Polícia

Camaçari: grupo de vendas no WhatsApp suspende entregas e caso para na delegacia

Publicado em 24/05/2017, às 11h30   Vinícius Ribeiro


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A denúncia de um suposto golpe realizado através do WhatsApp foi parar na 18ª Delegacia Territorial (18ªDT/Camaçari), na Região Metropolitana de Salvador (RMS). De acordo com a queixa das vítimas, Olívia Souza, que seria responsável por um grupo de vendas no aplicativo de mensagens, é acusada de anunciar produtos e não entregar as mercadorias. Duas versões são apontadas como causadoras da suspensão: ameaças e uma aparente gravidez.
Ao BNews, uma das clientes do grupo 'Lojas Net Lia', que preferiu não se identificar, contou que as ofertas tentadoras atraíram pessoas da capital e de cidades que integram a RMS. Outro grupo, denominado "Clientes de Tatá", também é citado. As comunidades virtuais teriam sido formadas entre março e abril deste ano.
Com preços abaixo do mercado, a "Net Lia" ofertava eletrodomésticos, vestuário infantil, perfumaria e até alimentos. "Tinha TV Smart em LED, de 55", que era vendido por R$ 700, sendo que na loja esse televisor chega a quase R$ 4 mil", contou um cliente sobre uma das ofertas. O valor é comprovado em sites oficiais. Todos os produtos, conforme informado, possuíam notas fiscais "quentes".
As imagens dos produtos eram compartilhadas nos grupos e os interessados firmavam o pedido com a vendedora. Os pagamentos eram efetuados através de três contas bancárias (duas na Caixa e um no Itaú), com titulares diferentes.   
A suposta vítima afirmou que apesar de desconfiar passou a comprar produtos de valores menores, como cadeiras, ventilador, perfumes e até ovos de páscoa. "No início entregava no prazo, mas depois começou a atrasar. Comecei a desconfiar e outras pessoas passaram a reclamar no grupo", apontou, informando 15 dias de produtos comprados em atraso. A fase final de gestação teria sido alegada por Olívia para justificar os atrasos nas entregas. Porém, todos integrantes dos grupos ouvidos pelo site questionam a veracidade da gravidez.
Conforme relatado à reportagem, em alguns casos, clientes apontam prejuízos que chegam a R$ 20 mil. "Um homem investiu R$ 15 mil para revender e teve que pegar empréstimo para pagar aos outros", contou em anonimato o marido de uma das vítimas que também aguarda ressarcimento.
Ameaças de morte  
Outra vítima, que também preferiu não se identificar, revelou que as entregas também ficaram comprometidas após integrantes do grupo resgatarem matérias com Olívia. A partir de então, tanto a acusada quanto pessoas que lhe ajudavam divulgando produtos passaram receber ameaças, inclusive de morte. "Tudo corria bem até divulgarem a foto dela e links de matérias de quando ela foi presa por estelionato. Surgiu até ameaça de morte contra ela e as meninas que ajudavam", contou, chamando a atenção para a diversidade de clientes: "Tem advogado, policial, comerciante, dona de casa...todo tipo de gente nos grupos". 
As ameaças foram confirmadas por uma das mulheres que passou a contribuir com divulgação dos grupos. "Os pedidos aumentaram e ela pediu ajuda pra gente divulgar os produtos em outros dois grupos (Net Lia II e Clientes de Tatá). Aí começaram a postar foto minha no grupo, dizendo que eu era cúmplice, dizendo que iam me matar", declarou assustada, mostrando uma das fotos compartilhadas. Por temor, registrou boletim de ocorrência na 18ªDT, onde foi alegou ao delegado Celso Lima Bezerra ser vítima de calúnia. 
Na tarde de segunda-feira (22), a Olívia Souza compareceu acompanhada do advogado à delegacia, onde prestou depoimento à delegada Thais Siqueira. “Ocorreu uma audiência com o advogado da suposta autora, onde ela informou ter tido uma filha há dez dias e esse foi o motivo do atraso das entregas, mas que devolveria o dinheiro e as mercadorias que já estavam em trânsito entregaria. Ficaram de retornar na próxima semana para realizar o procedimento”, contou Thais Siqueira ao BNews. Ela não soube precisar a quantidade de pessoas lesadas.
Vagas de emprego 
De acordo com informações da Polícia Civil, Olívia foi presa no ano passado, em Vila de Abrantes, acusada de oferecer falsas vagas de emprego na Petrobras. Segundo a denúncia, R$ 10 eram cobrados por cadastro. À época, 600 fichas de inscrição foram encontradas no escritório da acusada. Na ocasião, também pesou contra ela a acusação de vender produtos e não entregar.
A reportagem do BNews tentou contato com a acusada, mas o telefone estava desligado. “Na delegacia ela disse que ia pagar tudo, agora vamos ver como isso será feito”,  disse desconfiada outra cliente.  Os clientes afirmam que o total da dívida da vendedora virtual ainda não foi mensurado. 

Classificação Indicativa: Livre

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