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Retorno do voto impresso em eleição do CRO-BA acirra disputa e gera questionamentos; Presidente defende medida

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Bnews - Divulgação Reprodução/Google Street View

Publicado em 28/08/2021, às 19h19   Lucas Pacheco


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As eleições para nova diretoria do Conselho Regional de Odontologia da Bahia (CRO-BA), previstas para 1º de outubro, serão realizadas por carta ou de forma presencial. A informação foi divulgada por meio de um ofício assinado pelo presidente do conselho, Marcel Lautenschlager Arriaga.  No documento, ele afirma que a modalidade presencial, com a possibilidade de voto por correspondência, foi decidida de forma unânime pelo Plenário do Regional em reunião extraordinária. 

A medida gerou o descontentamento de profissionais, com alguns comentários em redes sociais de que a atual gestão do conselho teria optado por práticas retrogradas, com uma modalidade que aumenta a possibilidade de fraude e gera despesa adicional em torno de R$ 50 mil que será custeado pelos dentistas baianos. Tudo isso supostamente para permanecer à frente da entidade. 

Ainda de acordo com alguns trabalhadores da classe, o Conselho Federal de Odontologia orientou que os conselhos regionais realizem as eleições de forma online, já que a entidade máxima possui uma empresa licitada para organizar o certame.  E que, com a modalidade deste ano, eles serão obrigados a se deslocarem para votar em um processo com falta de segurança e credibilidade. 

Em conversa com o Bnews, Marcelo Arriaga afirmou que não será eleição com voto impresso, mas eleição presencial. E que na eleição deste ano, o voto não será presencial ao invés do online. Terá o presencial e o voto à distância também.

“A pessoa pode optar em vir presencialmente votar. Ou aqui em Salvador ou nas cidades maiores. Ou ela pode votar por correspondência. Então, ela não está impedida de votar à distância. Se ela não quiser comparecer, ela pode votar. Inclusive em Salvador. Quem mora na capital pode votar por correspondência também”. 

Questionado sobre o porque do retorno à modalidade antiga de votação, quando a última eleição ocorreu com voto online, ele disse que a decisão foi por conta de falhas no pleito.   

“Teve uma eleição somente com esse voto online, que foi uma novidade. E depois disso, nós tivemos duas experiências com pleito eletrônico: na prestação de contas e na votação do delegado eleitor (aquele que vota na eleição indireta para o conselho federal). A pessoa se inscreve no período eleitoral e ela recebe uma senha para votar, via e-mail ou SMS, da empresa e a partir daí ela entra na votação. E muita gente não recebeu. Inclusive a oposição, a conselheira federal reclamou que vários eleitores dela não receberam a senha pelo sistema para poder votar, pela empresa que faz. Então, esse sistema está sendo construído, tem muitas falhas.” 

E completou: “Se com a empresa cuidando só da Bahia, nós tivemos vários problemas com gente não recebendo senha para votar, nós imaginamos que ela sendo feita para o Brasil todo, em vários estados, esse problema seria ampliado. Então, vários estados optaram por não utilizar esse sistema eletrônico e a Bahia foi um deles, com a gente assumindo a garantia de que as pessoas que não desejem votar presencialmente, poderão continuar votando pelo sistema à distância. Nós vamos disponibilizar a cédula eleitoral pelo computador e a pessoa pode recortar e enviar pelos correios, com porte pago, inclusive ”. 

Logo após a apuração do primeiro turno das eleições de 2019, tendo passado para o segundo turno em primeiro lugar, o presidente do CROBA publicou um vídeo em suas redes sociais agradecendo a votação de seus pares, enaltecendo o sistema online de votação e prometendo o aprimoramento e melhoria do sistema para as eleições seguintes.

Veja o vídeo:

O Bnews quis saber de Marcel Arriaga se, em cumprimento a sua promessa, não teria havido tempo suficiente entre o último pleito e o deste ano para fazer os ajustes necessários no sistema ou procurar um novo e ele destacou que isso não aconteceu.

“Teria sim. Acontece que isso não aconteceu. A gente tentou melhorar de lá pra cá, o contrato não é local, ele é feito por licitação. A gente teve com a empresa nova duas experiências, delegado-eleitor e prestação de contas, e essas duas experiências não foram suficientes para a gente achar que houve uma melhora no sistema. Pelo contrário. A gente achou, baseado nessas duas experiências, que não é o momento ainda para esse tipo de voto”. 

Já quanto à segurança do processo de votação à distância pelos correios, ele assegurou que não há motivos para preocupação e que esse sistema é antigo.

“Esse de voto por correspondência não é uma novidade. Ele sempre foi feito pelo Conselho de Odontologia. O que é novo é a possibilidade de quem está na capital poder fazer isso também, porque antigamente era só pra quem era do interior. Nós vamos ter urnas em várias cidades e na capital e a pessoa pode escolher se ela quer votar presencial ou por correio. Esse voto chega por uma caixa postal no Correio e os fiscais das chapas que estão inscritas vão buscar esses votos juntos. Eles são cadastrados na frente dos fiscais de cada chapa inscrita e não há possibilidade de ser perdido. Como o voto vem em dois envelopes, a gente consegue ter controle de todos que votaram, mas não sabemos qual é o voto. Ele continua secreto”. 

Em relação à repercussão negativa da retomada do voto impresso, Marcel Arriaga afirmou que não há queixas de profissionais na ouvidoria da entidade.

“Tem zero reclamação no conselho até agora sobre esse problema. Nós temos um candidato questionando o porquê que não será online. Então, não tem reclamação de profissional, mas de um candidato, membro de uma chapa, o que é natural em um processo eleitoral onde as pessoas tentam tumultuar. Mas, em nosso sistema de ouvidoria, não há queixa dos dentistas não”.


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