Polícia

Menstruada, mulher é acusada de esconder celular nas partes íntimas ao visitar detento

Nesc (Núcleo Especializado de Situação Carcerária)
Caso aconteceu na cidade de Mauá, interior de São Paulo, durante período de visitas de um detento  |   Bnews - Divulgação Nesc (Núcleo Especializado de Situação Carcerária)

Publicado em 06/03/2023, às 07h43   Cadastrado por Bernardo Rego


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Uma mulher acabou humilhada ao visitar o companheiro no Centro de Detenção Provisória (CPD), em Mauá, interior de São Paulo. Ela foi acusada de esconder um celular dentro do órgão genital e precisou tirar a roupa e o absorvente para provar que estava menstruada, mesmo depois de passar pelo scanner e detector de metais da unidade prisional. 

Isso porque ela foi encaminhada para uma sala, onde precisou tirar as roupas em frente a uma funcionária e mostrar o absorvente que usava, antes de passar pelo scanner pela terceira vez. Conforme relato da vítima à Defensoria Pública do Estado de São Paulo, um homem afirmou que as imagens "mostravam outra coisa" e ofereceu duas opções: ela seria suspensa das visitas ou teria de passar por exame.

Diante da desconfiança dos agentes, a mulher foi levada para um pronto-socorro, em que ela descreve que "o vexame foi ainda maior", quando foi escoltada por policiais, que relataram "a suspeita como se fosse verdade" na recepção. A vítima foi então submetida a tomografia e exames com um clínico geral, que esclarecer haver apenas "um inchaço devido ao fluxo menstrual". "Não tem nada?", questionou a agente penitenciária. "Nenhuma doença?", perguntou "em tom de desprezo" ao receber a explicação do médico de que a mulher estaria com "útero limpo".

Segundo informações divulgadas pelo portal Uol, com base na denúncia, ao retornar para unidade prisional, a mulher teria sido orientada a dizer ao companheiro que foi ela quem pediu para ir ao hospital. "Após a visita, a vítima não aguentou tamanha humilhação e caiu em prantos. Em nenhum momento lhe pediram desculpas", diz trecho da denúncia. 

Conforme dados da Defensoria, o  CPD de Mauá, recebeu 36 denúncias de visitantes, entre 2019 e 2022, mas o número pode ser ainda maior. "O número de denúncias não reflete a realidade. Muitas mulheres se sentem desestimuladas a denunciar, para evitar eventuais problemas com a unidade prisional, o que poderia levar ao impedimento da visita e represálias", pontuou a defensora Camila Galvão Tourinho, coordenadora do Núcleo de Situação Carcerária.

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), uma "apuração está em andamento para verificar os fatos relatados". Ainda segundo a pasta, do governo de SP se pauta "pelo respeito à dignidade no tratamento das pessoas presas e de seus familiares".

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