Justiça

Procuradores consideraram Raquel Dodge inimiga interna da operação "lava jato"

Agência Brasil
Em abril deste ano, os procuradores discutiram a possibilidade de apresentar um mandado de segurança alegando omissão de Dodge no caso de Léo Pinheiro  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 10/08/2019, às 09h47   Redação BNews


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Os procuradores da "lava jato" consideravam a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, um entrave e uma espécie de inimiga interna da operação. A informação é do site Consultor Jurídico (Conjur).

De acordo com o site, eles até discutiram estratégias para pressionar Dodge, através da imprensa, a enviar ao STF o acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, a principal testemunha da "lava jato" contra o ex-presidente Lula.

É o que apontam as últimas mensagens divulgadas nesta sexta-feira (9/8) pelo site The Intercept Brasil, em parceria com o jornal El País. Nas conversas, sobram críticas ao trabalho de Dodge no comando do Ministério Público Federal. Uma das queixas da força-tarefa é quanto à demora de Dodge em enviar acordos de colaboração para serem homologados pelo STF.

Em 28 de junho de 2018, o procurador Athayde Ribeiro Costa sinalizou que até o ex-juiz Sergio Moro, apelidado de "russo", perguntou sobre o acordo de Léo Pinheiro: "Rússia acabou de perguntar se evoluiu LP". A procuradora Jerusa Viecili respondeu que havia "advogados de outros potenciais colaboradores ligando querendo saber da evolução das negociações. Brasília precisa resolver nossas pendências, senão esse povo todo vai fazer acordo com a PF".

No dia seguinte, o procurador Deltan Dallagnol sugeriu usar a imprensa para pressionar Dodge no caso de Léo Pinheiro. O acordo foi assinado em dezembro de 2018 e, até agora, não foi encaminhado ao Supremo. "Podemos pressionar de modo mais agressivo pela imprensa, subindo nível de críticas", disse Dallagnol, que também criticou a morosidade de Dodge: "A mensagem que a demora passa é que não tá nem aí pra evolução as investigações de corrupção. Dá saudades do Janot [Rodrigo Janot, antecessor de Dodge]".

Em abril deste ano, os procuradores discutiram a possibilidade de apresentar um mandado de segurança alegando omissão de Dodge no caso de Léo Pinheiro. "Na ponta da faca, se ela assinou, cabe MS por omissão se ela não levar ao Judiciário para homologar", afirmou o procurador Antônio Carlos Welter. Em outros momentos, a força-tarefa se queixou de Dodge por "não despachar nada" e "centralizar tudo".

A força-tarefa também se irritou quando Dodge acionou o STF para barrar a criação de um fundo para administrar R$ 2,5 bilhões de multas pagas pela Petrobras nos Estados Unidos. "Caros. O barraco tem nome e sobrenome. Raquel Dodge", resumiu o procurador Januário Paludo.

Elogios a Janot
Se a relação com Dodge é conturbada, o mesmo não se pode dizer de Rodrigo Janot. O ex-PGR recebeu inúmeros elogios de Dallagnol em conversas privadas entre os dois. Em julho de 2015, Dallagnol chegou a dizer que Janot merecia um monumento e agradeceu o apoio do então PGR à "lava jato".

"Janot, o maior diferencial é que você, por características pessoais, permitiu que esse trabalho integrado acontecesse, a começar pela criação da força-tarefa e todo apoio que deu e dá ao nosso trabalho. Você merece um monumento em nossa história", escreveu Dallagnol.

Já em conversa privada com Dodge, Dallagnol deu conselhos para que a atual PGR resolva os conflitos internos. Em agosto do ano passado, ele escreveu: "Confio que terá sabedoria para ouvir frustrações com serenidade, avaliar criticamente o que é pertinente e usar isso para fortalecer os relacionamentos e o trabalho que é de todos nós".

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