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Dia Internacional Contra a Homofobia: escritoras lésbicas destacam importância da representatividade no cenário da literatura

Arquivo Pessoal
Bnews - Divulgação Arquivo Pessoal

Publicado em 17/05/2019, às 19h00   Yasmim Barreto


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No Dia Internacional Contra a Homofobia, o BNews reuniu escritoras lésbicas e ativistas na causa para falar sobre escrita como forma de militância e representatividade. À reportagem, a escritora e ativista Julianna Motter, 27 anos, compartilhou sobre como a literatura atua no combate a Lgbtfobia. ‘’A ideia é de construir contra narrativas. A lesbofobia é uma manifestação odiosa, então como é que a gente rebate o ódio? É com mais ódio ou a gente procura outras formas de construir, outros mundos possíveis, outras formas de viver os afetos? Então, eu acho que a partir da escrita, a gente constrói outras formas de discurso. Procura formas de falar do ódio, porque nossa vivência enquanto LGBT é permeada pelo ódio ao redor e que nos atravessa e constitui, de outras formas’’.  

Além disso, Julianna, que é autora de dois livros ‘’Desculpas Por Ainda Escrever Poemas De Amor’’ e o ‘’De Carne e Concreto’’, reiterou sobre a importância de mulheres lésbicas produzirem conteúdos que perpassam sobre essa temática. ‘’É uma forma de legitimar e de registrar, criar memórias sobre nossos afetos, desejos, entendendo afeto não só como amor, mas ódio e outros vários sentimentos que são provocados a partir do nosso contato com outros indivíduos’’.

Ainda sobre representar outras mulheres lésbicas, a escritora dos livros ‘’Tinkuy’’ e ‘’Amares Interrompidos’’, Jade Bittencourt, 25 anos, destacou que suas obras nasceram através da necessidade de se ‘’reconhecer’’ e da ausência de referências. ‘’Minha poesia está muito ligada com as ideias, representações, debates que gostaria de ver no mundo. Sempre senti falta de encontrar nos livros referências líricas que de alguma maneira conversassem com o jeito que existo’’.

Literatura urbana – A ativista lésbica, Julianna, também é idealizadora do coletivo Velcro Choque, que, segundo ela, é uma intervenção urbana para ‘’marcar’’ a existência de mulheres lésbicas. ‘’Por meio de palavras, poesia, várias coisas que pudessem ser uma alternativa para dizer que os afetos, desejos e corpos diversos lésbicos, porque não existe só uma mulher lésbica universal, mas várias mulheres, que vão variar questões raciais, classe, gênero mesmo, e que essas pessoas habitam esses espaços e criam esse senso de coletividade, de pertencimento’’.

Julianna espalha pelas cidades os chamados ‘’lambe-lambe’’, que são panfletos colados em postes, muros e diversas superfícies em espaços públicos, com frases de temática lésbica. 

Dia Internacional Contra a Homofobia – No Dia Internacional Contra a Homofobia, a ativista lésbica, que já sofreu violência física e verbal, lembra que o preconceito está ativo no cotidiano de várias pessoas LGBT’s. ‘’Nós, em determinado espaço, bolhas, que nos isolam, temos a sensação de que estamos imune, que a lgbtfobia se constitui de maneira muito pouco frequente e não é espalhada e não é estrutural, quando na verdade é. É andar na rua e te olharem, é andar na rua e as pessoas terem medo, é andar nas ruas e as pessoas estranharem, te julgarem, perguntar ‘Você é menina ou menino?’’ ou tipo ‘Ah, por que você não se veste como uma mulher normal?’,  a lbgtfobia está dentro da família, está nos diversos espaços. Não tem como fugir da lgbtfobia, e a lesbofobia tá muito presente, ainda mais quando se é uma mulher lésbica que não performa feminilidade’’. 

No Brasil, são contabilizados cerca de 8.027 mortes de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (LGBTI) motivados por ódio de homofobia entre 1963 e 2018, de acordo com relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB). 

Classificação Indicativa: Livre

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