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Dia da Consciência Negra: "é tempo de prosseguir"

Publicado em 20/11/2012, às 17h27   Adelia Felix (Twitter: @adelia_felix)


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Feriado em Alagoinhas, Cruz Das Almas, Camaçari e Serrinha, o Dia da Consciência Negra existe desde 2003. A data faz referência à morte de Zumbi - considerado um símbolo de resistência à escravidão-, morto em 20 de novembro de 1695. A oficialização da data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, aconteceu no ano passado, com a assinatura da Lei número 12.519 pela presidenta Dilma Rousseff. Para lembrar a data o Bocão News ouviu algumas personalidades baianas que representam o movimento.

Para o presidente do bloco afro Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o "Vovô do Ilê", hoje é um dia de comemoração, mas ele lembra que o racimo é um mal enraizado na população. "É uma dia para se comemorar contudo o racismo ainda está muito enraizado e se manifesta de várias formas. A Bahia talvez seja o lugar mais racista do Brasil, onde você imaginar o racismo é forte", disse o artista. Vovô destacou ainda que o racismo pode ser combatido através da música, da educação, da forma de se expressar: "Não é você sendo arrogante, querendo fazer um "apartheid ao contrário" que você vai mostrar que o mundo é um lugar para todos".

E o vereador Gilmar Santiago (PT) atenta para os problemas enfrentados pela minoria no campo político: "Salvador é uma cidade de maioria negra e que não tem políticas de saúde para essa parte da população. Sofremos ainda a invisibilidade na política. Só temos apenas dois deputados federais negros. Nunca tivemos na Bahia um governador negro", coloca o vereador autor do Projeto de Lei das cotas nos concursos públicos no município de Salvador.

E até na música, a cultura africana ainda encontra barreiras, é o que conta o vocalista da banda Filhos de Jorge, Dan Miranda. Antes o preconceito era muito maior e não vai deixar de existir, o importante é lutarmos pelo espaço que é nosso. "Já ouvi muito que era música de macumbeiro, e que seja! Em uma das nossas apresentações no Rio de Janeiro, nós estávamos caracterizados para o show e uma colega da gente ouviu “que coisa ridícula. Estou me sentindo na Angola ou no carnaval da Bahia. Que bobagem, né? As pessoas precisam respeitar isso”.

Se por um lado uns fazem "festa" a desembargadora Luislinda Valois dispensa: "Não tem o que comemorar é tempo de prosseguir. Eu vejo ainda o prosseguimento de uma luta que não vai terminar. Só vou me sentir feliz quando ver negro ocupando cargo de comando. Somos as maiores vítimas da falta de políticas públicas".

À reportagem, a desembargadora disse que vai entregar dois textos ao senador do PT, Eduardo Suplicy, que visam diminuir o preconceito: "São propostas de emendas. A primeira é para que tenhamos cotas para negros em concurso público. A segunda emenda é disponibilizar cotas para negros no quinto constitucional para ascender aos cargos de desembargador e ministros dos tribunais superiores".

Uma boa forma de comemorar o Dia da Consciência Negra é passear por atrações turísticas relacionadas à cultura preservada pelos descendentes de africanos trazidos ao Brasil desde o século XVI como escravos. Veja como clicando aqui.


*Matéria publicada originalmente às 11h16 do dia 20/11.

Classificação Indicativa: Livre

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