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Na Sombra do Poder: A volta do bilhão

Imagem Na Sombra do Poder: A volta do bilhão
Os bastidores da politica baiana  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/06/2023, às 05h50   Editoria de Política


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Com a retomada do poder pelo PT e o seu mandatário maior, o presidente Lula, as maiores empreiteiras baianas voltaram à cena. Em recente licitação no Rio de Janeiro, a Odebrecht abocanhou quatro das cincos licitações de infraestrutura no estado Fluminense, totalizando quase 4 Bilhões em contrato. Já a UTC tem sido habilitada a participar dos principais certames da Petrobras, ladeando gigantes do mercado mundial. Pelo jeito, a turma voltou e voltou “de com força” como se diz no baianês. Agora é rezar para que eles não “melem” as mãos novamente e lesem a pátria em bilhões de reais.


O edil caloteiro
Um conhecido parlamentar da capital baiana vem sendo acusado de passar o calote em colegas e correligionários. A fama já ultrapassou os muros da cidade e tem chegado na turma do interior. Dessa vez o rapaz vem armando e armando muito pra cima de algumas pessoas no meio da política. Toma jeito, homem.


Uma arara
O deputado estadual Euclides Fernandes (PT) está uma arara com o seu colega de bancada governista Matheus Ferreira (MDB). Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), alguns projetos de lei do petista receberam parecer negativo do emedebista. Na última semana, uma proposta de Euclides visando aumentar a transparência nos convênios assinados pelo poder público na Bahia foi rechaçada por Matheus, que acabou ouvindo poucas e boas do aliado. Indignado, Euclides saiu pelos corredores da Assembleia batendo perna e reclamando: “ele chegou agora e quer atrapalhar o trabalho dos colegas”. Enquanto isso, Matheus dizia para os demais colegas da CCJ: “não adianta reclamar; vou continuar sugerindo o indeferimento do que contrariar a Constituição”.


Uma arara 2
Não é só com Matheus que Euclides está chateado. O governador Jerônimo Rodrigues e o presidente estadual do PT, Éden Valadares, também estão na mira. Ainda na última terça, sem perceber que havia um microfone ligado por perto, o petista desabafou: “eu sou o único deputado eleito do PT lá em Juazeiro e não me dão cargo nenhum. Estão querendo que eu pegue meu pessoal e mande votar em outro candidato lá. E a distribuição é do presidente do PT”. Logo depois, falando oficialmente no plenário da casa, o deputado mudou o discurso e encheu o governador Jerônimo de elogios, pela sua disposição e energia para trabalhar.

euclides


Entre na fila
Só não deu para entender bem o que é que o deputado Euclides tem a ver com Juazeiro. Nascido no Rio Grande do Norte, o parlamentar tem base política desde jovem em Jequié — distante mais de 600 km de Juazeiro. Passou pelo sul da Bahia, por Salvador, mas não consta a esta coluna que o petista seja uma grande liderança na terra das carrancas. Lá, na vizinha de Petrolina, Euclides teve 945 votos. É um número bom, mas abaixo de outros petistas, como o deputado Paulo Rangel e os não eleitos Ellen Carvalho e Marcelino Galo. Petista de última hora, Euclides vai ter que pegar a fila.


Festeiro
O coordenador do Carnaval e do São João na Bahia, além de entusiasta do axé e do forró, também é um admirador do samba. Ele foi um dos milhares de baianos que compareceram à Concha Acústica para se divertir no show Alexandre Pires e Seu Jorge no último domingo (28). Bem acompanhado, ele estava sorridente e simpático, como sempre. Diferentemente das pautas do governo, quando ele costuma ser acompanhado por muitos seguranças, deixou o evento no meio da multidão, como um cidadão qualquer.


Na boca do povo
Apesar de não estar com seus muitos seguranças, o vice-governador não foi incomodado na saída do show. Conseguiu caminhar com tranquilidade. Por outro lado, enquanto ele passava, as pessoas perguntavam: “será que ele vai ser candidato a prefeito?”. “Será que ele ganha de Bruno Reis?”. As dúvidas são muitas, mas o povo da cidade já sabe quem ele é. O marketing está sendo feito há algum tempo por ele. Um dos assessores disse certa vez: “nem sei se ele precisa de assessoria; já faz a comunicação dele muito bem”.

GJ


Moeda de troca
No evento do MDB e da Fundação Ulysses Guimarães, porém, não parecia haver muita confiança na candidatura de Geraldo. Tudo bem, ele foi o grande foco local do evento. Fez um longo discurso, elogiando os muitos quadros do partido que estavam presentes, inclusive o filho Matheus Ferreira, que é deputado estadual. Mas lideranças emedebistas já pareciam ter aceitado que o PT tende a emplacar Zé Trindade como candidato e indicavam a manutenção da pré-candidatura de Geraldo como uma moeda de troca, para garantir o MDB na cabeça de chapa em outras cidades importantes da Bahia.


A mulherada
Quando é perguntado sobre a possível candidatura de Trindade, Geraldo Jr. costuma disfarçar e citar o nome de mulheres de esquerda na cidade como possibilidades de candidatura: a ministra Margareth Menezes, a vereadora licenciada Maria Marighella, a deputada estadual Olívia Santana, a deputada federal Lídice da Mata e a socióloga Vilma Reis. Incentivar as combativas militantes a se colocarem como uma barreira ao crescimento de Trindade pode ser uma estratégia.


O mais querido
Na primeira pauta desta semana, Geraldo Jr. afirmou que Flávio Dino, da Justiça e da Segurança Pública, é o ministro mais querido do Governo Federal. Não citou o líder do grupo governista na Bahia, Rui Costa (PT). Talvez porque Rui seja a pessoa por trás da construção do nome de Zé Trindade para a Prefeitura de Salvador. Só talvez.

dino


Trindade e os Cardeais
Assim como foi em 2020 com Major Denice, o agora ministro Rui Costa vem apostando todas as suas fichas em apenas um nome para o pleito de 2024 à Prefeitura de Salvador: o presidente da Conder, Zé Trindade. No entanto, diferente do que ocorreu há três anos, o ex-governador da Bahia não tomará essa decisão de maneira "monocrática". Desta vez, o martelo será batido por três dos cardeais do partido. Além de Rui, darão o sinal verde - ou não - para Zé Trindade: o senador Jaques Wagner (PT-BA) e o governador Jerônimo Rodrigues (PT). A esse trio, caberá a responsabilidade.

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Trindade e os Cardeais (2)
Contudo, a luta será árdua para que Trindade se torne o "queridinho" do PT e dos partidos aliados ao governador da Bahia. Pesa, contra ele, a falta de simpatia junto a turma do PT, além de grande resistência. Como não se elegeu vereador em 2020, caberá a Zé Trindade se desdobrar para convencer os três cardeais de uma vez, já que a candidatura dele é uma aposta isolada de Rui.


Descartável
Ainda não se sabe se a aposta de Rui é para uma eleição ou se para o longo prazo. Nos bastidores, teme-se que, caso Trindade seja candidato e perca para Bruno Reis em 2024, o ministro da Casa Civil faça com ele o mesmo que fez com sua antiga pupila, Major Denice, que não ganhou uma secretaria, não recebeu atenção em sua candidatura a deputada federal e acabou perdendo força. Aliás, Major Denice não. Agora, Tenente Coronel Denice.

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Classificação Indicativa: Livre

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