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Consumidor reclama de defeito em carro, Bremen nega e não vai fazer a troca

Imagem Consumidor reclama de defeito em carro, Bremen nega e não vai fazer a troca
Concessionária ofereceu apenas o refinanciamento do veículo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 09/05/2013, às 08h24   Terena Cardoso (Twitter: @terena_cardoso)


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A expressão ‘carro bichado’ parece ser a mais adequada para o Crossfox OLD 6865 que tem tirado a paz da família do estudante Abílio Rodrigues. O carro, comprado pela sua mãe Maria do Carmo Rodrigues, de 66 anos, custou a bagatela de R$ 54.900. Um dia após o veículo ter sido retirado da concessionária Bremen, da Barros Reis, ele apresentou um problema. “O drive não funciona”, afirma o estudante.

O carro possui o recurso Imotion, que elimina as passagens de marcha pelo condutor, ou seja, é automatizado. Mas, no dia dois de abril, o jovem notou que o carro permanecia no ‘neutro’ e não respondia aos comandos. “Infelizmente eu descobri isso em uma ladeira e quase sofri um acidente porque o carro ficou na banguela”, conta. Assim que detectou o defeito, o estudante voltou à concessionária e exigiu uma avaliação. “Eles disseram que eu teria que agendar, o que é um absurdo, porque o carro só tinha uma dia”, desabafou o  jovem, que não imaginou passar por tantos perrengues. “Eu fiz um escândalo lá dentro e eles avaliaram o carro. O mecânico constatou uma falha, mas disse que o carro voltaria a dar defeito. Eu tenho isso gravado”, diz.

Após avaliação, o veículo voltou com a moldura interna frontal deslocada e apresentou o mesmo problema no drive no dia 17 de abril, conforme previsão confidenciada pelo mecânico. “Novamente me vi numa situação de risco em outra ladeira. E dessa vez foi pior porque o câmbio sofreu um superaquecimento e o carro precisou ser rebocado. O mecânico trocou, mas não adiantou nada, porque depois ele voltou a não engatar o drive”, conta.  


Agora, a família exige a troca do veículo ou ressarcimento do valor. “Eles não conseguem avaliar o problema do carro e não querem trocar. Eles ofereceram um refinanciamento, mas o carro já tem quase dois mil quilômetros rodados. Certamente eles vão oferecer um valor baixo e vamos sair perdendo”, teme Abílio Rodrigues, que decidiu deixar o carro na concessionária e exigir a troca do veículo após negociação amigável ou por meios judiciais.

 Bremen nega

Em contato com a Bremen, o gerente de vendas, Josué Lacerda, alega que o veículo não está com defeito e que o problema foi de má adaptação do cliente. “Já entramos em contato com a mãe dele para oferecer a troca comercial porque não identificamos nenhum tipo de avaria. Fizemos testes com o cliente e toda vez que é feito não é apresentado qualquer tipo de problema. Se eles quiserem, vamos avaliar quanto vale o carro enquanto seminovo e verificar a diferença entre ele e outro carro novo. É o que pode ser feito”, diz.

O que diz o Procon

Segundo Alan Silva, coordenador técnico do Procon, o artigo 18 da Lei 8078/90, que protege os direitos do consumidor, avalia esse tipo de problema como um vício. Neste caso, a concessionária ou montadora tem o prazo de 30 dias para consertar o veículo ‘viciado’. Se nesse prazo o carro voltar a apresentar problemas o consumidor tem três opções: “Ele pode escolher se quer o dinheiro de volta devidamente corrigido, o abatimento proporcional ou um veículo novo. Cabe ao consumidor escolher uma dessas opções e não a concessionária”, diz o coordenador.

O consumidor pode ainda colher a avaliação de outras mecânicas autorizadas. “É importante lembrar que ele precisa exigir cópias de todas as ordens de serviço da concessionária, procurar o Procon ou o Judiciário e registrar a reclamação. Cabe a concessionária ou montadora provar que o vício não existe. Não basta alegar”, afirma.

Por que é tão difícil trocar um carro no Brasil

Para Ricardo Siriaco, especialista em direitos do consumidor, as concessionárias rejeitam o quanto podem a troca de veículos quebrados por diversas questões. “São registros, frete, tributos, impostos... Tudo isso gera um custo muito alto para eles. Algumas montadoras não ficam no Brasil, o que dificulta o processo”, afirma.



O especialista lembra ainda que o cliente precisa avaliar com cuidado as propostas oferecidas, que afastam o consumidor de seus direitos. 
“O consumidor no Brasil é despreparado e desavisado. Muitos acabam aceitando mil alternativas dadas pelas concessionárias e não pode ser assim. Um acordo mais rápido e correto é exigir um carro reserva nas mesmas condições do veículo novo e esperar que a concessionária troque toda a peça com defeito”, sugere.      



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