Oito pessoas foram indiciadas por homicídio pelo incêndio na farmácia Pague Menos, localizada em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, em novembro do ano passado. No caso, 10 pessoas morreram e outras nove ficaram feridas, após uma explosão.
De acordo com a delegada Thaís Siqueira, titular da delegacia de Camaçari, se condenados, os indiciados podem pegar até 20 anos de prisão."Concluimos o inquérito que já foi encaminhado para o Ministério Público. Nele, mais de 60 pessoas foram ouvidas, entre testemunhas e sobreviventes. Agora cabe ao MP oferecer a denúncia à Justiça, depois disso, um processo é aberto e se condenados, essas oito pessoas podem pegar de seis a 20 anos de cadeia", disse durante coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (26), na sede da Polícia Civil, em Salvador.
No inquérito, foram indiciados: Josué Ubiratan Alves, diretor da empresa Pague Menos, Augusto Alves Pereira, gerente regional e Maria Rita Santos Sampaio, gerente local. De acordo com a delegada, ambos assumiram o risco de um acidente ao manter a farmácia aberta durante a realização de obras.
Além deles, também foram indiciados os sócios das empresas que realizavam as obras no local e os funcionários deles: Erick Bezerra Chianca (sócio da empresa que realizava a troca do telhado da farmácia), Fernando Vieira de Farias e Edilson Soares de Souza (funcionários da empresa), além de Rafael Fabrício Nascimento Almeida e Luciano Santos Silva (sócio e técnico em refrigeração da empresa que realizava serviços de manutenção no ar-condicionado da farmácia).
Ainda de acordo com a delegada, várias normas foram infrigidas pela farmácia, que passava por obras no momento do acidente. "O estabelecimento deveria estar fechado para a realização das obras. Segundo o laudo pericial, a causa mais provável do acidente foi uma explosão seguida de incêndio e desmoronamento, porque a laje caiu e atingiu algumas vítimas que morreram com o impacto dos escombros", explicou.
Segundo o perito criminal Eduardo Rodamilans, coordenador de Engenharia Legal do Departamento de Polícia Técnica (DPT), a perícia detectou que um botijão de gás metamo (utilizado para cozinhar) que era utilizado pelos funcionários das empresas que realizavam os serviços de manutenção na loja, foi o causador do incêndio. "Houve uma explosão do botijão de gás. Não havia ventilição suficiente para utilização deste tipo de gás no local. Além disso, a farmácia não deveria estar funcionando e todo material inflamável deveria ser retirado do ambiente antes do inicio das obras", disse.
Ainda conforme o perito, os responsáveis pela farmácia não haviam pedido a Permissão de Trabalho (PT), que é um documento emitido por um engenheiro de segurança do trabalho e aponta os riscos de determinada obra. " Não havia uma Permissão de Trabalho (PT). Diante disso, a possibilidade de ocorrer uma explosão, era grande", afirmou.