Polícia

Ação que controla acesso de produtos na Lemos Brito gera tensão e temor de rebelião

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Concessão emergencial autorizada para um dia, em 2016, vinha sendo realizada até os dias atuais   |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 09/03/2018, às 10h13   Vinícius Ribeiro


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A tentativa de normatizar a entrada de produtos nas celas da Penitenciária Lemos Brito (PLB) vem gerando tensão no Complexo da Mata Escura, em Salvador. Anunciada pela Superintendência de Gestão Prisional na semana passada, a medida visa impedir o acesso de materiais levados pelos visitantes aos detentos.

A liberação de alimentos ocorreu em julho de 2016, por conta de uma medida emergencial que contrariava o Procedimento Operacional nº 4 (que regulamenta estes acessos ao presídio). Entretanto, o que era parar ser uma concessão isolada, transformou-se em frequência e, desde então, produtos alimentícios, de limpeza e higiene, entre outros, vêm chegando com facilidade aos presos dos quatro módulos da PLB. 

Segundo informações do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb), o superintendente de Gestão Prisional, major PM Júlio César Ferreira, informou que, a partir desta sexta-feira (9), não mais seria permitida a entrada de materiais externos. "Isso foi avisado na sexta (2) e no domingo (4), os dois dias de visita na PLB, só que a massa carcerária está insatisfeita. Por conta da insegurança gerada, após a determinação do superintendente, os agentes resolveram apenas adentrar o pátio com apoio de um grupamento especializado da PM (CIRP)", conta o presidente do Sinspeb, Reivon Pimentel, em conversa com o BNews

De acordo com o sindicalista, a superlotação (1.700 presos) e o baixo efetivo de agentes (15) causa temor de rebelião. O apoio da PM é realizado desde terça-feira (6), porém, segundo o Pimentel, a falta de expertise dos soldados pode desencadear reação dos detentos. "Quando ela (a PM) entra, já entra soltando gás lacrimogênio, bombas de efeito moral", descreve.

O vídeo abaixo registra o barulho das bombas utilizadas pelo grupamento policial. Assista:

Desde as primeiras horas desta manhã, equipes da PM apoiam os servidores na abertura das celas, mas conforme o sindicalista, há risco de motim.  "Nossa preocupação é com o final da tarde, com as visitas lá dentro, quando os presos se rebelam eles prendem os visitantes lá dentro", alerta, não descartando a possibilidade dos módulos ficarem abertos. 

"DEVER DO ESTADO" - O presidente do Sindicato explicou que a concessão de entrada dos produtos ocorreu no dia 15 de julho de 2016, por conta de um atraso de pagamento à empresa que fornecia alimentos para servidores e apenados. À época, o atraso de 8 meses fez com que a fornecedora reduzisse a alimentação em 30%. Desde então, os visitantes passaram a levar os produtos para os presos. "É dever do Estado, mas já que Estado não oferece, obriga os visitantes a levar", afirma.

"A Superintendência de Gestão Prisional, excecionalmente naquele dia, liberou a entrada de alimentos in natura, ou seja, charque, calabresa, frango, feijão, arroz, macarrão. Era excepcionalmente naquele dia", ressalta.

ACIDENTE - Nesta manhã, houve tumulto e um cão da Companhia e Resgate Prisional e de Operações com Cães (CIRP) mordeu um agente. Conforme informações do Sindspeb, o servidor foi medicado na Central Médica Penitenciária.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) ainda não se pronunciou.

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