Filho de João Cândido critica resistência da Marinha por não reconhecer pai como herói

Adalberto Cândido, filho de João Cândido (líder da Revolta da Chibata em 1910), criticou a resistência da Marinha em incluir o nome do seu pai no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. De acordo com ele, João é um herói popular e, por isso, a elite resiste em aceitá-lo. A Marinha rejeita o projeto de lei que inclui o nome de João Cândido no livro alegando que houve quebra de hierarquia e que a revolta causou mortes, inclusive de duas crianças.

Discordando dos argumentos da Marinha, Adalberto, de 83 anos, disse ao UOL: “Morreu gente dos dois lados. Quando a anistia ficou sem efeito, marinheiros foram fuzilados”. E acrescentou: “Meu pai foi preso na masmorra, internaram como louco na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira”. 

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O filho de João Cândido diz que a Marinha não pode esconder que houve a revolta da Chibata. “O comando da Marinha tem que ter outra mentalidade, estamos no século XXI. Ou eles vão querer que os marinheiros continuem a se chicoteados?”, indagou. 

Após liderar o movimento, João Cândido foi expulso da Marinha e preso. Ele morreu pobre e somente em 2008 foi anistiado. 

O projeto do senador Paulo Paim (PT/RS) voltou a tramitar em setembro. Autor de um projeto semelhante, o deputado federal Chico D’Angelo (PDT-RJ) contou que recebeu duas vezes em seu gabinete pessoas da Marinha, que solicitaram que ele retirasse o texto por causa “da quebra de hierarquia”. 

Para Adalberto Cândido, o pai é um herói popular e o povo quer o seu reconhecimento. Ele disse: “Meu pai é herói popular, não da elite. Por isso eles não aceitam”. “Mas a voz do povo é a voz de Deus”, finalizou.