Cidades

Maternidade Ester Gomes é acusada de atrasar salários e não pagar direitos trabalhistas

Divulgação
A entidade é mantida pela Fundação Fernando Gomes, que já responde na Justiça a cerca de 50 processos  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 13/02/2019, às 20h04   Márcia Guimarães


FacebookTwitterWhatsApp

A Maternidade Ester Gomes, em Itabuna, está sendo acusada de atrasar salários de diversos funcionários e de não pagar valores devidos a ex-funcionários do hospital. A entidade é mantida pela Fundação Fernando Gomes, que já responde na Justiça a cerca de 50 processos.

“É um descaso total na Maternidade Ester Gomes. Saí de lá há nove meses e ainda não me pagaram tudo. Nem o FGTS depositaram e, por isso, perdi a oportunidade de receber o seguro desemprego. Pagaram meu tempo parcelado do jeito que queriam, em duas vezes, e tive que abrir mão de valores para poder recebe o FGTS, o que acabou não acontecendo. São inúmeras causas trabalhistas que eles têm na Justiça. Lá paga um mês e deve o outro. Não me atendem quando eu ligo para cobrar. Sem dinheiro, passei por muitos perrengues e acabei tendo que vir para Salvador à procura de emprego”, relata Eric Silva, ex-motorista de ambulância da Maternidade. 

Silva diz que foi demitido apenas por solicitar que ele e os colegas motoristas tivessem incorporado o adicional de periculosidade. Segundo ele, um dos diretores achou ruim e fez com que o demitissem. Fora isso, ele nunca teve problema ou reclamação, garante o ex-motorista.

“As ambulâncias estão em péssimas condições de uso, não tinham freio de mão e o cinto de segurança fica travado, sem funcionar. O diretor Sérgio Gomes cansava de fazer os funcionários chorarem porque gritava e xingava eles. Não é uma postura correta. Além disso, após sair de lá, quando eu ligo para saber de alguma posição, dizem que não estão, que não podem atender no momento e eu nunca sei em que pé está os pagamentos que me devem”, denuncia Silva.

A advogada do Sindicato dos Trabalhadores de Estabelecimentos de Saúde de Itabuna e Região (SINTESI), Aline Ribeiro, revelou que a Maternidade Ester Gomes está tentando uma conciliação global em relação aos processos que foram ajuizados contra a Fundação Fernando Gomes.

“Há vários processos ajuizados e de várias reclamantes contra a Maternidade Ester Gomes, mas estamos tentando fazer uma conciliação global e ela pediu essa conciliação para viabilizar o pagamento da dívida que já respondia na Justiça. A parte já reconhecida está em mais de R$ 6 milhões, só de multa por salários atrasados. Um desses processos é do Sindicato por causa do atraso de salários”, explicou a advogada. 

De acordo com ela, há muitos processos de trabalhadores que foram demitidos e solicitam verba rescisória. O Sindicato também ingressou com uma ação por causa de FGTS não pago.

Com a conciliação global, há a tentativa de fazer o escalonamento do pagamento. A Maternidade fez uma proposta de parcelar essa dívida em parcelas de R$ 10 mil, com outras cláusulas, mas o Sindicato apresentou uma contraproposta e a situação está sendo negociada. 

“No momento, os processos prosseguem normalmente e a maioria está em fase de execução. Enquanto não houver uma manifestação da maternidade sobre o real interesse da conciliação global, as ações prosseguem normalmente, inclusive com bloqueio de recursos nas contas da instituição. Isso não interfere no pagamento de salários, então a maternidade continua aberta e deve pagar as remunerações corretamente. Uma coisa não interfere na outra. O que está sendo discutido em juízo é a questão dos processos que foram ajuizados”, contou Aline. Há mais de 50 ações somente de ex-funcionários. 

Justificativas

O advogado da Fundação Fernando Gomes, Eduardo Maltez, alega que as acusações do ex-motorista de ambulância não procedem. “A Fundação vive exclusivamente com recursos do SUS. Recursos do SUS não pagam contas e a entidade não tem conforto financeiro. É uma Instituição que cuida de pessoas carentes e está passando por um momento de crise, assim como a saúde pública em geral. Os pagamentos devidos terão que ser programados e parcelados com a intervenção do Sindicato”, avisou Maltez.

Ele destaca que a Maternidade Ester Gomes é uma entidade que há mais de trinta anos cumpre importante papel social junto à toda sociedade grapiúna (Sul da Bahia). “A relação travada com todos os seus colaboradores e fornecedores se pauta na ética e no respeito, valores estes que estão arraigados desde na sua origem. Nesse momento de crise, cuja economia nacional vem sendo recuperada a custo de muitos sacrifícios, a Maternidade da Mãe Pobre, que recebe exclusivamente os escassos e insuficientes recursos do SUS, vem superando um período de crise com muita doação e perseverança, buscando com isso resgatar um espaço conquistado há muitos anos. Reclamações e reivindicações pessoais devem e serão tratadas no momento e locais próprios”, declarou a defesa.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp