Polícia

“Quando a gente viu a viatura, já estavam atirando”, declara cantora de banda de forró baleada em ação da PM em Irecê

Reprodução (Instagram)
Caso aconteceu na madrugada desta sexta (5); uma dançarina morreu na ação  |   Bnews - Divulgação Reprodução (Instagram)

Publicado em 05/07/2019, às 17h10   Redação BNews


FacebookTwitterWhatsApp

Joelma Reis, vocalista, e Eliedelson Possidônio, sanfoneiro da banda Sala de Reboco, desmentiram a versão da Polícia Militar, nesta sexta-feira (5), sobre a ação que terminou com a morte da dançarina Gabriela Moura, em Irecê, nesta madrugada.

O grupo estava no veículo Toyota SW4, de cor preta, saindo da cidade de Lapão, no sentido Irecê, quando foi surpreendido com tiros por guarnições da PM. Além de Joelma, Elidelson e Gabriela, Suelen Sodré, a outra dançarina, também foi baleada na ação. O motorista do carro, Cláudio Pereira, não foi atingido.

A polícia informou que por volta de 0h30, o condutor de um veículo Toyota SW4, de cor preta, ocupado pelos músicos, não atendeu a ordem de parada da PM e tentou fugir. Em seguida, equipes militares da Rondesp e Ceto tentaram interceptar o carro. "A guarnição efetuou disparos de arma de fogo para fazer parar o veículo e atingiram os passageiros".  

No entanto, a vocalista e o sanfoneiro relataram que não houve ordem de parada. “Um carro começou a nos seguir, apagado, só com os faróis [acesos]. A gente pensou que eram bandidos correndo atrás da gente e ficamos com receio, de fazer mal com as meninas, assaltar, levar nossos pertences. Quando chegamos na avenida principal, próximo a pousada Irecê, na frente do ‘Esquinão’ eles já chegaram atirando. Eles fecharam um cerco. Eles não deram ordem de parada, como estão dizendo aí. Não somos bandidos. Somos trabalhadores”, narrou Eliedelson.

“Não tinha nada ligado, não ligaram sirene. A luz, inclusive, estava baixa, nem alta estava. Porque quando alguém comete uma infração, acho que automaticamente tem que acionar, chamar atenção de alguma forma. Nesse momento não. A gente se assustou justamente pelo fato de que a gente não sabia que era polícia. Se a gente soubesse a gente não ia se assustar. A gente não deve nada. A gente é artista, não é vagabundo. Na maneira daquela abordagem ali, quando a gente encostou, não teve tempo nem de abrir os vidros, quando a gente viu a viatura, já estavam atirando na gente. A gente passou um sufoco. E eu disse: meu Deus, eu não acredito que estou passando por isso”, desabafou Joelma Reis.

A vocalista da Sala de Reboco foi atingida no glúteo esquerdo e no braço, de raspão. O sanfoneiro teve uma fratura exposta na perna. Eles foram socorridos para o Hospital Regional de Irecê. Gabriela também foi socorrida, mas morreu na sala de cirurgia.  

Joelma contou que chegou a sair do carro, na tentativa de coibir os tiros dos policiais. “Eu gritei, levantando as mãos para eles pararem, que a gente era artista, não era vagabundo. ‘Parem com isso pelo amor de Deus!’, mas já tinham feito a m** toda”.

Ela descreveu ainda que, durante a ação, Gabriela havia descido do carro, informando que estava baleada, com a mão na barriga e sentindo dor. “O sanfoneiro conseguiu descer, disse que não estava sentindo a perna e caiu. Ele pediu para segurar a mão dele, enquanto eles ligavam pra chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência].

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o Comando de Policiamento Regional da Chapada (CPR) instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) que vai apurar as circunstâncias da ocorrência. Disse ainda, conforme informações da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/ Rondesp Chapada, que o carro da banda seguia na contramão.

Disse que o carro furou dois bloqueios feitos pela polícia e que foram encontradas garrafas de bebidas alcoólicas no interior do automóvel. A Polícia Civil também informou que vai apurar o caso.

A cantora da banda lamentou a perda de Gabriela: Infelizmente a gente perdeu a nossa amiga Gabi, uma menina de 25 anos. A gente vai voltar sem ela, a família esperando... veio trabalhar pra ganhar esse dinheiro. É triste, até porque não tinha condições de demonstrar nenhum perigo.

“A gente foi comer uma galinha caipira, conhecer um pessoal lá em Lapão para se despedir, era uma confraternização para a gente viajar em paz para Fortaleza, mas foi uma fatalidade, foi uma noite de pesadelo, eu não sei como vai ser daqui para frente. Não sei como conduzir a situação. Peço a Deus que conforte o coração da família de Gabi, de toda a família ‘Sala de Reboco’ e dos nossos patrões. A dor é grande”, finalizou Joelma.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp