Mundo

"Jovem-bomba" deixa 51 mortos na Turquia

Publicado em 22/08/2016, às 08h07   Folhapress


FacebookTwitterWhatsApp

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, afirmou no domingo (21) que um adolescente com idade entre 12 e 14 anos foi responsável pelo atentado terrorista ocorrido no dia anterior, quando ao menos 51 pessoas morreram após explosão num casamento em Gaziantep (sul).
Segundo o mandatário turco, 69 pessoas estão hospitalizadas, 17 delas gravemente feridas. Foi o ataque mais letal no país neste ano. Em junho, um atentado no aeroporto Atatürk, em Istambul, deixou 44 mortos.
O presidente afirmou ainda que a facção terrorista Estado Islâmico está por trás do ataque, que coincide com um momento de tensão política no país. A milícia, porém, não havia reivindicado a autoria até a conclusão desta edição.
O casamento de sábado (20), alvo do atentado, era de um membro de um partido alinhado ao movimento curdo, com o qual o governo turco está em conflito.
Com o fim do cessar-fogo entre as autoridades turcas e os curdos, em julho de 2015, as tensões têm escalado. Erdogan preocupa-se com o avanço de milícias curdas na Síria, apoiadas pelos EUA, o que poderia encorajar a etnia dentro de seu país.
O Estado Islâmico é suspeito de ataques a aglomerações curdas como maneira de aprofundar a crise e aproveitar-se do caos. Segundo a agência de notícias Reuters, o noivo feriu-se na explosão. A noiva, não.
Havia um bebê de três meses entre os mortos, de acordo com testemunhas. A bomba foi acionada durante o fim da celebração, enquanto os convidados dançavam. Um colete com explosivos foi encontrado, segundo as informações das autoridades.
Houve funerais no domingo. Alguns foram adiados para identificação dos corpos.
Durante um dos enterros, manifestantes protestaram contra o presidente turco, acusando-o de "assassino".
A instabilidade no país, em especial na fronteira com a Síria, é vista como resultado da inabilidade do governo de garantir a segurança.
Gaziantep, onde ocorreu o atentado, está localizada próxima da região fronteiriça.
A Turquia teria, segundo alguns de seus críticos, contribuído para inflamar o conflito sírio ao permitir a passagem de militantes e armas nessa região. Um relatório do governo alemão nesse sentido, recentemente revelado, causou atrito entre os países.
O governo de Erdogan é inimigo tanto do ditador sírio Bashar al-Assad quanto das milícias que buscam derrubá-lo, incluindo movimentos curdos e o Estado Islâmico.
Soma-se a esse contexto uma tentativa frustrada de golpe militar, em 15 de julho, que deixou ao menos 240 mortos. Desde então, o governo tem promovido um extenso expurgo, demitindo e detendo em diversos setores da população, como o Exército e o Judiciário. Jornalistas também têm sido detidos no país.
Erdogan culpa o clérigo Fetullah Gülen, exilado nos EUA, de ter organizado o golpe. Gülen, no entanto, nega.
No final de semana, Erdogan disse não ver diferença entre os seguidores de Gülen, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão e a milícia  terrorista Estado Islâmico.
"Nosso país só pode reiterar uma mensagem a quem nos ataca: fracassarão!".
A Turquia tem insistido que a solução do conflito sírio é a saída do ditador Assad. Após sua reaproximação com Vladimir Putin, presidente da Rússia e aliado do regime da Síria, Erdogan tem dado sinais de que pode rever sua estratégia.
Os Estados Unidos condenaram o ataque. Nesta semana, o vice-presidente americano, Joe Biden, irá a Ancara para discutir terrorismo com o governo turco.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp