“Para onde vou agora?”, essa foi a pergunta que Igor Henrique fez aos policiais federais que cumpriram nesta terça-feira (17) mandados de reintegração de posse no conjunto Residencial Dona Lindu, em Itinga, Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Igor, que mora em um apartamento invadido com mais nove pessoas, diz não entender o que aconteceu. “Acordei com policiais batendo em minha porta dizendo que eu tinha que tirar todos os móveis de dentro de casa. Não era um pedido era uma determinação”, disse o cobrador de transporte complementar.
A PF, que contou com o apoio de policiais militares do Batalhão de Choque, realizou a entrega dos mandados que determinam a desocupação dos apartamentos ocupados de forma ilegal por famílias não contempladas pelo Programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida.
O conjunto de 1.131 apartamentos do Alto do Picuáia, que foi entregue em agosto do ano passado, é destinado a famílias com renda de zero a três salários mínimos. Segundo a Prefeitura de Lauro de Freitas, os moradores não beneficiados pelo programa que ocupam os imóveis foram notificados de que estava sendo julgada uma ação de reintegração de posse. Eles teriam sido informados que poderiam ter que deixar os apartamentos a qualquer momento.
Ainda de acordo com a prefeitura, apesar da posse não ter sido imediata, todos os proprietários dos apartamentos já haviam sido selecionados pelo programa, mas quando houve a regularização dos imóveis, eles já estavam ocupados irregularmente.
As informações foram negadas pelos moradores, que confirmam a invasão, mas negam que tenham sido notificados ou informados sobre a reintegração. “Todos nós fomos pegos de surpresa. Estou aqui há mais de cinco meses e nunca o proprietário veio aqui reclamar de nada”, disse Marta Silva, que afirmou não ter para onde ir. “Vieram aqui hoje com esse número grande de policiais parecendo que somos bandidos. Só queremos o que nos é dado por direito na constituição que é a moradia. Não vou colocar os meus filhos em baixo de um viaduto”, reclama a desempregada. 
A prefeitura informou que ofereceu as famílias receberam o benefício do Bolsa Aluguel, que concede R$ 200 para ser utilizado no aluguel de outro imóvel. Cerca de 60 famílias aceitaram o valor e desocuparam os imóveis. Outras 220 famílias que continuara nos prédios, tiveram que deixar nesta terça (17).
Em comunicado a prefeitura afirma que vai disponibilizar o Bolsa Aluguel às famílias retiradas hoje dos imóveis, desde que estejam dentro do perfil do programa. Móveis e outros pertences estão sendo levadas para local indicado pela família ou para o Terminal Turístico de Portão.
Construído por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, o Residencial Dona Lindú foi inaugurado com festa, no dia 13 de agosto de 2012, em Lauro de Freitas, pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA) e pelo governador Jaques Wagner.
O condominío é destinado a famílias com renda de até três salários mínimos e beneficia mais de 5,5 mil pessoas. Dividido em três setores (A, B e C), o conjunto está inserido na malha urbana da sede do município na região metropolitana de Salvador e recebeu investimento na ordem de R$ 51,5 milhões.
O Setor A conta com 464 unidades habitacionais divididas em 16 blocos, o Setor B com 435 unidades distribuídas em 15 blocos e o Setor C com 232 unidades em 8 blocos. Cada unidade habitacional dispõe de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, totalizando 43,35 metros quadrados.
Foto: Roberto Viana // Bocão News
