Polícia

Motorista que protestou morte de colega é demitido

Publicado em 25/07/2011, às 11h08   Milene Rios


FacebookTwitterWhatsApp


O motorista Antonio Araújo da Silva da empresa Vitral, que atravessou o ônibus na Avenida Bonocô, no dia 09/06, em protesto à morte do colega Gilmar Gomes de Lima, 41, foi demitido da empresa.

Antonio realizou protesto solitário contra a morte do colega que foi assassinado quando se deslocava da sua residência para garagem no dia 08/06.  Em solidariedade ao colega, ele atravessou na pista, o ônibus que fazia linha Cabula-Lapa. No mesmo dia, dezenas de rodoviários, familiares e moradores do bairro de Cosme de Farias fizeram um desfile fúnebre com o caixão da vítima da Avenida Bonocô, até a Baixa de Quintas, onde o motorista foi enterrado, para chamar atenção para o ocorrido.

Gilmar foi baleado no peito por dois homens em uma moto quando se deslocava para o trabalho na Ladeira da Paz, no bairro de Cosme de Farias. Segundo familiares, ele costumava pegar o ônibus no ponto em frente à loja Insinuante, na Avenida Bonocô, mas o corpo foi encontrado cerca de 700 metros depois do ponto

Em conversa com o a redação do Bocão News, Antônio disse que não esperava esta demissão, já que sempre foi um bom motorista, ele acredita que foi demitido por conta do protesto que fez. A empresa deu férias ao motorista no outro dia do protesto, para ele, já seria com a intenção de demiti-lo. “No outro dia que atravessei o ônibus, fui trabalhar no meu horário normal como de costume, aí me falaram assim, passa ali no setor pessoal aí quando fui era pra entrar de férias sem eu nem esperar” disse.  Quando o motorista voltou do "descanso", recebeu a carta de demissão. “Me mandaram embora quando voltei das férias, sem eu ter feito outra coisa, então foi por causa daquele protesto solidário que fiz, tenho certeza. Nunca dei motivos, o motivo foi esse aí”, falou o motorista mostrando-se indignado.

O rodoviário quis mostrar não somente o sentimento pelo colega, como também chamar atenção de autoridades e empresários para a violência que tem assustado a categoria. Para ele, os motoristas estão expostos a tudo diariamente, a segurança para a classe é precária. “Não temos segurança alguma, saímos de casa 3h, 4h da manhã, nos submetemos a tantos riscos e é isso aí que acontece, não temos valor algum”.  

Antônio que tinha 5 anos e 4 meses na empresa esperava ainda que a Vitral conversasse sobre a saída dele, até o momento a única coisa que ouviu foi o pedido de férias e carta de demissão. “Assinei minhas férias depois do protesto, quando voltei falaram, assine aqui sua carta de demissão, sem ninguém me dizer mais nada”, disse.

De acordo com o motorista, o mesmo foi pedir apoio ao sindicato que não tem lhe dado retorno. “Não respeitaram meu sentimento, ninguém me respeitou, nem mesmo o sindicato que está sendo omisso em me ajudar, inclusive se pudesse convocaria meus colegas para pararem de colaborar com este sindicato que quando a gente mais precisa, eles dão as costas”.

Apesar do ocorrido, Antonio não mostra arrependimento e desabafa: “estou muito chateado com isso, sempre fui um bom motorista, um bom condutor, não há motivos, mas não me arrependo, faria tudo de novo, foi um colega que se foi e poderia ser eu também, só peço ainda mais segurança”.

Procurada pela Redação do Bocão News, ninguém na empresa comentou o assunto, uma atendente de pré-nome Geane, informou que somente um representante do setor de recursos humanos poderia falar, mas que somente amanhã (terça-feira - 26) este contato seria possível.

No sindicato dos rodoviários, ninguém atendeu as ligações para comentar a situação.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp