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Mata de S.João: prefeitura não sabe explicar ação contra cocadeiros

Imagem Mata de S.João: prefeitura não sabe explicar ação contra cocadeiros
Vendedores ambulantes acusam policiais a serviço do município por agirem com truculência   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/08/2013, às 08h00   Fabíola Lima (Twitter: @fabiolalimaa)




A venda de cocada na Praia do Forte, por comerciantes não cadastrados, é proibida pela prefeitura em Mata de São João desde 2006. Mas, apenas em 2013, a prefeitura exerce a lei municipal e comerciantes são obrigados “de forma truculenta” a deixar o local onde comercializam a iguaria.



No último sábado (27), cinco vendedores de cocada que comercializavam o produto nas vias públicas foram abordados por policiais a paisana que teriam os agredidos fisicamente e verbalmente.



Após denúncia que apontam ação de policiais que alegaram trabalhar para a prefeitura durante a retirada dos vendedores de cocada da praça, o Bocão News esteve no município para investigar o problema. Na porta da prefeitura os cocadeiros relataram o caso, mas o prefeito Marcelo Oliveira (PP) não foi encontrado nesta sexta-feira (2).


“Nós só queremos trabalhar. Há anos eu vendo minhas cocadas e sustento minha família com o dinheiro que consigo fazer dia e noite, andando de um lado para o outro na Praia do Forte. Nunca ouvi falar sobre a proibição. Nunca fui informada que a prefeitura seria contra eu trabalhar”, comentou a vendedora Domingas Cristovam, 47anos, que há 30 exerce a função no local.

Trabalhando há mais de 40 anos na Praia do Forte, Alexandro Alves, 55 anos, pai de 16 filhos conta que pretende continuar trabalhando no mesmo ramo que o ajudou a sustentar os filhos. “Não tenho outra profissão. Se todo este tempo eu estive trabalhando de forma ilegal, então que seja feita a coisa correta, mas sem violência. Só quero trabalhar de forma honesta. A prefeitura não poderia nos impedir disso”, pontuou.

Em comum, os dois vendedores - além de trabalharem na Praia do Forte - moram em Monte Gordo.  O que, de acordo com a assessora técnica da Secretaria de Ação Social, Luciana Alcântara, seria um dos entraves entre prefeitura e vendedores, além do trabalho infantil. “Nós da prefeitura entendemos que o diálogo é necessário. O que ficou evidente foi o trabalho de crianças e adolescentes e famílias de municípios vizinhos. O Ministério Público emitiu parecer com a proibição da prática dos trabalhos dos menores após pesquisa de campo realizada pela prefeitura, e o cadastro dos profissionais foi exigido. Com ele, o objetivo é desvencilhar as crianças deste trabalho. Sobre a forma truculenta, é necessário sentar e conversar para tentar resolver o que está acontecendo”, explicou Luciana.

O assunto que a prefeitura, através da assessora técnica, pretende ainda sentar e conversar tem acontecido de forma arbitrária, como relata a cocadeira Domingas há mais tempo. “Há dois meses, um policial me pediu para sair da praia quando eu estava vendendo. Na hora ele falou que tinha uma ordem da prefeitura para não 'mexer' com os vendedores, mas eu tinha que sair dali. Eu perguntei a ele qual era a justificativa já que eu não estava roubando nem me prostituindo. Mesmo com a discussão, eu continuei no local até vender todos os meus produtos”, relatou.

Para a assessora da prefeitura, os relatos são novidades. Apesar de os vendedores apresentarem histórico de policiais que se dizem a serviço da prefeitura, na réplica ela assegura apenas que transmitirá a problemática ao prefeito – que parece não saber sobre o problema no município.


Publicada no dia 02 de agosto de 2013, às 15h42

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