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Mãe abre quarto e intimidade dos irmãos mortos em Ondina para o Bocão News

Imagem Mãe abre quarto e intimidade dos irmãos mortos em Ondina para o Bocão News
Emocionada, Marinúbia Gomes mostrou objetos e lembrou momentos marcantes dos jovens  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 05/01/2014, às 06h01   Tony Silva (twitter:@Tony_SilvaBNews)



Marinúbia Gomes abriu as portas do apartamento onde moravam Emanuel e Emanuelle Gomes Dias e falou do cotidiano dos irmãos mortos em acidente na Ondina que envolveu a médica Kátia Vargas em outubro de 2013. O Bocão News teve acesso ao quarto dos filhos da enfermeira, que virou um santuário de objetos pessoais retratando momentos e lembranças que nunca sairão da cabeça da família e de amigos.

Dentro do quarto, à reportagem do site, Marinúbia falou da personalidade dos filhos. Entre as revelações que fez, contou que a motocicleta de Emanuel, pilotada por ele no momento do acidente, era “o maior sonho de consumo da vida do jovem”. De acordo com a mãe dos jovens, outro grande apego do filho era a cachorra de estimação “Yuna”, que aparece em muitas fotos com Emanuel.  


Sobre Emanuel

Alisando fotos e objetos de Emanuel com carinho e tristeza, Marinúbia lembrou alguns momentos marcantes e descreveu a personalidade do filho. “Eu tive um filho muito amoroso. Ele vivia para a família, amava a natureza, praticava esportes e adorava pescar. Volta e meia ele aparecia aqui em casa com algum cachorro que encontrava na rua. Ele vivia brincando com Yuna aqui na sala, se abraçavam e essa cadela é totalmente dócil. Ela gostava muito de brincar com Emanuel, agora ela fica meio desolada”, explica a mãe dos jovens.

Ainda falando de Emanuel, Marinúbia falou da motocicleta que o filho tinha há mais de dois anos. “Ele sempre sonhou com essa motocicleta, dizia que era o sonho de consumo da vida dele e eu fiz um esforço. Fomos juntos comprar, e nesse dia Emanuel falou que era um dos dias mais felizes da vida dele. Em quase três anos pilotando a motocicleta, que ainda estamos pagando, nunca se envolveu em nenhum acidente de trânsito. Ele chamava a moto de ‘minha filha’”, contou a mãe, que já chorava muito e continuou falando da paixão do filho pelos esportes.

“Ele gostava de praticar esporte, amava nadar e pescar. Uma das últimas coisas que compramos para ele foi o caiaque e um arpão”, Marinúbia interrompe com choro alisando as medalhas do filho.

A maioria dos pertences de Emanuel e Emanuelle foi doada para instituições de caridade, que receberam roupas, sapatos, maquiagens e outros objetos. Amigos próximos dos irmãos receberam objetos que representam lembranças de momentos vividos com os filhos de Marinúbia.

“Um dos objetos que nós demos aos amigos foi o caiaque que Emanuel adorava. Filipe e meu filho tinham uma amizade muito forte. Ele passou a gostar de natação e pesca depois do convívio com Emanuel, e fiquei sentida com a dor deste rapaz. Ele ficou muito deprimido com a perda do amigo e resolvi dar essa lembrança, que, com certeza, é de muitos momentos felizes dos dois”, relata.

Mais uma vez fazendo uma relação entre a personalidade do filho e a possibilidade dele ter causado o acidente, Marinúbia declarou. “Meu filho não tinha maldade nenhuma no coração, ele não era agressivo. O perfil de Emanuel jamais permitiria ele ter uma atitude tão agressiva, principalmente ao ponto de ter uma resposta tão trágica. Ele não era capaz de agredir ninguém”, desabafa a mãe, que mais uma vez deixou claro que não quer julgar. “Eu não tenho que dar veredito, só a Justiça dos homens e de Deus, acima de tudo, poderá fazer isso”, afirma.



Sobre Emanuelle

"Uma jovem sonhadora, decidida, companheira, cuidadosa, lutadora e meiga". Assim descreveu Marinúbia enquanto chorava alisando um book que filha fez aos 14 anos para participar da agência de modelos, na época, Talentos Brilhantes.

“Minha filha era muito cuidadosa com a família e gostava muito de cuidar da beleza, de festas com amigos, mas também era muito lutadora. Emanuelle tirou essas fotos com 14 anos para entrar na agência de modelos, ela sempre se cuidou, tanto da beleza quanto da vida em si” explica a mãe da jovem.

Segundo a mãe, Emanuele era muito madura para a idade que tinha e muito responsável. “Aqui em casa ela ajudava a planejar os orçamentos, as despesas, e nos aconselhava a economizar. No início, ela não queria que comprasse a motocicleta de Emanuel por conta da despesa que estaríamos fazendo, mas quando percebeu a felicidade e a responsabilidade do irmão, relaxou mais. Ela fez curso de corretora, rapidamente já estava trabalhando em uma grande empresa do ramo e, em seguida, já estava na faculdade. Minha filha estava construindo bem o futuro. O sonho dela era ser advogada, estava no sétimo semestre de Direito, mas teve o sonho interrompido”, disse Marinúbia, com mais uma pausa chorando e alisando o álbum de fotos da jovem.

Gratidão


No final da entrevista, Marinúbia disse que sempre se surpreende com a solidariedade e o afeto recebido em todos os lugares por aonde vai. “O carinho das pessoas consegue aliviar muito a dor no meu coração. Elas me param na rua, me abraçam, dão mensagens de conforto, me dão bíblias de presente e algumas choram comigo. Um dia, fui ao INSS resolver uma questão de Emanuel e mais de 40 pessoas vieram me abraçar. Isso me reconstitui e me fortalece”, agradece a mãe dos irmãos que deixou uma mensagem para as autoridades sobre o trânsito. “Eu tenho visto outras tragédias no trânsito e torço que sejam revistas as leis nessa área, a exemplo da Lei Seca, que precisa ser intensificada. Não dá para perder mais vidas no trânsito”, desabafa.

  Fotos: Juarez Matias // Bocão News

postada às 20h17 do dia 03 de janeiro


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