Meio Ambiente

Junho Verde: Aeroporto de Salvador se destaca em programa da Anac por práticas sustentáveis

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Escolhido pelo terceiro ano consecutivo como o "mais sustentável" do país, terminal busca novas iniciativas para manter o nível  |   Bnews - Divulgação Joilson César/BNews

Publicado em 06/06/2022, às 05h50   Daniel Brito


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Uma das áreas em que a sustentabilidade tem se tornado cada vez mais presente nos últimos anos é o transporte aéreo. Além da redução do nível de poluentes emitidos pelas aeronaves e da diversificação nos combustíveis que as abastecem, iniciativas nos aeroportos, de onde as aeronaves decolam e pousam, também se tornaram destaque.

Para incentivar a sustentabilidade nos aeroportos brasileiros, a Agência Nacional de Ação Civil (ANAC), órgão regulador da atividade no país, criou, em 2019, o programa Aeroportos Sustentáveis. A iniciativa, como o próprio nome diz, visa acompanhar o desenvolvimento da gestão ambiental em aeroportos e disseminar as iniciativas sustentáveis adotadas pelas operadoras, tendo como consequência a redução dos impactos da aviação civil sobre o meio ambiente.

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Nela, os aeroportos aderem voluntariamente, ou seja, a adesão não é obrigatória. Os editais são lançados no final de cada ano e, através da iniciativa, os terminais são avaliados quanto à aderência de suas iniciativas aos critérios do programa. Esses critérios buscam refletir as melhores práticas de sustentabilidade aeroportuária.

“A Agência como um todo está buscando o que chamamos de regulação responsiva, ou seja, trabalhar mais em cooperação e coordenação com os nossos regulados, tentando incentivar mecanismos não regulatórios, a adoção de regulamentos e também o que enxergamos como desejável”, afirma ao BNews a chefe da assessoria internacional e de meio ambiente da Anac, Marcela Braga Anselmi.

No Aeroportos Sustentáveis, os critérios de avaliação são divididos em dois grupos: globais e critérios organizacionais. No primeiro, estão as gestões organizacional, de energia elétrica, hídrica, de resíduos, da mudança climática, da qualidade do ar local e do ruído aeronáutico.

Alguns exemplos de critérios organizacionais são o sistema de gestão ambiental, o investimento em energia elétrica renovável, o uso eficiente de recursos hídricos, a coleta seletiva, um plano de adaptação às mudanças climáticas, o monitoramento da qualidade do ar local e medidas para redução do ruído aeronáutico.

A criação do programa tem gerado, na avaliação da Anac, uma competição “positiva”, segundo Anselmi. Ela ressalta que os critérios de avaliação da iniciativa vão além do que é tido como obrigatório para os terminais aeroportuários.

“Queremos buscar a sustentabilidade do setor, da infraestrutura aeroportuária brasileira, para que ela esteja alinhada às melhores práticas internacionais, e que essa seja uma preocupação dos aeroportos. Não estamos olhando para requisitos mínimos obrigatórios que eles devem cumprir, seja por questões legais, nem por requisitos que a Anac já estabelece. São práticas adicionais esperadas dentro dessa visão de transição energética. É uma cooperação entre todos para promover um objetivo final, que é a sustentabilidade”, pontua a chefe.

Ela explica ainda que o fato de a estrutura aeroportuária brasileira ser bastante diversa, com terminais de diversos tamanhos, faz com que o programa seja dividido em categorias por quantidade de passageiros processados. As classes vão da I à IV. No caso da classe IV, a principal categoria, é necessário que, para se enquadrar nela, o número anual de passageiros processados seja igual ou superior a 5 milhões.

Salvador em destaque

E no ranking da sustentabilidade, o destaque é baiano. Pelo terceiro ano consecutivo, o Aeroporto de Salvador foi considerado o “mais sustentável” do programa da Anac, alcançando uma pontuação de 97,04% dentre todos os avaliados. Na sequência, completando o top 5, vêm os terminais de Confins, em Belo Horizonte, com 93,56%; Brasília, com 92,04%; Congonhas, em São Paulo, com 84,18%; e Belém, com 83,03%. Ao todo, 20 aeroportos participaram da edição de 2021.

Gerenciado desde o ano de 2018 pela empresa francesa Vinci Airports, o Salvador Bahia Airport, como é chamado oficialmente desde quando foi concedido à iniciativa privada, tem como exemplos de iniciativas a implantação de um sistema de reuso de água, uma usina solar - a primeira instalada em um aeroporto brasileiro, uma estação de tratamento de efluentes na qual o material é tratado e retorna para o próprio aeroporto, entre outras.

“Essa conquista é fruto do esforço de todos os funcionários do aeroporto para reduzir esses impactos e foram baseadas na política da Vinci, que é bastante consolidada e define metas sustentáveis para todos os aeroportos de sua rede”, avaliou ao BNews a coordenadora de Meio Ambiente do Salvador Bahia Airport, Alessandra Reis.

Duas metas gerais são as principais do grupo que gerencia o terminal: reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030 e alcançar a neutralidade total até 2050. Mais recentemente, o aeroporto da capital baiana se tornou o primeiro do Brasil a conquistar a Acreditação em Carbono (Airport Carbon Accreditation) em terceiro nível, concedida pelo Conselho Internacional de Aeroportos (ACI).

Segundo a coordenadora, outros objetivos estão no radar da administração para os próximos anos, como a redução pela metade do atual consumo de energia e também de água, além da obtenção da certificação ISO 14001, norma internacional que define um sistema de gestão ambiental eficaz.

Os projetos mais recentes no escopo da Vinci Airports são a reutilização da água proveniente de testes obrigatórios realizados pelo Corpo de Bombeiros e a extração da água dos resíduos orgânicos, como restos de alimentos, por exemplo.

Nesse caso específico, o lixo é enviado para um equipamento denominado composteira, onde passa por um biodigestor que transforma-o em efluente. Em seguida, esse efluente gerado é levado para a Estação de Tratamento de Efluentes, onde é tratado e é gerada a água de reuso, para ser utilizada nos banheiros do aeroporto.

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