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Pelourinho decadente: Conheça a realidade longe dos olhos de turistas em Salvador

Imagem Pelourinho decadente: Conheça a realidade longe dos olhos de turistas em Salvador
Crianças e adolescentes são principais protagonistas dos crimes no centro histórico abandonado  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/05/2013, às 13h27   Redação BNews


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Uma realidade que não está nos cartões postais foi registrada pelo Bocão News, no Pelourinho, em Salvador, tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio cultural da humanidade. Longe dos belos e restaurados casarões próximos da Casa de Jorge Amado e do Elevador Lacerda - pontos turísticos preferidos pelos turistas-, existe a Rua da Independência, da Liberdade, a 28 de Setembro, Rua do Bispo e o Gravata, estão presentes o abandono, a violência e livre comercialização de drogas. Ao menos nas principais vias do centro, o policiamento é constante. Mas ainda assim não é preciso ir muito longe para ver crianças e jovens escravizados pelo crack, trafegando nos becos, comercializando a droga, ou pedindo esmola e comida.
A violência é tão assustadora, que enquanto a reportagem conversava com moradores e trabalhadores, fomos aconselhados a não percorrer algumas localidades como Gravatá e 28 de Setembro, sem a companhia de um morador local ou um policial militar. Inicialmente, nosso fotógrafo tentou registrar alguns casarões com risco de desabamento, escorados com ferro e madeira, mas acabou sendo afugentado por suspeitos que estavam no local. Com a escolta de um policial militar, a reportagem retornou e conseguiu percorrer algumas ruas, como Rua do Bispo, Rua 3 de Maio, Rua da Saldanha, Rua Guedes de Brito, 28 de Setembro e Gravatá, onde registramos algumas pessoas morando em casas antigas, e com placa avisando que a qualquer momento a casa pode desabar.
A trançadeira que trabalha no Pelourinho há mais de 10 anos, conhecida como Valda, conta que a violência e o abandono no centro histórico de Salvador assusta. “Já presenciei vários assaltos aqui no Terreiro de Jesus. Eles puxam à corrente de ouro e levam, principalmente de turistas. Isso está muito abandonado. Precisa de segurança. Os gringos não vêm mais como antes, e quando vêm só andam com medo”, desabafa.
Uma moradora que prefere não se identificar, conta que o comércio livre de drogas é comum e só é inibido quando algum carro da Policia percorre áreas críticas. “A maioria dos crimes aqui são cometidos por crianças e adolescentes, que são mandados para o Centro de Apoio ao Usuário de Crack. Só que quando chegam lá eles passam a mão pela cabeça. Mas tem outros que só usam o crack dele e não perturbam ninguém”, conta.

Por conta da Copa de 2014, um projeto de requalificação está em andamento no local, com a revitalização das praças e dos casarões. Em outubro do ano passado, o governo estadual anunciou investimentos na infraestrutura do centro histórico de R$ 700 milhões. Com a verba, devem ser implantadas ciclovias e uma nova iluminação pública.
Para o empresário Aldo Ribeiro, que tem uma loja no Pelourinho há 23 anos, a ausência de segurança para os visitantes e moradores são centenárias. “Eu achava que iria melhorar e piorou. O governo está deixando isso aqui no abandono. A malandragem existe e é muito grande e o tráfico também. A polícia faz o papel dela, mas não diminuiu. Esse pessoal de menor é que barbariza. A maioria que faz esses erros têm 14, 15 anos. O policial pega e no outro dia esse menor está rindo da cara do policial.  Para mim, o governo não tem interesse em reformar nada. Tudo isso aqui é faz de conta. Só fachada”, lamenta.

O Bocão News conversou com o coronel Anselmo Alves Brandão, responsável pelo 18º Batalhão de Polícia Militar (18º BPM), localizado na rua do Bispo, responsável pelo policiamento do trecho compreendido entre o Santo Antônio Além do Carmo e a Vitória, garante que tem policiamento no local.  “No Pelourinho não tem homicídio, nem tentativa de homicídio. Tem pequenos delitos. Nós temos 14 câmeras e vamos receber mais 32 câmeras. Nós trabalhamos com ações preventivas, e em parceria com a Polícia Civil, que acompanha a mancha criminal, além da Guarda Municipal”, afirma. 

Veja mais imagens registradas pelas lentes do fotógrafo Roberto Viana. (Clique aqui).

Classificação Indicativa: Livre

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