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Virada Cultural começa com 'fora, Bolsonaro', 'olê, Lula', som baixo e palcos vazios

Fábio Arantes/Prefeitura de SP
Artistas e público também mencionaram a pandemia de Covid-19 e a vacinação no país  |   Bnews - Divulgação Fábio Arantes/Prefeitura de SP

Publicado em 29/05/2022, às 05h20   Folhapress


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A Virada Cultural teve início na tarde deste sábado (28) com alguns palcos esvazaidos e manifestações políticas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Tradicionalmente a Virada é palco de protestos, o que se acentua em um ano de eleição presidencial polarizada como este, entre Bolsonaro e Lula (PT). Artistas e público também mencionaram a pandemia de Covid-19 e a vacinação no país, temas no centro do debate político em função da postura negacionista do Planalto.

No palco Parada Inglesa, zona norte de São Paulo, por exemplo, a cantora Ana Cañas manifestou-se favoravelmente ao SUS (Sistema Único de Saúde) e à ciência, dizendo "Viva a Terra, que não é redonda".

Ao cantar "Alucinação", de Belchior, o público manifestou-se contra Bolsonaro e em favor de Lula.
Conversando com a plateia, Ana Cañas pediu que "a gente saiba votar e mudar essa realidade dura que estamos vivendo". O público respondeu entoando "Olê, olê, olá, Lula, Lula".

No palco do Campo Limpo, zona sul, no intervalo entre o show de Vitão e Xande de Pilares, ouviam-se gritos do público de "fora, Bolsonaro" e "Bolsonaro, você acabou com a minha vida".

Na Praça das Artes, região central, o rapper Don L disse que esta seria a "Virada da Vacina". Ao fim da música "Éldwood", o rapper gritou que o público fizesse um 'L' com a mão, em referência ao seu nome, mas gesto que também pode ser entendido como menção a Lula, e depois declarou: "Com certeza, se não tivéssemos um presidente genocida, muito mais pessoas estariam aqui com a gente".

Na metade do show, Paulo Galo, líder do grupo Entregadores Antifascistas, subiu ao palco. Ao lado dele, Don L exibiu a frase "Pare de nos sufocar" nos prédios próximos ao palco, referência a Genivaldo de Jesus Santo, que morreu asfixiado após ser trancado em viatura por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe.

Na zona norte de São Paulo, antes de iniciar a última música de sua apresentação, os cantores Romero Ferro, Bixarte e Doralyce pediram também "Fora, Bolsonaro" e cantaram "Tolerância Zero".
Os cantores disseram que, neste ano eleitoral, é necessário votar com consciência. Parte do público respondeu à manifestação aplaudindo.

O começo da Virada, contudo, teve tom mais brando, com palcos de pouco público. Mesmo nomes mais conhecidos e celebrados da música não conseguiram atrair muitas pessoas nas primeiras apresentações do evento.

Foi com 28 minutos de atraso e uma plateia reduzida que o maestro João Carlos Martins subiu ao palco da Freguesia do Ó, da Virada Cultural, e deu início aos shows da primeira edição pós-pandêmica da Virada. Ele se apresentou ao lado da escola de samba Vai-Vai, que chegou pouco depois.

Músicas como "Maluco Beleza", de Raul Seixas, e "Codinome Beija-flor", do Cazuza, animaram o público, que, ao som da orquestra comandada por Martins, fez o vocal dos sucessos.

Pouco antes, o prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e a secretária cultural da cidade, Aline Torres, fizeram um pronunciamento. "A periferia é de todo mundo", afirmou Torres, em referência à descentralização desta Virada. Neste ano, a madrugada do centro paulistano, que há semanas vem sendo palco de violentas operações nos arredores da cracolândia, terá somente atrações modestas –mas nem a secretária, nem o prefeito atrelaram isso à escolha.

"Que a gente tenha uma Virada Cultural histórica. E segunda-feira quem tem entre 12 e 17 anos já pode tomar a terceira dose da vacina [contra a Covid-19]."

Além do prefeito e da secretária, o diretor do Sesc, Danilo Miranda, também falou no microfone e prometeu lançar em breve mais duas unidades da instituição, uma na Casa Verde e outra em Pirituba.
O rapper MV Bill, em seu primeiro show desde o início da pandemia, se apresentou para plateia também reduzida no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, ao lado de sua irmã, a também rapper Kamilla CDD.

Ele relembrou inspiração dos Doctors Mc, grupo formado na zona leste paulistana, e exaltou felicidade por se apresentar na região. "Quando fiquei sabendo que a minha volta seria num palco na zona leste, foi uma satisfação muito grande", afirma.

MV Bill também atraiu público relativamente pequeno para o palco do Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, na zona leste da capital. Durante a faixa "Respeito é pra quem tem", ele puxou coro contra o governo federal. "É para o povo de Brasília escutar."

Na sequência, o rapper afirmou que não precisa mencionar, nem xingar, o nome de qualquer político. "Quem acompanha nossa música sabe o que pensamos", explica.

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