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Carroceiros tentam barrar ação que tira animais do Bonfim

Publicado em 08/01/2011, às 17h13   Redação Bocão News


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Além dos donos de jegues e proprietários de carroças, artistas, devotos e até o pároco da Igreja do Bonfim se colocaram contra a ação cautelar que será ajuizada por ativistas do meio ambiente e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) pela proibição de animais na Lavagem do Bonfim.

Tradicionais cavaleiros e carroceiros decidiram não refugar. Ontem, tendo à frente o dono do jegue Pagode e criador do bloco Levada do Jegue, Moisés Cafezeiro, começaram a se articular para barrar a ação na Justiça, semelhante a que foi elaborada no ano passado e acatada parcialmente.

Logo cedo, Cafezeiro pegou uma balsa no Terminal de São Tomé de Paripe e atravessou a Baía de Todos os Santos para se reunir com o grupo de cavaleiros de Ilha de Maré, um dos mais antigos a marcar presença no Bonfim, e que por sua vez já informou ao grupo de cavaleiros de São Sebastião do Passé.

A primeira ideia é elaborar um documento informando ao Ministério Público, OAB e ONGs sobre os cuidados tomados com os animais. “Queremos mostrar que a gente trata bem os bichos”, disse Moisés. O passo seguinte é sensibilizar as autoridades sobre o ganha-pão do carroceiros. Muitos já receberam os pagamentos do aluguel dos veículos.

“Em média, R$ 250. Passam o ano inteiro pensando e dependendo desse dinheiro”, diz Cafezeiro. A Empresa de Turismo S/A (Saltur), que organiza a festa, não informou a quantidade de carroças inscritas no cortejo oficial, mas sabe-se que milhares de “clandestinos” adentram a festa.    

Gente de Feira de Santana, Lauro de Freitas, Simões Filho, Alagoinhas costuma trazer animais do interior. Isso sem falar em cavaleiros e donos de carroças da Cidade Baixa, Subúrbio Ferroviário e outros bairros. “É muito bicho. Vai precisar de uns 500 policiais montados para tirar a gente da festa”.

Resistência
Até os artistas que tradicionalmente participam da Lavagem entraram na discussão. O cantor Gerônimo, este ano vai para a festa com três carroças, 50 percussionistas e 200 integrantes do bloco Orishalá.

“Esses animais nasceram com natureza de alta resistência, claro que sempre bem alimentados, hidratados e sem excesso de peso para puxar. Gostaria que os ativistas defendessem mais o animal ser humano. As crianças viciadas em crack no meio da festa, por exemplo”, alfinetou.

Padre Edson Menezes, pároco da Igreja do Bonfim, defendeu a presença dos quadrúpedes, mas recriminou os maus-tratos. “Os animais devem ser preservados, mas é uma tradição que vem de muitos anos. Esse poder de proibir os animais não é certo. Não impondo castigo, poderíamos manter a tradição”.

Ontem, primeira sexta-feira do ano, fiéis foram ao Bonfim como manda a tradição. E também se colocaram contra a proibição. “Não entendo porque proibir os jegues. O povo já não tem mais a fé, e agora querem acabar com a tradição. A culpa é da prefeitura”, afirmou o vendedor Ismael Alves, 23 anos. “Vão acabar com a tradição. Os bichos são fortes, dão conta do recado”, disse a costureira Suzana Souza, 34 anos).

Ação A OAB-BA, juntamente com três ONGs, ajuizam hoje, no Plantão Judiciário, a ação cautelar para impedir a presença dos animais na festa. O argumento é de que os bichos são submetidos a grande estresse, esforço físico desmedido, sons estridentes, açoites e temperatura escaldante. Enquanto isso, os ambientalistas acreditam que o documentário Os Animais da Terra da Felicidade, produzido no ano passado, servirá de prova no processo.

MP fiscalizará maus-tratos na Lavagem
Diferentemente de 2010, quando o Ministério Público entrou como uma das partes no processo contra a prefeitura e Saltur, desta vez a instituição fiscalizará o cumprimento da lei depois da decisão do juiz. “Maltratar um animal é ferir, inclusive, a dignidade humana, já que afeta também as pessoas mais sensíveis”, disse o substituto da 2ª Promotoria do Meio Ambiente,  Antônio Leal.

O promotor cogita ainda enviar à festa, caso a presença dos animais seja liberada, técnicos do órgão para servir de fiscais da prefeitura e dos proprietários de bichos.
Em 2010, o juiz substituto da 8ª Vara, Mário Albiani Júnior, liberou a presença dos animais com a condição de o município punir as situações de maus-tratos.

Com infromações do Correio


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