Polícia

"Coloquei a garota no fundo da caminhonete e socorri", diz pai de jovem acusado de matar namorada

Reprodução
Sargento da PM rebate acusação da mãe da adolescente de que ela teria dado entrada na UPA como indigente  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 26/09/2017, às 16h41   Shizue Miyazono



O sargento da Polícia Militar Alberilo Júnior, pai de Adriel Montenegro dos Santos, 21 anos, autor do homicídio da estudante Andrezza Victória Santana Paixão, 15, em abril deste ano, negou as acusações da mãe da adolescente de que a garota foi encontrada no meio da rua e deu entrada na UPA como indigente. Segundo o homem, em entrevista do Balanço Geral na tarde desta terça-feira (26), da RecordTV Itapoan, ele teria chegado em casa no dia do crime e encontrado a vítima sentada na escada com uma perfuração de bala, mas ainda apresentava sinais vitais.

"Eu acionei o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi negado o socorro por parte da pessoa que estava do outro lado, que se dizia ser médica. Então, eu coloquei a garota no fundo da caminhonete e socorri. Meu filho (irmão de Adriel) foi conduzindo o veículo", contou.

Ainda de acordo com o sargento, inicialmente, ele não foi junto, pois a mãe de Adriel passou mal e ele precisou ajudar a mulher, que foi encaminhada para o Hospital Aeroporto, enquando o filho levava a estudante para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã. Após socorrer a mulher, ele contou que foi para a unidade de saúde e explicou toda a situação: eu mesmo chamei os policiais e contei o ocorrido. 

"A partir daquele momento, eu pedi apoio da guarnição do batalhão onde trabalho. O pessoal chegou e nós fomos para a 12ª DT de Itapuã, fomos orientados a ir ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), narrei toda a situação, dei meu depoimento e depois retornamos para casa para fazer a perícia. Momento nenhum foi negado socorro por minha parte, momento nenhum apresentei a menina lá como indigente", explicou o sargento.

O pai de Adriel contou que o filho comprou a arma para se defender, pois os dois jovens moravam em localidades onde existe rivalidade de facções.

"Pegou o Fundo de Garantia para comprar essa arma para defender a situação deles [...] Houve ameaça de que iriam cortar o cabelo dela, então ele, por segurança, comprou essa arma para proteger ela e se proteger quando fosse levar ela lá (na casa)”, contou Alberilo Júnior. 

O homem negou que o homicídio tenha sido premeditado pelo filho. Ele relatou que o jovem fugiu com a roupa do corpo, sem nenhum documento e que ficou durante cinco meses sem dar notícias. De acordo com o sargento, durante esse tempo, o filho se manteve fazendo mudanças de caminhões e andando pelas estradas.

O sargento explicou que Adriel estava sendo ameaçado de morte e que ele mesmo estava sendo seguido. "Eu não tive acesso ao meu filho porque eles estavam me seguindo o tempo todo, achando que e tinha acesso ao menino para poder me pegar. Várias ameaças chegaram dizendo que iriam me sequestrar, que iriam me torturar para dar o meu filho".

Há cerca de dez dias, Adriel entrou em contato com os parentes avisando que queria se entregar. O pai afirmou que procurou o diretor do DHPP para acertar a apresentação do filho.

Mãe da vítima

Durante o programa Balanço Geral, a mãe de Andrezza, Lívia Tito, acompanhava a declaração do advogado de defesa e se mostrou indignada com a versão de legitima defesa apresentada pelo acusado. "Como é que ela sabia da arma? É tudo mentira! Como é que além de matar, querem denegrir a imagem da menina? Pelo amor de Deus! É mentira! Minha filha nunca ia pegar uma arma"! 

Lívia ainda afirmou que a defesa de Adriel mente ao dizer que a família do acusado deu socorro para a adolescente. "Quem reconheceu o corpo de minha filha na UPA foi o pai! E está lá no relatório: adolescente deu entrada como indigente, encontrada agonizando na rua! Como é que deu socorro? É revoltante!", desabafou a mãe da garota.

Crime

Andrezza foi baleada dentro da casa da família do ex-namorado em abril deste ano e, desde então, o jovem estava foragido. Adriel se apresentou na DHPP na tarde desta segunda-feira (25) acompanhado do pai e do advogado. 

Em depoimento a delegada Rosimar Malafaia, coordenadora da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), ele contou que ao sair do banho se deparou com a ex-namorada apontando a arma em sua direção. O acusado ainda relatou que teria tentado pegar o revólver calibre 38, que já estava engatilhado, da mão da estudante, quando houve o disparo. 

O acusado está no Complexo Policial da Baixa do Fiscal, onde ficará à disposição da Justiça até a conclusão do inquérito. Ao final da investigação, será definido se o tiro que matou Andrezza foi acidental ou não e a prisão preventiva de Adriel poderá ser decretada.

Matérias Relacionadas:

Advogado de jovem envolvido em morte de namorada alega legítima defesa

Jovem que matou namorada em Itapuã confessa crime, mas alega acidente

Caso Andreza Victória: familiares e amigos protestam por justiça em Itapuã

Filho de PM suspeito de matar ex em Itapuã segue foragido

Amigos e colegas de adolescente morta em Itapuã fazem manifestação

“Era um namoro estranho, que a gente não entendia”, diz amiga de jovem morta

Adolescente de 15 anos é brutalmente assassinada em Itapuã

Suspeito de matar adolescente em Itapuã já foi preso por tentativa de roubo

"Nós queremos justiça", desabafa tia de jovem morta em Itapuã

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp