apreensões – Integrada por 70 fiscais da Sesp, um encarregado da Sucom e o apoio de 43 homens e 12 veículos da Guarda Municipal, a operação Ordem na Casa foi chefiada pelo coordenador Paulo Viana e contou ainda com a utilização de sete veículos tipo Kombi, um caminhão aberto e dois caminhões da Sesp.

Viana não soube precisar o número de equipamentos e material apreendido durante dia. O coordenador informou que o material não perecível ficará à disposição do proprietário por um período de 60 dias. Já os produtos perecíveis ficam à disposição por apenas 24 horas.

Todo o material apreendido poderá ser retirado mediante pagamento de multa e com a apresentação do lacre fornecido ao proprietário no momento da apreensão da mercadoria. Para retirar o produto é necessário apresentar o lacre (que contém a numeração do produto apreendido) e documentação que comprove a identidade do proprietário (identidade, CPF e comprovante de residência).

Produtos não retirados dentro do prazo estabelecido serão doados ou destruídos, segundo informou Paulo Viana. Ele alertou que a operação vai continuar por tempo indeterminado e que a fiscalização é feita de surpresa.

Fotos Edson Ruiz (Bocão News)

Classificação Indicativa: Livre

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