Após perseguir jovem no trânsito, delegado-geral diz que “entre chorar a minha família ou a dela, que seja a dela”

Uma perseguição nas ruas de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, na noite de quarta-feira (16) ainda está rendendo pela região. Isso porque quem estava envolvido na situação é o delgado-geral daquele estado, Adriano Garcia Geraldo, que, em uma entrevista a uma emissora de televisão local, afirma que foi “fechado” no trânsito e ao buzinar, a motorista teria feito um gesto obsceno com a mão. 

Ao se identificar como policial e solicitado que a jovem parasse o veículo por meio de sinais luminosos e sonoros da viatura descaracterizada que ele conduzia, ela teria ignorado e fugido fazendo “manobras perigosas”, o que teria dado início a perseguição, que terminou com tiros quatro quadras depois.

A versão, porém, é contestada pela motorista, que alega que nem sequer foi ouvida na Delegacia em que foi registrada a confusão. Ainda segundo ela, o delegado nunca se identificou e ainda ameaçou quebrar o vidro do carro, caso ela não saísse do veículo, após ele ter dado os tiros.

Após conseguir “trancar” o carro da jovem em um estacionamento de uma padaria, o delegado afirma que a viu tentando manobrar o carro, o que teria feito ele atirar duas vezes contra os pneus do veículo. Na versão dada pela jovem, foi neste momento que ela ficou paralisada, em choque, e não conseguiu obedecer aos pedidos dele para ela saísse do veículo, afinal, para além disso, ele estava armado, batendo no vidro do carro e ameaçando.

Diferente do que Adriano disse a emissora de TV, que viu gestos obscenos, no boletim de ocorrência ele descreve que não sabia nem quantas pessoas estavam no veículo, já que o carro tinha Insulfilm, motivo pelo qual ele, inclusive, teria justificado a ação enérgica contra a motorista.

Na entrevista o delegado-geral chegou a dizer que “fez a coisa certa” e que “entre chorar a minha família ou a dela, que seja a dela”, se referindo aos tiros dados contra o veículo da jovem. Após ser levada a força para a delegacia e ser autuada como autora da situação, por um subalterno do delegado, a jovem procurou um advogado. 

Nesta quinta-feira (17), o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública do Mato Grosso do Sul, Carlos Videira, afirmou que tudo será analisado: “É um conjunto de circunstâncias que justificam a ação dela: à noite, a viatura não era caracterizada, é evidente que ela tomou um susto”, afirmou o secretário, após afirmar que uma GoPro instalada no veículo da motorista ajudará na elucidação do caso. Videira ainda pontuou que se ficar comprovado que existiu abuso de poder, uma sindicância será aberta.