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A novela da Odebrecht

Imagem A novela da Odebrecht
A família Gradin é sócia do grupo há 40 anos e não quer sair  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 24/03/2012, às 09h17   Redação Bocão News


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Em mais um capítulo da briga entre a Odebrecht e a Gradin, mais uma assembleia é convocada. Desta vez, a Graal - família Gradin, que detém  20% das ações do grupo terá que participar de mais uma sessão marcada pela Obdinv - família Odebrecth - que tem o propósito de destituir diretores e conselheiros. 
A Graal já protestou e disse que deveria ter sido ouvida, mas não foi. E mais uma vez a Odebrecth disse que pretende contestar a participação, o voto e as manifestações da própria Graal na assembleia, que se diz vítima de toda a situação.
Mas, para que se entenda o que fato acontece entre as duas famílias, devemos recordar o tempo do “milagre econômico brasileiro”, quando a Odebrecht não passava de uma empreiteira de ambições regionais, limitada aos horizontes da Bahia, a parceria entre as famílias Odebrecht e Gradin resistiu e até se solidificou na virada do século, quando o grupo baiano se viu vergastado por uma séria crise de liquidez que quase o levou à bancarrota. Isso foi iniciado na primeira metade dos anos 1970, ao tempo do chamado 
Apontado como um dos cérebros da recuperação, diversificação e internacionalização do conglomerado formado por 12 empresas, que atuam em setores que vão da construção pesada, passam pela petroquímica e chegam à exploração de petróleo, Victor Gradin, 78 anos, não apenas se tornou o homem de confiança do nonagenário Norberto Odebrecht, fundador do grupo, como se transformou no segundo acionista individual da Odebrecht, com uma participação de 20,6% do seu capital. 
No entanto, essa aliança bem-sucedida, que vinha sendo cimentada com o passar dos anos, se viu abalada com a chegada das novas gerações das duas famílias a posições de comando nos negócios. Justamente quando a Odebrecht vive seu melhor momento, com operações em mais de 20 países e um faturamento que supera os R$ 40 bilhões, os antigos aliados estão em pé de guerra, protagonizando uma novela que promete se estender por algum tempo. 
Quem tomou a iniciativa de tornar público o conflito entre os dois clãs, que vinha sendo administrado com razoável discrição durante a maior parte do ano passado, foram os Gradin, incomodados com a decisão unilateral de Marcelo Odebrecht, presidente e neto do fundador do grupo, de exercer o direito de adquirir seu pacote de ações.  
Amparada, à primeira vista, no acordo de acionistas da Odebrecht,  essa iniciativa foi rechaçada pelos Gradin, capitaneados por Bernardo, filho de Victor, e que até novembro de 2010 ocupou a presidência da Braskem, a principal empresa da Odebrecht, justamente em decorrência dos desentendimentos com Marcelo. Pelo mesmo motivo, Miguel, irmão mais novo de Bernardo, deixou a presidência da Odebrecht Óleo e Gás, no mesmo mês. 
O caminho escolhido pelos Gradin foi a via judicial. No dia 8 de dezembro, por intermédio de sua holding, a Graal Participações, deram entrada com um pedido de arbitragem do conflito na 10a Vara Cível de Salvador. Queriam discutir não apenas a questão da venda compulsória das ações como a avaliação feita pelo banco Credit Suisse First Boston, que estabeleceu em US$ l,5 bilhão o quinhão transferido por Victor a  Bernardo, Miguel e à filha, Ana Maria. 
Embora nos bastidores os dois lados proclamem sua intenção de resolver as divergências pelo diálogo, é mais do que provável que a novela tenha ainda muitos desdobramentos. Afinal, está em jogo o destino de um dos maiores grupos empresariais de capital nacional, que em apenas uma década multiplicou 45 vezes seu valor de mercado, passando dos US$ 157 milhões, em 1999, para os US$ 7,4 bilhões avaliados em 2009. 
Por um lado, os Odebrecht se sentem no direito de assumir o controle total do grupo fundado pelo pioneiro Norberto, ao mesmo tempo que incentiva seus executivos com pacotes generosos de ações. Os Gradin, por seu turno, asseguram que não têm a mínima intenção de deixar a Odebrecht, sobretudo num período de prosperidade. Com informações da coluna de Levi Vasconcelos e Istoé Dinheiro.

Classificação Indicativa: Livre

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