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O amor tem cor? Jornalista aponta 'desumanização' como fator determinante na solidão de mulheres negras

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Para a jornalista, Ashley Malia, a solidão de mulheres negras perpassam pelo processo de desumanização  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Redes Sociais

Publicado em 21/03/2022, às 06h00   Yasmim Barreto


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“O racismo desde sempre se criou essa imagem à mulher preta de que ela é pro sexo, ela é pra cozinha, mas ela nunca e pra casar isso é e sempre foi um discurso muito forte no Brasil”, ressaltou a jornalista, influencer, escritora e mulher preta, Ashley Malia, que, além de falar da afetividade da mulher negra sob o olhar de observadora, também contou ao BNews sobre suas vivências.

A ausência do carinho, da demonstração de afeto em público, do olhar humanizado. Infelizmente, a estrutura em que a sociedade foi construída impõe as narrativas citadas às vivências de mulheres negras perpetuando até os dias atuais. Para Ashley, a afetividade dessas mulheres sempre perpassou (e ainda perpassa) por violências que acabam desumanizando e as colocando no lugar de solidão.

Ao BNews, o psicólogo Franklin Reis ainda complementou: “Para essa população, de uma forma generalizada, investir no amor é uma tarefa frustrante. Tenta, investe emocionalmente e no final é trocada por uma mulher branca. Isso reforça a ideia altamente equivocada de que talvez elas não mereçam amor, de que elas não são dignas de cuidados, que o lugar delas no mundo não deve ser atravessado por afetos amorosos vindo de parceiros/parceiras e uma sensação fortíssima de abandono. São mulheres que, forçadamente, são colocadas no lugar de abandonadas e que têm que aceitar qualquer resto de afeto”, reiterou.

O que podem levar às relações que, por vezes, se entrelaçam em realidades conflituosas. De acordo com a jornalista, seus relacionamentos já iniciaram a partir da ideia de “solidão e abandono”. “São traumas que eu tento curar hoje, mas que eu ainda carrego um pouco do medo. E quando eu encontro uma relação em que eu tenho respeito, que é o mínimo que eu mereço, é como se fosse uma armadilha”, afirmou.

O psicólogo chamou a atenção para a saúde mental dessas mulheres. De acordo com o especialista, as consequências são alarmantes. “Isso tudo desagua de uma maneira estrondosa na autoestima. Não podemos esquecer o quanto a autoestima da mulher preta é afetada de maneira negativa por todos esses fatores”.

Uma outra perspectiva

Mesmo com as adversidades atreladas ao racismo, a jornalista também trouxe uma outra perspectiva a partir de sua vivência. À reportagem, ela contou que atualmente está em um relacionamento, mas, com motivações nas quais entende que são ideais e saudáveis.

“Não estou me relacionando a partir da ideia de solidão, eu tô me relacionando, porque eu conheci uma pessoa que mostrou ser alguém que me respeite, que me complementa de diversas outras formas”.

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