Justiça

Escola diz que não possui “nenhuma relação institucional” com líder religioso acusado de assédio sexual

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Faculdade apontada como de propriedade de Jair Tércio também se manifestou e repudiou acusações  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 03/08/2020, às 10h22   Yasmin Garrido


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Após as denúncias contra o líder religioso e criador da Fundação Ocidemnte (Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais), que estão sob investigação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), o centro de estudos e escola Ananda, apontado como de propriedade de Jair Tércio Cunha Costa, se manifestou na manhã desta segunda-feira (3) e alegou que não possui nenhuma relação institucional com o guru.

Por meio de comunicado, o escola destacou que o vínculo que possui com a Fundação Ocidemnte é “estritamente pedagógico e relacionado aos conteúdos utilizados nas disciplinas Iniciação à Consciência e Consciência”. A nota, assinada pela Carina Viana Sales, fundadora e diretora da Ananda, diz ainda que a escola espera que “os fatos sejam apurados e esclarecidos o quanto antes”.

Quem também se posicionou após a repercussão das denúncias contra Jair Tércio foi o Instituto Superior de Educação Ocidemnte (Iseo), atribuído ao líder religioso pelas vítimas que o acusam de assédio e abuso sexual. Por meio de nota, eles afirmaram que são mantidos pela Fundação Ocidemnte, criada pelo guru, mas tem reconhecimento pelo Ministério da Educação (MEC).

“Não houve qualquer registro formal de casos ou denúncia de abusos de qualquer natureza, no âmbito da instituição, nem de qualquer ação negativa que possa desabonar o legado que o Iseo vem construindo ao longo de 12 anos de atuação na Bahia”, diz trecho do comunicado.

Entenda o caso
O líder espiritual Jair Tércio Cunha Costa, criador da Fundação OCIDEMNTE (Organização Científica de Estudos Materiais, Naturais e Espirituais), sediada em Salvador, é investigado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por abuso sexual e psicológico.

Ao todo, 14 mulheres relataram terem sido vítimas de Jair Tércio. O depoimento delas foi encaminhado ao MP-BA, que apura o caso. Parte dos crimes teriam acontecido no bairro de Stella Maris, na sede da fundação.

Uma das promotoras responsáveis pelo caso, Sara Gama, a primeira da Bahia especializada em violência contra a mulher, informou à CNN que na próxima semana deve ouvir ainda outras vítimas.

Inicialmente, os crimes investigados são de estupro, importunação sexual e assédio, devido a posição hierárquica do líder em relação às mulheres. 

Jair Tércio foi procurado pela CNN em todos os endereços em que supostamente tinha alguma ligação, mas não foi localizado. 

Em nota, a Fundação OCIDEMNTE declarou que não tem conhecimento sobre qualquer denúncia contra um membro, e que Jair Tércio não tem mais vínculo com a instituição, ainda que seja um dos fundadores.

As denúncias foram recebidas pela Ouvidoria das Mulheres, órgão do Conselho Nacional do Ministério Público e ao Projeto Justiceiras, que acolhe mulheres durante a pandemia do novo coronavírus, período em que foi registrado aumento no número de casos de violência doméstica.

O canal, que começou a funcionar em junho, recebe também pedidos anteriores à pandemia de Covid-19, como é o caso de uma das denunciantes de 33 anos. Ela diz ter conhecido Tércio aos 16 anos, por meio de um antigo namorado, e que teria sido abusada por ele durante cinco anos.

Depois de analisar as denúncias, a promotora Sara Gama observou semelhanças nos relatos. Ela destaca que caso o crime seja comprovado, não é um ato da "instituição", mas sim "da pessoa".

“Elas acreditaram nele como um ser elevado espiritualmente, como alguém que tem uma projeção suficiente para lhes aconselhar, conduzir as suas vidas. Aquelas coisas que acontecem em todas as religiões, fundamentos, enfim. Não se trata de culpa da instituição. É culpa do homem, da pessoa, não da instituição, disse Sara, acrescentando que Jair Tércio foi Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica da Bahia (Gleb).

A Glbeb, por meio de nota, informou que o "irmão" Tércio teve os direitos maçônicos suspensos e que uma apuração interna será aberta. Contudo, reitera que a Loja Maçônica  "não tem controle sobre atos e procedimentos de seus membros". A Justiça baiana, no entanto, não vê nenhuma relação da instituição com os crimes investigados.

O que diz a defesa de Jair Tércio
A defesa do líder espiritual negou as acusações. O advogado Fabiano Pimentel alegou que os depoimentos não "condizem com a conduta" de seu cliente, que jamais agiu com violência em "relacionamentos afetivos".

Ele acrescentou que Jair Tércio Costa nunca tirou "vantagem ou proveito" da sua posição como líder espiritual e que seguirá à disposição da Justiça para esclarecer os fatos.

Leia as notas:

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