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Varela solta o verbo

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O apresentador do Balanço Geral fala do seu futuro na política e conta como começou na TV  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/12/2010, às 17h38   Natália Aguiar




Afastado da rádio, o apresentador Raimundo Varela não esconde o seu interesse pela política. Filiado ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), Varela teve algumas oportunidades de disputar a Prefeitura de Salvador. No meio do caminho desistiu, embora saiba que suas chances de eleger-se eram grandes. 

Em 2004, quando cogitou a possibilidade de candidatar-se a prefeito, chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto. Mas, conforme confessou, a falta de um projeto consistente para dar continuidade ao processo fez com que ele abandonasse a campanha.

Em 2008, bateu novamente aquela vontade de testar as urnas. As chances continuavam favoráveis, mas desta vez ele deixou a ideia de lado. Não tinha a certeza de que no PRB, uma legenda “nanica”, com pouca representação parlamentar e tempo de TV na propaganda eleitoral, poderia consolidar o projeto.

“Eu não tinha garantia e nem sustentabilidade para levar a campanha adiante. Não podia competir com o PT e PSDB, que dispõem de 4 ou 5 minutos”, explica o apresentador de uma dos programas de maior audiência da TV baiana, o “Balanço Geral”.

Varela não descarta a possibilidade de sair candidato na eleição municipal de 2012. “Não sei como será o futuro. Torço para o meu nome não ser lembrado. Só vou entrar nessa se tiver pelo menos 25% de apelo do povo, mas também para isso tenho que estar em um partido grande”.

Apesar das negativas, o apresentador não consegue esconder seu desejo de ajudar a cidade. “Eu quero poder melhorar Salvador. Se for da vontade de Deus, no governo estarei. Fico no Balanço Geral pelo menos até 2012, ano em que meu contrato se encerra. Até lá, continuarei ajudando as pessoas que precisam de assistência”.

Com esse objetivo Varela vem conversando com alguns partidos, como o PMDB e o DEM. Poderia até confabular com o PT do governador Jaques Wagner, mas o apresentador admite desconhecer os projetos da legenda.

Ao analisar a situação em que se encontra a prefeitura, ele diz que isso acontece porque Salvador ainda não tem um grupo forte que administre a cidade de forma correta. “Precisamos de uma nova gestão bem como novas divisões de área”. Se um dia chegar a ser prefeito de Salvador, Varela  promete “andar no Caveirão”, brinca.

Ao falar de João Henrique, o apresentador elogia o prefeito, mas não deixa de fazer sua crítica: “JH é um cara do bem, é um grande político, mas não é gestor. Ele não tem tino para a coisa”.

Apesar da crítica, Raimundo Varela concorda com a aproximação de JH com os governos estadual e federal. “Ele tem mesmo é que se aproximar. O gestor tem que ser humilde para reconhecer que não faz nada sozinho”, arremata justificando a postura do prefeito da capital baiana.


O apresentador Varela

Ao lado do “Se Liga Bocão”, o “Balanço Geral” é um dos líderes de audiência. Ambos são transmitidos pela TV Itapoan repetidora da Rede Record na Bahia.

Raimundo Varela Freire Júnior, mais conhecido como Varela, é uma personalidade de destaque no cenário baiano. Essa história começou muito antes da visibilidade conquistada na TV. Vem lá dos tempos do rádio ou até mesmo da época em que jogava futebol, pelos idos de 1965, quando times baianos como o Esporte Clube Ypiranga e o Leônico eram a “bola da vez”.

Em 1975, foi presidente do Clube do Periperi, no Subúrbio de Salvador. Foi aí que Varela deu seus primeiros passos para conquistar o sucesso que o apresentador ostenta hoje. Lá ele fazia um pouco de tudo, apresentava shows, eventos, fazia às vezes de mestre de cerimônias. Chegou a lançar um concurso para eleger a “miss suburbana”.

Varela gosta de lembra dos velhos tempos, quando foi descoberto por um superintendente da antiga Rede Tupi, que enxergou sua vocação para a televisão. A primeira experiência profissional na comunicação foi ano de 1975, ano em que estreou, junto com Milton Colen, o “Papo de Bola”, na TV Itapoan, naquela época afiliada da Rede Tupi de Televisão.

Precisou de apenas cinco anos, em 1980, para virar o âncora do “Lance Livre”, outro programa esportivo exibido aos domingos. Daí em diante, foi subida total. O apresentador não parou mais.

Os altos índices de audiência conquistados nos programas esportivos elegeram Raimundo Varela apresentador de “O Povo na TV”. “Era um programa de muito apelo popular. A gente queria mais aproximação com as pessoas, mas como vivíamos na época da ditadura militar, muita coisa não podia ser veiculada”, lembra com ar meio saudosista.



“A ouvidoria do povo”

Criado na década de 80 inicialmente na Rádio Sociedade  e depois na TV Itapoan, exibido de segunda-feira a sexta-feira, sempre às 12h, o “Balanço Geral” foi pensado como uma alternativa para dá “voz ao povo”, um espaço democrático em que os excluídos teriam oportunidade de falar, desabafar e pedir ajuda.

“O Balanço Geral faz serviço para o governo. As pessoas nos enxergam como válvula de escape. Somos uma espécie de ouvidoria do povo”, orgulha-se o apresentador.

Ele ainda foi locutor do programa “Acorda prá Vida”, da Rádio Tudo FM. Há pouco mais de dois meses o apresentador deixou a rádio por motivos de saúde.

Fotos: Edson Ruiz // Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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