Polícia

Entre mortos e feridos, Salvador registra 113 assaltos a ônibus em outubro

Publicado em 29/10/2016, às 07h01   Tiago Di Araujo


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Na noite desta quinta-feira (27), a violência que assola Salvador e assusta cada dia mais a população soteropolitana mostrou mais uma vez sua cara dentro dos coletivos de transporte público da capital baiana. Durante um assalto a ônibus na BR-324, próximo à Brasilgás, duas pessoas morreram, entre elas, um sargento aposentado do Batalhão de Guarda da Polícia Militar. Na última terça (25), em outra tentativa de assalto, também nas proximidades da BR, no Retiro, uma passageira foi baleada e um dos suspeitos acabou morto.
As tragédia chama atenção para dados alarmantes quando se trata da segurança dentro dos coletivos. De acordo com o levantamento realizado pela reportagem do Bocão News, com base nos dados apresentados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), somente no mês de outubro, até o dia 27, já foram registrados 113 assaltos a ônibus em Salvador. 
O número é maior do que o registrado no mês de setembro completo, que teve 96 ocorrências registradas, e ainda mais se os dados forem confrontados com os registrados no mês de agosto, que teve 73 assaltos.  Segundo a análise, os crimes acontecem em diferentes bairros da capital baiana, tendo os maiores índices registrados ao longo da Avenida Suburbana, da Avenida Paralela, da BR-324 e nas proximidades do bairro de São Cristóvão. 
Vale ressaltar que os números apresentados pela SSP-BA são referentes aos assaltos registrados na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), que se torna obrigatório por parte dos motoristas e cobradores quando causa danos à empresa. Segundo diversos rodoviários ouvidos pela reportagem, em muitos casos, em que apenas passageiros são lesados, as ocorrências não são registradas.
Mas, a violência nos ônibus, que transforma um simples trajeto em momentos de pânico para os trabalhadores, sejam eles passageiros ou motoristas e cobradores, vai além dos assaltos. Os coletivos têm se transformado em "ferramentas" para diferentes tipos de protestos. Na última segunda-feira (24), um veículo foi incendiado no final de linha do bairro de Águas Claras e as ameaças, também no bairro de Valéria, fizeram com que o serviço de transporte nas regiões fosse afetado. 
Em contato com o Bocão News, o diretor de Comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota, afirmou que vê com muita preocupação a situação enfrentada pelos trabalhadores no dia-a-dia. "Vemos com muita preocupação, com muito cuidado, fica parecendo que estamos na faixa de Gaza. Estamos preocupados com isso. São vidas que estão sendo ceifadas dentro dos ônibus". 
Segundo ele, foi criado um comitê, envolvendo as polícias Civil e Militar, a Secretaria de Segurança, o Ministério Público, o Setps e outros órgãos para ouvir os trabalhadores. "Semanalmente vamos colocando os problemas de cada dia. Nós apostamos nesse comitê, mas buscamos primeiramente preservar vidas". 
Quem também procurou a reportagem, para externar a insatisfação com a falta de segurança no transporte público, foram os representantes da Associação dos Funcionários do Grupo Gevan (Asfungg), que se dizem assustados com a situação. "Nos sentimos na obrigação de prestar o nosso serviço com qualidade, para sociedade, mas não temos segurança. Nós, trabalhadores, podemos dizer que a situação é catastrófica. Os órgãos públicos precisam se atentar para segurança nos ônibus, porque vidas estão em jogo, as vidas dos passageiros e as vidas dos trabalhadores", declarou José Francisco. 
Ainda de acordo com o diretor da associação, a falta de segurança precisa ser acompanhada. "Quando acontece alguma tragédia, somos notícia e aí é mostrado para todos que não temos segurança. Mas, isso acontece no dia-a-dia. Todos os dias somos assaltados, todos os dias estamos na mira de uma arma, todos os dias estamos correndo risco de vida. Então, é preciso não esperar que aconteça uma tragédia para se preocupar com a situação que os rodoviários e passageiros enfrentam diariamente", enfatizou. 
No geral, ambos os representantes, tanto o Sindicato quanto a Associação, se queixam da falta de utilidade das câmeras de monitoramento dentro dos ônibus. Recentemente, Mota criticou. "As câmeras monitoram, mas na maioria das vezes essas câmeras monitoram só o profissional do volante, monitora só o cobrador", disse. O que foi reforçado por Francisco. "Podem ser melhor utilizadas e não só para ver se paramos no ponto corretamente, se abrimos a porta em local proibido. Pode ter muito mais utilidade e coibir os assaltantes", desabafa. 
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Matéria originalmente publicada às 10h do dia 28 de outubro

Classificação Indicativa: 18 anos

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