Ao BNews, Gaby Amarantos afirma: minha foto de biquíni na rede social é para empoderar

A segunda edição do projeto Mulher com a palavra, iniciativa da Maré Produções Culturais e Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia, aconteceu nesta segunda-feira (30), no Teatro Castro Alves, em Salvador. Subiram ao palco a atriz e cantora Zezé Motta e a cantora Gaby Amarantos, que se encontraram para uma conversa, com mediação da apresentadora Rita Batista.

Em sua passagem pela capital baiana, Gaby Amarantos concedeu uma entrevista ao BNews, na qual falou sobre o foco principal da palestra, empoderamento feminino e carreira. 

RIO DE JANEIRO

Pastor é preso acusado de abusar de menina de 9 anos e induzi-la a vender conteúdo pornográfico

Mandado em aberto

Polícia prende foragido acusado de homicídio em cidade da Bahia

BNews: Participar de um projeto como "Mulher com a palavra" pela primeira vez, representa o quê para você como pessoa e como profissional?

Gaby: Representa muito pra mim tanto quanto mulher negra, artista e, principalmente, como ser humano que quer ver igualdade e quer ver a mulher negra cada vez mais ocupando todos os espaços. Eu fico muito feliz de poder fazer parte de um evento que, para mim, é muito importante. Eu acompanhei desde a primeira edição e fico muito feliz de poder estar fazendo parte junto com a Zezé Motta que é esse ícone e, trocando, dialogando com tantas irmãs mulheres importantes nesse estado, em Salvador especificamente, que é um lugar onde eu sempre vi muita representatividade através da música e da cultura.

BNews: Qual a expectativa para este encontro com Zezé Motta, que é engajada na mesma causa, mas de um seguimento diferente do seu?

Gaby: A minha expectativa é de muita euforia porque a Zezé pra mim representa uma das maiores atrizes. Me identifico muito com o trabalho dela, porque a Zezé é uma “cantriz”, uma cantora atriz. Estou começando agora a fazer trabalhos no cinema também e antes de ser cantora, a minha primeira aspiração em relação à arte foi o teatro, mas a música foi arrebatadora primeiro... e aí veio uma mulher, que é uma mulher negra, que trabalha num dos maiores veículos de comunicação do Brasil e que está sendo homenageada pelo cinema brasileiro, que também está lançando disco de samba. É muito inspirador, sabe? Eu fico feliz. Tenho certeza que vai ser um encontro muito especial.

BNews: O seu processo de emagrecimento teve a ver com empoderamento de alguma forma? O que isso representou para você?

Gaby: Na verdade, esse processo de emagrecimento nem existe mais porque já engordei tudo de novo (risos), mas é assim... agora o meu corpo toma um lugar político. Antes eu tinha muito mais preocupação com relação à essa questão mas, hoje, eu sou uma mulher que, na próxima semana, estou fazendo 40 anos e eu já me sinto mais madura e tranquila. Então meu corpo hoje tá sendo regido pelos personagens que tem me sido apresentados. Eu fiz um filme que vai ser lançado no final do ano que se chama "Serial Kelly". Para esse filme, eu engordei 16 kg. Agora eu vou fazer uma outra personagem que é o oposto da Kelly, que é uma advogada. O próximo trabalho que eu vou fazer, que ainda é sigilo, mas eu posso falar sobre a personagem... é uma advogada negra e uma mulher que se preocupa com o corpo, então para esse personagem eu to emagrecendo. Eu estou nesse momento de sanfona, de poder usar meu corpo para arte e não me preocupar mais tanto com e não me preocupar mais tanto com essa questão da estética. A minha liberdade, a minha sensualidade, a minha foto de biquíni na rede social é para empoderar e para libertar outros corpos de outras mulheres. 

BNews: Em quem você se inspira para escrever músicas que tenham a ver com empoderamento?

Gaby: Me inspiro muito nas minhas histórias e principalmente minha grande inspiração são mulheres dos lugares mais longínquos do Brasil. Eu penso muito na mulher ribeirinha porque eu sou do Norte e a gente fala muito de uma mulher que precisa de visibilidade porque existem mulheres ribeirinhas que vivem exploração sexual. Então, quando eu faço a minha música, eu penso em chegar nesses lugares mais longes do Brasil com um discurso muito simples. É por isso que minhas músicas são simples e elas são divertidas porque eu quero que aquela mulher que não tem acesso à educação, que não vai entender um discurso mais intelectualizado do feminismo vai poder ouvir “Sou Mais Eu” e vai pensar que ela também pode ser mais ela. Então acho que essa é minha forma de contribuir com a minha verdade.

Gaby Amarantos é considerada a Rainha do Tecnobrega. Atualmente, é uma das participantes do programa semanal "Saia Justa", do GNT. Conhecida por sua exuberância e por seu figurino extravagante, foi uma das responsáveis pelo surgimento e difusão do tecnobrega, ritmo que virou febre na Região Norte do Brasil. Ficou conhecida nacionalmente após lançar a música "Hoje Eu Tô Solteira", uma versão da música "Single Ladies", da cantora americana Beyoncé. O sucesso da música rendeu a Gaby o apelido de "Beyoncé do Pará.