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Pesquisa sobre máquinas moleculares ganha Nobel de Química

Publicado em 05/10/2016, às 14h21   Folhapress


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Os ganhadores do Nobel de Química deste ano são o francês Jean-Pierre Sauvage, o americano J. Fraser Stoddart e o holandês Bernard L. Feringa. Os pesquisadores foram premiados pelo design e síntese de máquinas moleculares, as menores do mundo.
As descobertas, que ainda estão em um período inicial de pesquisa, poderão ser importantes, por exemplo, na medicina. O transporte de medicamento por nanorobôs é uma das possibilidades. Além disso, materiais inteligentes, que respondem a estímulos, são outra possibilidade.
Feringa comparou seus estudos com o começo da aviação. "Perguntavam para que precisaríamos de máquinas que voam." "É o começo de uma nova era", afirma Feringa.
O Nobel de Química é entregue ao responsável pela "descoberta ou aperfeiçoamento químico mais importante", como consta no testamento de Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite e pai da premiação. A química foi a área do conhecimento mais importante para o trabalho do criador do prêmio.
Os vencedores dividirão um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (pouco mais de R$ 3 milhões). O dinheiro é proveniente de um fundo (de mais de 4 bilhões de coroas suecas, ou R$ 1,52 bilhão, em valores atuais) deixado por Alfred Nobel. Além do valor em dinheiro, o laureado recebe uma medalha e um diploma.
Desde o início da premiação em 1901, o prêmio de química foi distribuído 107 vezes para 171 pessoas. Somente quatro mulheres foram premiadas até o momento na categoria. A bioquímica, com 50 premiações, lidera o ranking dos temas abordados pelos vencedores.
O Nobel de Química deixou de ser entregue oito vezes (1916, 1917, 1919, 1924, 1933, 1940, 1941 e 1942). As duas guerras mundiais estão entre os fatores que explicam a ausência de prêmios nesses anos.
Algumas das descobertas premiadas durante a história são: desintegração de elementos e radioatividade de substâncias (Ernest Rutherford); descoberta e trabalho com os elementos químicos rádio e polônio (Marie Curie); química atmosférica, composição e decomposição da camada de ozônio (Mario J. Molina); e ligações químicas e compreensão da estrutura de substâncias complexas (Linus Pauling).
Os ganhadores do ano passado do Nobel de Química foram Tomas Lindahl, Paul Modrich e Aziz Sancar, responsáveis por estudos relacionados aos mecanismos de reparo de DNA.
Os estudos dos cientistas abriram a "caixa de ferramentas de reparação do DNA". Graças a isso, foi possível entender, em nível molecular, como as células danificadas consertam o DNA e conservam a informação genética.
O trabalho deles produziu conhecimento fundamental de como células vivas funcionam e, desse modo, ajudou no desenvolvimento de novos tratamentos contra o câncer.
Pela pesquisa sobre como a autofagia funciona, Yoshinori Ohsumi, 71, foi laureado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina nesta segunda (3).
A autofagia está relacionada ao reaproveitamento do "lixo celular". Por isso mesmo, a falha do processo acaba levando a doenças, como diabetes e câncer. A função está intimamente ligada à organela lisossomo.
O câncer, a resposta celular a infecções bacterianas e virais, formação do embrião e surgimento de novas células, resposta à falta de nutrientes, doenças neurodegenarativas e diabetes estão relacionados à autofagia. Ohsumi conseguiu identificar os 15 genes da autofagia e caracterizar cada estágio do processo.
O prêmio de física deste ano foi para David J. Thouless, Frederick Duncan M. Haldane e John Michael Kosterliz.
Eles estudaram os estranhos estados da matéria em condições extremas. As descobertas dos cientistas têm grande impacto na tecnologia. Seus estudos influenciam perspectivas para isolantes, supercondutores e metais topológicos, além de possivelmente serem úteis no desenvolvimento de computadores quânticos.

Classificação Indicativa: Livre

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