Justiça

Quase seis anos após matar enteado, segurança continua solto e trabalhando na AL-BA

Arquivo pessoal
Clayton Conceição Suzart tentou defender a mãe e a irmã das agressões do padrasto e foi morto com três tiros   |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 27/07/2018, às 16h05   Shizue Miyazono


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No dia 19 de agosto de 2012, Jozelinda de Souza Conceição viu sua vida se transformar ao perder o filho, Clayton Conceição Suzart, após ser baleado pelo padrasto, Edmilson Tenório dos Santos. Após quase seis anos, o segurança da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) continua solto e levando a vida normalmente. "Nunca pegou cadeia, está em liberdade, fazendo o que quer e rindo da minha cara. Está livre".

Ao BNews, a mulher demonstrou sua indignação ao saber que, depois de tantos anos de espera, o júri popular que estava marcado para o dia 3 de agosto foi adiado a pedido da defesa. Ela contou que, mesmo marcado há seis meses, o advogado da defesa alegou que tinha uma palestra para participar, na qual será homenageado, no mesmo dia em que seria o julgamento, em Valença: "Já estou desacreditada em tudo". Jozelinda agora aguarda que uma nova data seja marcada e espera que a justiça seja feita. 

"Por mais que ele recorra, mas a justiça sendo feita e ele sendo condenado, pelo menos eu vou ter paz no meu coração, eu vou viver a minha vida, eu vou poder virar essa página", desabafou.

Suspeito continua trabalhando na AL-BA

Além da dor de perder o filho e o suspeito continuar solto, a mulher vive com a apreensão de esbarrar com o ex-companheiro a qualquer momento no trabalho. Mesmo após virar réu pela morte do enteado, Edmílson continua trabalhando na AL-BA.

"A Casa deu a ele o direito de trabalhar no turno da tarde, ele só pode entrar quando eu saio, a partir das 14h. Mas, geralmente, ele não cumpria, chegava mais cedo. Eu tive que acionar a Casa de novo para ele não chegar antes do horário porque ele ficava rindo da minha cara, com ar de riso, eu estava no restaurante e ele entrava. Eu peguei a medida protetiva, levei à direção da Casa e eles me apoiaram. Desse dia pra cá, ele parou de aparecer".

A AL-BA afirmou que todas as medidas foram adotadas à época cumprindo as decisões judiciais e que Edmílson é funcionário efetivo da Casa, responde em liberdade e aguarda o julgamento em definitivo. Na época do crime, ele foi afastado, recorreu e retornou ao trabalho. A AL-BA explicou, também, que Jozelinda e o ex-companheiro foram colocados em turnos distintos para atender à determinação judicial.

Briga para defender mãe e irmã

A noite do crime ainda está muito viva na memória de Jozelinda. A mulher não consegue esquecer ou perdoar a perde do filho em uma briga dentro de casa, em Pau da Lima, na capital baiana. Edmílson estava agredindo a filha do casal, adolescente na época, quando ela tentou interferir e também foi agredida. 

Clayton chegou e presenciou as agressões e começou a discutir com padrasto. "Meu filho não brigou com ele, só disse 'bata em mim, bata em mim que eu sou homem, eu consigo apanhar, não bata em minha mãe'".

"Eu não quero vingança, eu quero justiça, quero que a justiça seja feita, que ele pague porque ele foi frio, calculista. Ele subiu, carregou o revólver e disparou no meu filho. Eu pedindo: 'não tire a vida do meu filho' e ele tirou como se tirasse a vida de um animal. Até o momento de hoje ele não demonstrou um sinal de arrependimento do que ele fez", desabafou Jozelinda.

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