Justiça

Dodge é apresentada a Bolsonaro como alternativa previsível para a PGR

Folhapress
Pesa a favor de Dodge o fato de ela já ter sido sabatinada e aprovada pelo Senado e de ser considerada um nome palatável  |   Bnews - Divulgação Folhapress

Publicado em 23/05/2019, às 06h31   Redação BNews


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Com um aceno do Palácio do Planalto de que está no páreo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, iniciou movimentação discreta na tentativa de ser reconduzida ao cargo com o argumento de que é melhor para o governo indicar um nome conhecido e previsível do que embarcar em uma possível aventura. No início deste mês, segundo relatos feitos à Folha, Dodge recebeu uma sinalização da equipe do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que tem chances de ser indicada a um segundo mandato, o que levou simpatizantes da recondução a iniciarem uma articulação de bastidor pelo seu nome.

Ainda conforme a Folha, o presidente pretende esperar o resultado da eleição interna para escolher um nome para o cargo, mas ele já disse em conversas reservadas que não tem compromisso com a lista tríplice e que pode escolher alguém de fora. Dodge também ganhou força junto ao Palácio do Planalto após consulta informal feita por aliados do presidente a senadores e a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). A sondagem demonstrou que uma recondução seria bem aceita tanto no Judiciário como no Legislativo.

A procuradora-geral teve audiência com Bolsonaro há duas semanas para conversar sobre a destinação do dinheiro de um fundo que a força-tarefa da Lava Jato pretendia administrar, com R$ 2,5 bilhões de multas pagas pela Petrobras a autoridades dos Estados Unidos. Ela ajuizou ação no Supremo para barrar a iniciativa da Lava Jato —para Dodge, os recursos não podem ficar sob os cuidados de procuradores. Ela sugeriu que sejam aplicados em educação, ideia que agradou Bolsonaro.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, já suspendeu a criação da fundação da Lava Jato que iria administrar o fundo e bloqueou os recursos até análise definitiva do caso pelo plenário. O subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Jorge Oliveira, um dos principais consultores jurídicos do presidente, é simpático a Dodge. Os dois tiveram reuniões recentes também para tratar dos recursos do fundo da Lava Jato.

Conforme a Folha, a mulher de Oliveira, Viviane, é analista jurídica de carreira no Ministério Público e atua em uma assessoria na área cível subordinada ao gabinete de Dodge na PGR.

Pesa a favor de Dodge o fato de ela já ter sido sabatinada e aprovada pelo Senado e de ser considerada um nome palatável. Um dos maiores receios do governo, segundo relatos feitos à Folha, é que o nome indicado por Bolsonaro não consiga apoio suficiente e acabe sendo reprovado no Senado, em uma derrota política para o presidente.

Há, no entanto, uma dúvida sobre qual será a reação da base bolsonarista mais aguerrida a uma eventual recondução de Dodge  Ela chegou ao cargo por indicação do ex-presidente Michel Temer (MDB) e com aprovação do ministro do STF Gilmar Mendes.

Além disso, Dodge denunciou o atual presidente, em abril de 2018, enquanto ele ainda era deputado, sob acusação de racismo por causa de um episódio em que Bolsonaro, em uma palestra no Clube Hebraica, no Rio, “tratou com total menoscabo os integrantes de comunidades quilombolas”, segundo a avaliação dela.

A denúncia acabou rejeitada pela Primeira Turma do STF em setembro, às vésperas da eleição, por 3 votos a 2. A maioria dos ministros entendeu que as declarações de Bolsonaro na palestra se deram dentro dos limites da liberdade de expressão.

Procurada, a assessoria de imprensa da PGR informou que não comentaria o assunto.

OS CANDIDATOS À LISTA TRÍPLICE
(Eleição acontece dia 18 de junho)

Subprocuradores-gerais
Antônio Carlos Fonseca Silva
José Bonifácio de Andrada
Luiza Frischeisen
Mário Bonsaglia
Nivio de Freitas
Paulo Eduardo Bueno

Procuradores regionais
Blal Dalloul
José Robalinho
Lauro Cardoso
Vladimir Aras

​QUEM CONCORRE POR FORA
Raquel Dodge
Atual titular do cargo, tem apoio de aliados de Bolsonaro por já ser nome conhecido

Augusto Aras
Subprocurador-geral, coordena a câmara do MPF responsável por questões econômicas

O que faz o procurador-geral
É o chefe do Ministério Público da União (que inclui Ministério Público Federal, Ministério Público Militar, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios). Representa o MPF junto ao STF e ao STJ e tem atribuições administrativas ligadas às outras esferas do MPU

Classificação Indicativa: Livre

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