Polícia

Funcionários em aeroportos de Portugal são corrompidos pelo PCC, diz polícia local

Pixabay
Portugal é considerado uma das principais portas de entrada de drogas da Europa  |   Bnews - Divulgação Pixabay
Bruno Guena

por Bruno Guena

[email protected]

Publicado em 25/04/2023, às 11h46


FacebookTwitterWhatsApp

A Polícia de Portugal enfrenta o esquema de aliciamento de funcionários de aeroportos, instalado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para atravessar o Atlântico com malas cheias de cocaína em voos internacionais. O país é considerado uma das principais portas de entrada de drogas da Europa.

O diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária de Portugal (Uncte), Artur Vaz, disse ao Metrópoles que tem trabalhado em apoio à Polícia Federal para combater o intercâmbio criminoso mantido pela facção paulista com traficantes de drogas europeus.

“A Europa está sendo inundada de cocaína da América Latina. Na Europa, (a droga) tem um valor elevado, então, é um mercado que é atrativo para os traficantes, que fazem muito dinheiro. E, de fato, ela chega muito por via aérea”, afirma Vaz.

Os inquéritos revelam que criminosos recebem dinheiro, eu euro, para aliciar funcionários dos aeroportos em Lisboa, capital de Portugal, e na cidade do Porto, as quais estão entre os principais destinos dos entorpecentes que saem da América Latina para a Europa.

A pesquisa da Uncte indica ainda que os colaboradores corrompidos mantêm contato apenas com seus aliciadores, para dificultar qualquer vazamento de informações que poderiam auxliar a polícia a chegar até o andar de cima da cadeia de comando do tráfico internacional.

“Essa situação nos preocupa. O que existe são funcionários corruptos nos aeroportos do Brasil e de Portugal. É certo que os funcionários daqui, normalmente por regra, não têm conhecimento de quem são as pessoas de dentro da rede, do grupo criminoso [que as contratam]. São funcionários que são recrutados para fazer aquele serviço em específico”, explica Vaz.

Pagamento

O aliciador recebe aproximadamente 5 mil euros (R$ 27 mil) por cada quilo de droga que passa pela fiscalização nos aeroportos de Portugal. Em média, 20 quilos de cocaína chegam por bagagem, rendendo apenas ao recrutador o correspondente a 100 mil euros (R$ 540 mil) por mala com a droga. Parte desse dinheiro é utilizado pelo aliciador para corromper os funcionários, geralmente os que recebem salários inferiores, da mesma maneira como acontece no Brasil.

Para controlar e combater a expansão do poderio das organizações criminosas, as polícias brasileira e portuguesa mantêm um pacto de cooperação. “Há grupos de policiais federais [brasileiros] em Lisboa, não só para investigar o tráfico de drogas, mas parte significativa deles se empenha para isso. Notamos muitos brasileiros vindo para Portugal e eles estão envolvidos com o tráfico de drogas”, afirma o diretor.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp