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Mata de São João: prefeitura é acusada de derrubar casas e clima é tenso

Imagem Mata de São João: prefeitura é acusada de derrubar casas e clima é tenso
Moradores denunciam ação truculenta de fiscais e exigem explicação do prefeito  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 21/08/2013, às 07h05   Alessandro Isabel (twitter: @alesandroisabel)




Destruição. Essa é a cena que se vê ao entrar no povoado de Tapera, localizado em Mata de São João, a 56 quilômetros de Salvador. De acordo com informações de moradores, o cenário de guerra foi construído por fiscais da prefeitura de Mata de São João que demoliram casas no local sob a alegação de não ser permitida a construção em Zona de Proteção Rigorosa (ZPR).

“Meus ancestrais fundaram esse local há mais de 300 anos. Nós sempre moramos aqui. Eu nasci aqui, meus filhos nasceram aqui e meus netos também moram aqui. Agora vem um prefeito que não conhece a nossa história querendo nos arrancar daqui a força”, desabafa Manuel da Hora, de 82 anos.


O prefeito que os moradores se referem é Marcelo Oliveira (PP). Eleito para administrar o município até 2016, o pepista tem pouco mais de oito meses à frente da gestão de Mata, mas já acumula a reprovação de seu eleitorado. “Todos nós aqui da Tapera votamos nele. Ele veio aqui em nosso povoado fazer promessas e nem bem assumiu já manda seus ‘capangas’ derrubar as casas dos moradores”, conta Mário Carlos, nativo de 62 anos.

Enquanto os moradores não podem construir, há poucos metros do povoado os tratores e retroescavadeiras da Concessionária Litoral Nortes (CLN) trabalham na duplicação da BA-099, trecho entre Itacimirim a Praia do Forte. “Alguém consegue explicar a lei de Marcelo Oliveira. Nós não podemos construir sobre a nossa terra porque dizem que é uma zona de proteção, mas a olho nu podemos observar a obra da CLN derrubando árvores na tal zona de proteção. A CLN pode destruir e nós não podemos construir?”, questiona Rosália Santana, uma das moradoras que teve a casa demolida.

Segundo informações de Paulo César, advogado que defende a causa dos moradores, a prefeitura informou que nenhum bloco pode ser colocado na ZPR para manter o local intacto, sem a intervenção humana. “Eles disseram que aqui é uma área de proteção. Todas as famílias moram nasceram a se criaram aqui. Cuidam da mata muito mais do que qualquer órgão. Eles não estão cometendo nenhum crime e a prefeitura deve explicação para todos os eles”.

A explicação que os moradores esperam é sobre a ação ‘truculenta’ dos fiscais da prefeitura de Mata de São João. “Eles chegaram aqui no domingo, sem nenhum documento oficial e derrubaram as casas”, afirma Crispim Oliveira que foi agredido. Outro questionamento é sobre a presença de viaturas da 53ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) e da Rondas Especiais (Rondesp) para a ação ilegal.


“Registramos tudo com fotos e vídeos. Garanto que não existe um bandido dentre as mais de 60 famílias que moram aqui na Tapera. A polícia chega aqui nos tratando como marginais e aponta arma para nós”, denuncia um dos moradores que preferimos preservar a identidade.

O caso está sendo acompanhado pelo promotor do Meio Ambiente, Oto Almeida de Oliveira Júnior. O secretário do Meio Ambiente de Mata de São João, Paulo Meireles, também comparece as reuniões, mas, segundo os denunciantes, está irredutível. “Eles já informaram diversas vezes que não irão permitir a construção em nosso povoado e nós não vamos permitir”, concluiu Manuel da Hora.

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Publicada no dia 20 de agosto de 2013, às 14h12

Classificação Indicativa: Livre

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