Gerônimo faz Bocket Show e detona vereador: devia ter nascido cachorro

"Ele devia ter nascido cachorro", surpreendeu, antes mesmo da entrevista começar, quando aproveitou para criticar o projeto de lei do vereador Marcell Moraes (PV). "Fico sentido quando vejo as crianças se perdendo nas ruas para aquela maldita, a droga do crack. Aí vem vereador e faz um projeto para os bichinhos", questionou Gerônimo. De autoria do vereador Marcell , o projeto pretende proporcionar uma despedida mais digna aos bichos que faleceram, pois, como atualmente não há um espaço público para este fim, muitos corpos de animais são despejados em valas, lixos, rios e canais da cidade.

Procurado pela reportagem do Bocão News para comentar as declarações de Gerônimo, o edil, por meio de nota, disse que os comentários são preconceituosos e lembra que sua bandeira é a de defesa dos animais, pois foi essa causa que o elegeu. "É uma pena que uma figura como ele seja tão maldosa, tão preconceituosa e ignorante. Eu fui colocado na Câmara Municipal para representar os protetores e dar voz aos direitos dos animais. Não é a declaração de uma pessoa sem modo que vai me fazer retroceder da minha luta. Além disso, o projeto que prevê jazigos públicos para os bichos é pertinente, pois além de representar o respeito aos animais, trata de saúde pública. Constantemente, cães, gatos e até cavalos são deixados mortos no lixo, transmitindo doenças à população. Agora, se ele fala que eu deveria nascer cachorro, eu não me incomodo pois os animais são anjos, mas certamente eu não devolvo o elogio a ele, pois os bichinhos não mereceriam tal comparação".

Entretanto, quando o assunto caiu na música, Gerônimo discursou sem parar trazendo à tona a bagagem que carrega dos mais de 30 anos de carreira. "Sou um resistente. Não sou rico. Me considero mais pobre do que rico. Gostaria de estar rico e com uma grana legal, mas estar contribuindo. Acho que a riqueza tem que ser compartilhada o que não quer dizer que se vá sair distribuindo dinheiro por aí", ressaltou. Voltando no tempo, o cantor explicou porque não ganhou tanto dinheiro já que foi sucesso na década de 80. "Na época estourei. Fui para o Brasil e para o mundo. Mas, Luiz Caldas era muito mais popular. Eu sou mais matriz e o maior fã dele", elogiou o amigo. 

Durante a entrevista, o compositor de "Eu sou negão" disse que nunca teve patrocínio para realizar seu famoso ensaio - até hoje referência - nas Escadarias do Paço, no Centro Histórico. "Estou há dez sozinho. Tive uma ajuda de fomento do Ministério da Cultura quando a pasta era de Juca Ferreira, que é muito meu amigo", lembrou. Porém, o papa do axé também alfinetou ex-gestores dos quais nunca teve ajuda. "Do prefeito João Henrique e do governador Nilo Coelho", revelou.

Mas, para não deixar de polemizar e sempre inovar, Gerônimo agora é ator. Estreou com a peça Bockete Show, definida por ele como "uma peça infantil para adultos. Tudo aquilo que não podíamos falar quando éramos crianças". Fazendo o público rir em seu mais novo desafio e sem nunca parar de cantar, o artista não poderia deixar de criticar o mercado atual da música. "Eu não desapareci e tenho minha forma de cantar. Mas, não posso obrigar a rádio a me tocar. E hoje rádio é muito comercial e não tenho dinheiro para isso", desabafou, já confirmando que estará no Carnaval em um trio independente e também em um palco bairro de Itapuã.