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Secretaria de Educação de cidade sulista expõe suástica em fotos históricas; confira

Giuliano Bianco
É crime veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, tendo pena de dois a cinco anos de reclusão e multa  |   Bnews - Divulgação Giuliano Bianco

Publicado em 12/05/2023, às 19h33   Cadastrado por Rafael Abbehusen


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A Secretaria de Educação de Dona Emma, município em Santa Catarina com pouco mais de quatro mil habitantes, exibe nas paredes do hall de entrada quadros com fotos históricas de famílias que residiram na cidade. Entre elas, é possível encontrar imagens de bandeiras com a suástica nazista e simpatizantes de Hitler.

Em uma das fotos, diversas crianças e um homem aparecem em frente a uma escola, hasteando uma bandeira da Alemanha nazista ao lado da bandeira do Brasil. Em um papel, dentro da moldura da foto, como uma espécie de legenda, tem escrito "A escola particular Alemã era mantida pelos pais dos alunos com recursos vindos da Alemanha".

Em outra foto exposta, sete homens estão posando ao lado da bandeira nazista e a legenda diz "simpatizantes de Hitler em Nova Esperança", um bairro de Dona Emma.

Segundo a Lei 7716/1989 é crime "veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, tendo pena de dois a cinco anos de reclusão e multa".

Entenda a história

O professor de história, Carlos Bartel, do Instituto Federal Catarinense (IFC), no campus de Ibirama, município vizinho à Dona Emma explica que a região tem uma forte presença histórica de núcleos nazistas. Ele também é autor de um artigo chamado "O nazismo está nas ruas: nazismo e Estado Novo no município de Hamônia/Ibirama (1933-1945)".

Segundo o professor, Dona Emma fazia parte do município de Hamônia, que tinha esse nome em homenagem à cidade de Hamburgo. A região foi ocupada por uma colonização privada liderada pela Sociedade Colonizadora Hanseática, do norte da Alemanha, que tinha sede na cidade de Hamburgo.

"No município de Hamônia haviam várias células do partido nazista. O personagem mais importante da região era o médico Friedrich Kröner, que eu cito no meu artigo. Ele era um médico que foi trazido para cá pela Sociedade Colonizadora Hanseática e era membro do partido nazista – tinha carteirinha e tudo. Ele conseguiu financiamento com o partido nazista para construir o hospital da Colônia Hamônia e depois da cidade de Hamônia, da qual Dona Emma fazia parte", revelou.

O professor explica que muitos grupos nazistas foram desmanchados, na década de 30, e alguns chegaram a ser presos.

Segundo pesquisa feita pela historiadora Adriana Dias, uma das maiores referências em pesquisa sobre neonazismo no Brasil, Santa Catarina é o segundo estado com maior número de células nazistas do país, atrás somente de São Paulo. Se considerarmos termos proporcionais, pela população dos dois estados, Santa Catarina ficaria em primeiro lugar.

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