Salvador inaugurou um Centro de Referência LGBT na semana passada e o prefeito ACM Neto (DEM) iluminou o Elevador Lacerda com as cores do arco-íris; Salvador tem Parada Gay e Vila da Diversidade no Carnaval; a terra do dendê também tem um Observatório da Discriminação LGBT e uma conferência municipal em prol da causa está prevista no calendário ainda deste ano. Mas, parece que os funcionários do Cinépolis Belavista e outros mais que assistiram ao filme “Praia do Futuro” ignoram as ações. O filme, para quem não sabe, tem sido alvo de críticas por conter cenas homossexuais entre os atores Wagner Moura e o alemão Clemens Schick. Relatos na rede social Facebook dão conta de um abuso ocorrido dentro do Cinépolis aqui na capital baiana. O caso aconteceu com o jornalista Tony Pacheco, que comprou o ingresso no estabelecimento e foi alertado pelos funcionários de que o filme era ruim e que se fossem ele, não entrariam para assistir. O bilheteiro sequer tocou no ingresso. “Avisaram lá fora que o filme é ruim?”, perguntou.
O presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, também assistiu ao filme, e relatou o que viu na sala de cinema do Salvador Norte Shopping: “Experiência terrível. Gente xingando, indo embora, barbárie total. Vou fazer um artigo sobre esta experiência. Mas não percam o filme!”, pediu.
Sobre a polêmica, a escritora e jornalista Mariana Paiva questionou porquê as pessoas têm medo do amor. “Olha a folhinha, minha gente. É 2014 agora. E aí que as pessoas ainda têm de avisar que tem cenas de sexo homoafetivo num filme pra não irritar aqueles de estômago sensível. Sério? E a violência que passa o dia todo nos jornais? As fotos dos cadáveres? E os closes ginecológicos das dançarinas? E os personagens dos homens nas novelas que continuam puxando forte as mocinhas pelo braço quando elas saem de perto? "Praia do Futuro" é só amor, minha gente (nunca vi coisa mais boba que medo de amor)”, escreveu.
Procurada, a assessoria do Shopping Belavista prometeu apurar o caso, mas até o fechamento desta matéria não enviou qualquer resposta. Na Paraíba, dizem internautas, um gerente quase foi agredido por não ter avisado o conteúdo do filme e os bilhetes passaram a ser carimbados. Leia mais.
Publicada no dia 23 de maio de 2014, às 11h36
