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Perigo! Conheça a droga que mais mata nos EUA e que baianos têm consumido sem saber

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Neste mês, equipes do Draco apreenderam cerca de 60 ampolas do analgésico em um laboratório de droga na RMS  |   Bnews - Divulgação Divulgação PF
Letícia Rastelly

por Letícia Rastelly

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Publicado em 07/03/2023, às 05h30


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Tem uma nova droga sendo consumida por alguns baianos, mas eles não sabem disso. Acontece que a fabricação de entorpecentes sintéticos e semissintéticos, a exemplo da cocaína, LSD e ecstasy, é uma verdadeira “caixinha de surpresas” que pode ter diversas variáveis, que sempre são desconhecidas pelos usuários e até mesmo por aquele que está vendendo.

A bola da vez para economizar na qualidade do produto, mas oferecer o mesmo nível de “onda”, é acrescentar à mistura da cocaína o fentanil; opioide responsável pela maioria das mortes por overdose nos Estados Unidos, chegando a mais de 100 mil pessoas, somente em 2021.

No dia 1º deste mês Equipes do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) apreenderam cerca de 60 ampolas de fentanil em um laboratório de entorpecentes, que funcionava em uma casa de luxo, na praia de Barra de Jacuípe, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Fentanil

Esse opioide é um fármaco legalizado no Brasil para atuação exclusiva em unidades hospitalares, onde é usado como analgésico e sedativo, em casos de cirurgias cardíacas, neurológicas e ortopédicas. Entretanto, assim como tantas outras substâncias, teve sua finalidade desviada para uso recreativo.

Com uma potência de 50 a 100 vezes maior que a morfina, segundo o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, o fentanil tem uma capacidade absurda de provocar o vício no usuário, mas, principalmente a overdose, que acontece instantes após o seu consumo, normalmente com uma parada respiratória.

Para o usuário, o grande problema é não ter noção do que existe dentro dessas drogas manipuladas, já que não é perceptível ao consumidor a diferença, por exemplo, entre uma cocaína ‘pura’ e uma batizada. Além disso, outro grande problema é a quantidade das substâncias que são usadas nesse entorpecente, afinal, no caso do fentanil, uma única ampola, de duas ml,  pode ser transformada em 10 mil microsselos, de uso sublingual. Ou seja, se uma única gota cair em uma determinada quantidade de entorpecente, estamos falando de um único uso e fatal.

Nos EUA, muitos compram um tipo de droga, mas a recebem com fentanil em sua composição e, sem ter noção, acabam consumindo até em grandes quantidades o entorpecente em questão, como de costume, mas têm um final inesperado: a morte, quase que instantânea.

Bahia

Segundo Alexandre Galvão, delegado da Coordenação de Narcóticos do Draco, essa tem sido a nova estratégia utilizada pelos traficantes da região para lucrar.  Cada ‘pino’ de cocaína custa, em média, R$ 50 e, com essa nova ‘mistura’, o tráfico tem encontrado um novo mercado nas ruas baianas, vendendo “cocaína batizada”.

fentanil

“Eles contratam o chamado “químico”, uma pessoa que tem conhecimento em farmacologia ou química para manusear o fentanil e conseguir transformar, por exemplo, um quilo de uma cocaína ‘de qualidade’ em cinco quilos de um produto absurdamente diluído com fermento ou bicarbonato, mas que somado ao uso do opioide em questão consegue garantir que o usuário de droga não perceba que se trata de um produto de qualidade muito inferior”, explica Galvão.

Desse modo, os traficantes conseguem ‘investir” R$ 35 mil e faturar a partir de R$ 150 mil. Se trata de uma ação diretamente ligada aos comandos das facções criminosas e àqueles que atuam nos laboratórios, sendo, portanto, uma atuação desconhecida para àquele traficante “da ponta”, que passa o entorpecente ao usuário. Este, na maioria das vezes, sabe apenas da dissolvição e acondicionamento do entorpecente.

Investigação

Por ser um opiode regulamentado, o fentanil chega ao Brasil de modo legal, por isso a polícia investiga os casos de apreensão desse material como oriundos de um desvio, que pode ocorrer tanto no laboratório, quanto nas unidades de saúde hospitalar.

Galvão ressalta que o fentanil é uma das medicações mais importantes segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “porque sendo usado de forma adequada é extremamente seguro, de baixíssimo risco de acidentes em cirurgias”, o que explica a necessidade de comercialização do produto para o fim ao qual ele foi criado.

Classificação Indicativa: Livre

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