Personalidade

Com trabalho voluntário, obstetra baiano é finalista do prêmio Veja-se

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José Carlos Gaspar é responsável pelo Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho, situado em Salvador  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 11/12/2018, às 18h25   Márcia Guimarães


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Um médico obstetra baiano está concorrendo ao prêmio nacional Veja-se, da revista Veja. A premiação tem como objetivo valorizar histórias inspiradoras de cidadãos que se destacaram, muitas vezes longe dos holofotes, como agentes de transformação na sociedade brasileira. O baiano escolhido pela publicação foi José Carlos Gaspar, responsável pelo Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho, situado em Salvador.

Gaspar está concorrendo com outros dois finalistas na categoria de saúde, indicados por especialistas de todas as regiões do Brasil e escolhidos pelos critérios de impacto social, alcance e originalidade de atuação. A votação está aberta até o próximo dia 17, às 18h (horário de Brasília). 

Para o indicado, esta não é uma conquista meramente pessoal, é uma conquista do Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho, da Bahia e da obstetrícia baiana. “Nosso objetivo é atender a população que necessita mais, que requer maior assistência e que está num momento de vulnerabilidade social maior. São mulheres que moram em Salvador e, especialmente, no entorno da Mansão do Caminho, que fica no Distrito Sanitário de Pau da Lima, onde são contemplados 380 mil habitantes, sendo 52% mulheres”, acrescentou o obstetra, que trabalha como voluntário na instituição.

Idealizado pelo líder espírita Divaldo Franco, o Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho possui um modelo assistencial completamente voltado para a mulher, para o bebê e para o parceiro (pai), ou seja, para a família. Ele resgata as características fisiológicas do parto. Por conta do seu trabalho de qualidade e diferenciado, passou a servir de modelo para outras instituições, que começaram a trabalhar com a proposta de humanização do parto e do nascimento.

A manutenção do Centro é feita pela Mansão do Caminho, por Divaldo Franco e doações. Mesmo a entidade tendo contrato com o Estado, os custos são maiores e é necessário que a Mansão banque o restante. 

Segundo Gaspar, o objetivo de Divaldo é atender quem precisa. Entre partos, consultas, massoterapia, fisioterapia, rodas de conversas, ultrassonografias, laboratório e outros tipos de atendimento de saúde, são atendidas 800 mulheres por mês.  

“O parto normal é da natureza. Vivemos no país onde se faz muita cesárea, mais de 50%, sendo que no setor privado isso alcança em torno 85%. Na Europa, 75% dos partos são normais. Nos Estados Unidos são 70%. Precisamos empoderar as mulheres, chamar a atenção que o parto normal é natural e traz uma série situações positivas para a mãe e para o bebê. No parto normal, de imediato o bebê é colocado no colo materno. Então, a partir daí, tem o contato pele a pele, aleitamento de primeira hora, o que é importante para a criação do vínculo mamãe e bebê e bebê e mãe. Filho precisa do colo de mãe e mãe precisa de filho no colo”, explicou Gaspar. 

Ele contou que, a partir daí, não se separa mais os dois, a incidência de sangramento e de infecção são muito menores, a alta é mais precoce, e a dor é menor no pós-parto. “Tudo favorece o parto normal e é mais positivo. A cesárea é uma cirurgia e, por ser cirurgia, tem riscos maiores de sangramento, de infecção, de dor. Precisamos, na realidade, incentivar o parto normal no Brasil, voltarmos aquele que é da fisiologia, da natureza, que é parir normal”, ressaltou. 

Como funciona

A mulher é admitida pelo centro grávida, em trabalho. Ela é direcionada para um quarto e fica lá até o pós-parto. Depois de 24 ou 48 horas, ela tem alta com o seu bebê. Durante todo o período de internamento, a mamãe e o seu filho recebem uma assistência multidisciplinar, de médicos, enfermeiras, doulas e técnicas de enfermagem, especialistas em obstetrícia.

Além de apoiar emocionalmente a grávida para que ela se sinta segura e passe isso para o seu bebê, a equipe do Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho utiliza métodos “não-farmacológicos” de amenizar a dor, como o cavalinho, o banquinho, cama de parto, verticalização de posição, entre outros. O tempo do parto normal varia, mas a mulher que vai parir pela primeira vez, conforme Gaspar, tem entre 8 a 12 horas de trabalho de parto.

“Todos os partos que fazemos são normais, pois somos assistência só para o baixo risco. Não podemos fazer cesárea, por isso nós temos uma maternidade de referência. A partir do momento em que uma parturiente ou o bebê tem uma necessidade que se caracterize como médio ou alto risco, a gente tem a Maternidade Albert Sabin para transferência. Temos ambulância e motorista 24 horas para que possamos transferir o paciente, só que essa necessidade está entre 4% e 6% do total de partos, que, em sete anos de existência, chega a cerca de 4500”, completou.

Classificação Indicativa: Livre

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